Operador da Al-Qaeda é investigado por esquema de lavagem do Comando Vermelho

Segundo as autoridades, a lavagem de dinheiro, que ultrapassa R$ 250 milhões, tem origem no tráfico de drogas | Foto: Divulgação/Governo do estado

O esquema criminoso da cúpula do Comando Vermelho, alvo de operação da Polícia Civil nesta terça-feira (3), envolve um homem procurado pelo Federal Bureau of Investigation (FBI), acusado de atuar como operador financeiro de recursos para o grupo terrorista Al-Qaeda. Segundo as autoridades, a lavagem de dinheiro, que ultrapassa R$ 250 milhões, tem origem no tráfico de drogas e na compra de armamentos de uso restrito.

O acusado foi identificado como um dos remetentes nas transações financeiras analisadas. Ele é apontado pela Polícia Civil por seu “histórico relevante no sistema financeiro informal” vinculado ao Comando Vermelho e está na lista de procurados pelo FBI, suspeito de integrar a organização terrorista fundada por Osama bin Laden nos anos 1980 e responsável pelos atentados de 11 de setembro de 2001, nos Estados Unidos.

Mandados de busca e apreensão

Nesta terça-feira, os agentes cumprem mandados de busca e apreensão nos estados do Rio e de São Paulo. Entre os outros alvos estão Viviane Noronha, mulher do cantor MC Poze do Rodo, e o segurança pessoal do traficante Edgar Alves de Andrade, conhecido como “Doca”, chefe da facção no Complexo do Alemão.

A operação também inclui ordens de bloqueio e indisponibilidade de bens e valores em 35 contas bancárias. Segundo a Polícia Civil, o esquema utilizava pessoas físicas e empresas de fachada para disfarçar a origem ilícita do dinheiro, promovendo o reinvestimento em armas, drogas e na expansão do domínio territorial da facção em diversas favelas.

“Ficou comprovado que o sofisticado esquema de lavagem de dinheiro da facção envolve empresas de eventos, cantores que realizam bailes em favelas e até a esposa de um desses MCs. Chamou atenção, durante a apuração, que uma das empresas de eventos investigadas tem relação direta com um indivíduo procurado pelo governo dos Estados Unidos por ligação com o grupo terrorista Al-Qaeda, o que demonstra o estreito vínculo entre a facção, influenciadores e pessoas que organizam eventos e instigam a narcocultura em favelas exploradas pela facção”, afirmou o delegado Felipe Curi, secretário da Polícia Civil.

Sobre o esquema

O líder do esquema era Philip Gregório da Silva, conhecido como “Professor”, responsável por eventos como o “Baile da Escolinha”, que funcionava como ferramenta de dominação cultural e de arrecadação para o tráfico.

“Professor” foi morto no domingo (1º), mas, segundo a Polícia Civil, a operação prossegue devido à importância dele na estrutura criminosa, tanto na consolidação da cultura do tráfico quanto na criação de empresas para conferir aparência de legalidade ao dinheiro ilícito.

Mulher de MC Poze é investigada

De acordo com as investigações, a influenciadora digital Viviane Noronha e sua empresa seriam beneficiárias diretas de recursos da facção, recebidos por meio de “laranjas” ligados ao “Professor”. Análises financeiras apontam que valores provenientes do tráfico e da lavagem de dinheiro foram direcionados para contas vinculadas a Viviane, que passou a ser um dos focos centrais do inquérito.

Para a Polícia Civil, a posição de Viviane na estrutura criminosa tem um peso simbólico, pois representa o elo entre o tráfico e o universo digital, conferindo aparente legalidade aos recursos ilícitos e ajudando a disseminar a narcocultura nas redes sociais.

A polícia esclareceu que essa operação não tem relação com o processo que levou MC Poze à prisão na semana passada. O cantor foi preso na quinta-feira (29) por apologia ao crime e associação ao tráfico de drogas, mas a Justiça determinou sua soltura nesta segunda-feira (2). No entanto, até o momento, o artista continua preso em Bangu 3, no Complexo de Gericinó.

Restaurante em frente ao local do ‘Baile da Escolinha’

As investigações também revelaram que um restaurante, localizado estrategicamente em frente ao “Baile da Escolinha”, funcionava como ponto de lavagem de dinheiro, movimentando recursos do tráfico sob a fachada de atividade legal. O local servia como polo logístico e símbolo de poder da facção, conectando a vida noturna da favela à engrenagem financeira do Comando Vermelho.

Produtora também é alvo da operação

Outra empresa citada pela Polícia é uma produtora de eventos, identificada como operadora de lavagem de dinheiro e responsável por organizar bailes funk ligados à facção. Esses eventos, segundo a Polícia Civil, eram usados tanto como pontos de venda de drogas quanto como ferramenta de difusão da narcocultura.

As investigações mostram que tanto o responsável pela produtora quanto a própria empresa receberam valores de operadores do Comando Vermelho, por meio de pessoas físicas e jurídicas interpostas, com o objetivo de ocultar a origem criminosa dos lucros do tráfico.

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