
Um canto de esperança
dezembro 22, 2017 /
O canto emociona e leva à reflexão e, a cada apresentação do Coral Superação, mais um passo é dado rumo a dias melhores. Na manhã desta quinta-feira (21), o grupo vocal, formado por pacientes que sofreram algum tipo de sequela vocal causada por um AVC (Acidente Vascular Cerebral), realizou uma apresentação especial de natal no Centro Especializado de Hipertensão e Diabetes, em Queimados, na Baixada Fluminense, local onde fazem tratamentos para a recuperação. A exibição arrancou lágrimas de emoção e sorrisos de felicidade dos espectadores.
A apresentação, que contou com outros pacientes, funcionários e familiares na plateia, começou com a música “Um Novo tempo”, de Cecília Dalle, e chegou ao auge no refrão “Hoje a festa é sua, hoje a festa é nossa”. Cerca de 30 pessoas fazem parte do coral e realizam tratamento fonoaudiológico para, basicamente, corrigir as disfunções de expressão, compreensão e articulação da linguagem. No repertório também estava outros grandes sucessos da Música Popular Brasileira. No fim, muitos aplausos e sentimento de mais uma etapa vencida.

Foto: Divulgação
Um grande exemplo de superação é a senhora Maria Helena Ferreira, de 49 anos. Ela é uma das integrantes do Coral e sofreu de um AVC há apenas 6 meses, e, mesmo não tendo sequelas de extrema gravidade, a doença lhe causou paralisia facial, que a deixou com dificuldades na fala e na cognição. Professora há 26 anos, ela se sente mais solta desde que iniciou o tratamento, e explica que participar do coral é uma motivação. “Aqui a gente convive com pessoas de todos os jeitos, iguais, melhores ou piores que a gente, mas todas se identificam. Conheci muitas pessoas boas aqui, e com isso espero nunca mais ter um problema como esse”, declarou.
Já Lindalva Soares, de 67 anos, só de falar do assunto os olhos ficam marejados e um sorriso tímido aparece no rosto. Ainda com pequenos gaguejos e um andar lento, a idosa frisou a alegria de estar viva, depois de um problema tão sério como sofrer um AVC: “Só eu sei a alegria de viver e de estar aqui. Quando cheguei aqui, há 4 meses eu não andava e nem falava, e ainda era muito tímida”, conta.

Lindalva participando do coral/ Foto:Divulgação
Além disso, Lindalva fez questão de parabenizar a equipe de saúde do CETHID, que a atendia durante todos os dias no doloroso início do tratamento. Hoje, ela explica que devido à mudança no quadro da doença, só tem consultas duas vezes por semana: “Quando cheguei aqui, pela primeira vez, eu não conseguia andar, e hoje consigo. Então eu agradeço muito a equipe”, contou emocionada.
A responsável e terapeuta da fala Katia Cristina Sampaio, de 41 anos, tem 15 anos de profissão e participa do projeto do coral desde o princípio. Segundo ela, a ideia começou a princípio no consultório, com 7 pessoas, e hoje chega em média a 30 pacientes participando. Quanto aos métodos, são variados, dependendo unicamente do paciente e da resposta que ele dá aos profissionais. Como as consultas são em grupo, Katia trabalha o que afeta cada um deles. “Trabalhando a cognição, linguagem compreensiva, articulação da fala, respiração, em grupo, acabamos tornando a terapia da fala numa espécie de terapia do relaxamento”, concluiu.
Para buscar tratamento no local, o horário de funcionamento é de segunda à sexta, das 7h às 17h, e sábado das 7h às 13h, na Rua Onze, s/n° – Vila Pacaembú. Os pacientes podem entrar em contato com a unidade também através do telefone da central de regulação de exames: (21) 2665-8787.
Aloma Carvalho
