No início deste mês, o Ministério da Saúde anunciou que a vacina contra o HPV — abreviação em inglês para papilomavírus humano — passa a ser aplicada em dose única no Sistema Único de Saúde (SUS). O combate ao vírus é importante na luta pela redução dos casos de câncer de colo do útero, no qual é associada a mais de 90% dos diagnósticos. A dose única já é oferecida no Rio de Janeiro.
A recomendação da mudança é direcionada para crianças e adolescentes de 9 a 14 anos. O público restante, que também pode receber a vacina da rede pública, Imunossuprimidos e vítimas de violência sexual, continuarão com o esquema anterior, com duas ou três doses.
O que é HPV?
O HPV (sigla em inglês para Papilomavírus Humano) é responsável pela Infecção Sexualmente Transmissível (IST) mais frequente no mundo. Está associado ao desenvolvimento da quase totalidade dos cânceres de colo de útero, bem como a diversos outros tumores em homens e mulheres. Além disso, provoca verrugas anogenitais (região genital e no ânus) e câncer, a depender do tipo de vírus.
Por que houve a mudança da vacinação do HPV para dose única?
Estudos realizados mostram evidências de que uma dose da vacina HPV, pode fornecer proteção igual a duas ou três doses (a depender da idade), em áreas com altas coberturas vacinais. A mudança é defendida pelas organizações Mundial e Pan-Americana da Saúde com a aplicação da vacina HPV quadrivalente.
Quais as vantagens da dose única do imunizante?
Segundo a OMS, a adoção para a faixa etária de 9 a 20 anos de idade tem como vantagens:
- maior adesão à vacinação,
- aumento da cobertura vacinal e oportunidade para a inclusão de outros públicos prioritários,
- melhor logística e facilitação da introdução da vacina HPV em programas de imunizações nos países de média e baixa renda,
- aceleração da eliminação do câncer de colo do útero.
Crianças e adolescentes que receberam a primeira dose precisam se vacinar novamente?
A orientação é que a vacinação seja em dose única para todas as pessoas dentro dessa faixa etária (meninos e meninas de 9 a 14 anos), quem tomou pelo menos a primeira dose, já está imunizado contra o HPV.
Adultos também podem se vacinar contra o HPV?
A vacina é oferecida pelo SUS até os 45 anos Para esta faixa etária, no entanto, são recomendados os esquemas vacinais com duas ou três doses. São os casos:
- vítimas de abuso sexual (homens e mulheres) que não tenham tomado a vacina
- mulheres e homens que vivem com HIV
- mulheres e homens transplantados de órgãos sólidos
- mulheres e homens transplantados de medula óssea
- pacientes oncológicos
- pessoas portadoras de papilomatose respiratória recorrente (PPR)
A vacina previne de todos os tipos de HIV?
A vacina não previne infecções por todos os tipos de HPV, mas é dirigida para os tipos mais frequentes: 6, 11, 16 e 18.
Qual é a eficácia da vacina contra o câncer de colo do útero?
De acordo com estudos, a vacinação pode reduzir em até 87% as taxas de câncer de colo do útero.
Há exame preventivo para o câncer de colo do útero?
O Papanicolau é o exame ginecológico preventivo mais comum para identificar de lesões precursoras do câncer do colo do útero. Esse exame ajuda a detectar células anormais no revestimento do colo, que podem ser tratadas antes de se tornarem câncer. O exame não é capaz de diagnosticar a presença do vírus, e é empregado para detectar o câncer de colo do útero e suas lesões precursoras no estágio inicial, fundamental para o tratamento.
Quais os números da doença?
Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), 17 mil novos casos de câncer de colo do útero são diagnosticados por ano no país, com 7 mil óbitos anuais.
Como os homens devem fazer o acompanhamento de sua saúde?
Para os homens é recomendado ir ao urologista pelo menos uma vez ao ano para realizar exames clínicos.
Quais são os principais sintomas de HPV?
Os principais sintomas de infecção pelo HPV são:
- O aparecimento de verrugas na região genital (pênis ou vagina) e no ânus, conhecidas popularmente como “crista de galo”, “figueira” ou “cavalo de crista”.
- Podem ser únicas ou múltiplas, de tamanhos achatadas ou elevadas e sólidas.
- Em geral, são assintomáticas, mas podem causar coceira no local.
- Esse tipo, geralmente, não são causador de cânceres.
- Existem ainda lesões que são subclínicas (não visíveis ao olho nu) que podem também ser encontradas na região genital e ser desenvolvidas por tipos de HPV de baixo e alto risco para desenvolver câncer.
- É importante alertar que para um diagnóstico preciso é necessário a realização de exames clínicos e laboratoriais.
- Consultas médicas regulares podem auxiliar no diagnóstico precoce.
Quanto tempo demora para aparecerem os sintomas?
Não há um período específico. As primeiras manifestações da infecção podem surgir entre 2 a 8 meses, aproximadamente, como pode demorar até 20 anos para aparecer algum sinal (visível a olho nu), ou apresentar manifestações subclínicas. A imunidade baixa pode desencadear a multiplicação do HPV e, consequentemente, provocar o aparecimento de lesões. A maioria das infecções (sobretudo em adolescentes) tem resolução espontânea, pelo próprio organismo, em um período aproximado de até 24 meses.
Há casos sem sintomas?
Sim. A infecção pelo HPV não apresenta sintomas na maioria das pessoas.
Como é o tratamento para quem adquiriu HPV?
O tratamento deve ser individualizado, considerando as características das lesões, assim, escolhendo a melhor forma de ação. Pode ser realizado de forma química, cirúrgica ou com estimuladores da imunidade. O tratamento pode ser domiciliar, a partir da autoaplicação de medicamentos específicos, ou ambulatorial.
O que deve ser feito se aparecerem novas lesões?
As pessoas infectadas e suas parcerias devem retornar ao atendimento médico, caso identifique novas lesões.
Há outras formas de prevenção do HPV além da vacina?
O uso de preservativo (camisinha) nas relações sexuais é uma importante forma de prevenção. Contudo, o seu uso, apesar de prevenir a maioria das IST, não impede totalmente a infecção pelo HPV, pois muitas vezes as lesões estão presentes em áreas não protegidas pela camisinha (vulva, região pubiana, períneo ou bolsa escrotal). A camisinha feminina, que cobre também a vulva, é mais eficaz para evitar a infecção, se utilizada desde o início da relação sexual.
As informações são da Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (SES-RJ) e do Ministério da Saúde do Brasil.