Policiais civis da Delegacia de Combate às Organizações Criminosas e à Lavagem de Dinheiro (DCOC-LD) fazem, nesta terça-feira, a segunda fase da operação Rota Rio, para desarticular uma das principais organizações criminosas atuantes no tráfico ilícito de drogas e na lavagem de capitais. Além do Rio, onde estão no Complexo da Maré, a operação ocorre nos estados do Amazonas, Paraná, Santa Catarina e São Paulo, onde há o apoio das polícias civis locais. Devido à concentração de alvos no Norte do país, uma equipe da delegacia especializada do Rio foi deslocada para Manaus.
Ao todo, são cumpridos 26 mandados de prisão. Também está previsto o bloqueio de bens e valores relacionados aos investigados, como medida para enfraquecer financeiramente o grupo.
A ação ocorre após extensas investigações que analisaram transações que se estenderam de 2017 a 2022, e revelaram uma estrutura criminosa complexa, caracterizada por uma divisão sofisticada de tarefas para a lavagem de dinheiro proveniente do tráfico de drogas. O esquema criminoso envolvia depósitos bancários em contas de pessoas jurídicas, localizadas principalmente em regiões de fronteira do Amazonas, com o objetivo de ocultar a origem ilícita dos valores.
Condomínio irregular investigado
Na última quarta-feira, um condomínio irregular de 41 prédios, 300 apartamentos e 40 lojas foi alvo da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE). A suspeita é que o conjunto foi construído irregularmente com dinheiro do tráfico, para lavar a verba do Comando Vermelho, na Favela Parque União, na Zona Norte do Rio.
O empreendimento, chamado Novo Horizonte, conta, além das habitações, com lojas, bares, uma fábrica de bolo e um espaço comunitário para eventos. O aluguel mensal dos imóveis residenciais, que gira em torno de R$ 1,2 mil, era habitualmente quitado em dinheiro. Alguns podiam ser comprados, com preços variando entre R$ 45 mil e R$ 80 mil, dependendo do número de quartos, segundo a polícia.
O tráfico na comunidade é comando por Jorge Luís Moura Barbosa, o Alvarenga, que integra a facção criminosa e tem em seu nome nove mandados de prisão expedidos pela Justiça. Durante a operação da última semana, um dos oito mandados de busca e apreensão foi cumprido pelos policiais da DRE na Associação de Moradores do Parque União. A especializada investiga uma suposta ligação da associação com o negócio imobiliário irregular.
Segundo a polícia, nenhum responsável técnico assina pelo empreendimento, formado por prédios de até cinco andares, sendo o primeiro destinado a lojas. Na visita, os policiais encontraram uma de material de construção em funcionamento, responsável pelo abastecimento das obras feitas no local. As investigações revelaram que o condomínio começou a ser construído em 2017, mas só este ano a delegacia tomou conhecimento.
Com informações do GLOBO.