A sensação térmica poderá atingir, aproximadamente, os 50ºC amanhã
Com a previsão de temperaturas superiores a 40ºC para os próximos dias, a Defesa Civil de Nova Iguaçu orienta a população a redobrar os cuidados com a saúde e o bem-estar. A principal recomendação é manter-se bem hidratado, consumindo bastante água, e evitar atividades físicas ao ar livre entre 10h e 17h, quando o calor é mais intenso. Também é aconselhável umidificar os ambientes internos com vaporizadores, toalhas molhadas ou recipientes com água, além de procurar permanecer em locais sombreados, preferencialmente em áreas com vegetação ou ambientes refrigerados.
O tempo ficará estável em Nova Iguaçu, com elevação de temperatura e baixa umidade, principalmente entre hoje (17) e quarta-feira (19), onde os termômetros podem ultrapassar os 40°C, e a umidade relativa do ar deve ficar abaixo dos 30% amanhã (18). A sensação térmica poderá atingir, aproximadamente, os 50°C. Entre quinta-feira (20) e sexta-feira (21), a temperatura prevista poderá atingir 39°C, com umidade relativa variando de 30% a 40%, resultando em uma sensação térmica entre 41°C a 45°C.
“Nos próximos dias, Nova Iguaçu deve enfrentar temperaturas elevadas, com máximas podendo chegar a 41°C. A previsão indica dias ensolarados, sem possibilidade de chuva significativa. As altas temperaturas podem acarretar diversos impactos à saúde e ao bem-estar dos moradores”, afirma Jorge Lopes, secretário de Defesa Civil de Nova Iguaçu. “Diante desse cenário, é fundamental que os moradores adotem medidas preventivas, como manter-se hidratado, evitar exposição direta ao sol nos horários de pico e buscar ambientes frescos sempre que possível”.
A Prefeitura de Nova Iguaçu já liberou o uso de bermudas para servidores municipais durante o expediente, motoristas de táxis, vans e kombis credenciadas, além de motoristas e trocadores de ônibus. A liberação da vestimenta vale até o dia 31 de março.
Existem duas maneiras de calcular como nossos sentidos percebem a temperatura do ar, de acordo com especialistas. Na sensação térmica, é relacionada a temperatura real com a velocidade do vento. Já o índice de calor é calculado em função da temperatura e da umidade do ar.
“Isso significa que a percepção do calor pode variar de pessoa para pessoa, dependendo de fatores como localização geográfica, ambiente, se é uma área arborizada ou urbana, tipo de vestuário e outros aspectos que influenciam os sentidos”, explica o secretário.
Segundo a National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA), agência científica do governo americano que estuda e prevê o clima, oceanos e atmosfera, há alguns efeitos do Índice de calor e os cuidados que devem ser observados. Quando os termômetros estão entre 27º e 32°C, é preciso ter cuidado, pois há possibilidade de fadiga após exposição e atividade prolongadas. Entre 32º e 41 °C, o cuidado deve ser extremo. Já entre 41º e 54ºC, a situação é de perigo. Acima de 54°C, o perigo é extremo, Nos três últimos casos, podem ocorrer hipertermia e câimbras.
Calor extremo no Rio de Janeiro aumenta mortalidade
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Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil
Uma pesquisa desenvolvida na pós-graduação da Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (Ensp/Fiocruz) indica que as altas temperaturas no Rio de Janeiro estão relacionadas com o aumento da mortalidade na capital fluminense. O calor extremo representa maior risco para idosos e pessoas com diabetes, hipertensão, Alzheimer, insuficiência renal e infecções do trato urinário.
O trabalho é de autoria do doutorando João Henrique de Araujo Morais, que atua como pesquisador do Centro de Inteligência Epidemiológica, da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro. Os números foram analisados separadamente conforme a classificação de Níveis de Calor (NC) do protocolo da Prefeitura do Rio de Janeiro, lançado no ano passado. Os NC variam de 1 a 5 e indicam riscos e ações que devem ser tomadas em cada um deles.
O registro de Nível de Calor 4, quando a temperatura é maior que 40°C durante 4 horas ou mais, está relacionado com um aumento de 50% na mortalidade por doenças como hipertensão, diabetes e insuficiência renal entre idosos.
“Em Nível 5, de 2 horas com Índice de Calor igual ou acima de 44°C, esse mesmo aumento é observado e é agravado conforme o número de horas aumenta. Portanto, o estudo confirma que, nesses níveis extremos definidos no protocolo, o risco à saúde é real”, explica o autor do estudo.
Os resultados do estudo alertam para as consequências da emergência climática e para a necessidade de que as cidades criem planos de adaptação ao calor.
“Populações específicas estão em alto risco, como trabalhadores diretamente postos ao sol, populações de rua, grupos mais vulneráveis (crianças, idosos, pessoas com doenças crônicas), e populações que vivem nas chamadas Ilhas de Calor Urbano”, diz João Henrique.
“Espera-se que ações tomadas no Protocolo de Calor do Município do Rio, como disponibilização de pontos de hidratação e resfriamento, adaptação de atividades de trabalho, comunicação constante com a população e suspensão de atividades de risco em níveis mais críticos sejam difundidas e adotadas também em outros municípios, com o objetivo de proteger a saúde da população, sobretudo dos mais vulneráveis”, complementa.
Métrica inovadora
A pesquisa criou uma métrica para a exposição ao calor e os riscos relacionados à Área de Exposição ao Calor (AEC). Ela considera o tempo que uma pessoa fica exposta ao calor, algo que outras medidas, como temperatura média ou sensação térmica média, não levam em conta.
De acordo com o estudo, o tempo de exposição ao calor intenso tem uma ligação importante com a mortalidade, especialmente entre as pessoas mais vulneráveis. Para os idosos, por exemplo, a exposição a uma AEC de 64ºCh (graus-hora) aumenta em 50% o risco de morte por causas naturais. Com uma AEC de 91,2°Ch, o risco dobra.
O estudo compara duas datas para mostrar como a AEC funciona. Em 12 de janeiro de 2020, o índice de calor foi de 32,69°C. Em 7 de outubro de 2023, foi de 32,51°C. Apesar de quase iguais, o calor durou mais tempo no segundo dia, resultando em uma AEC de 55,3°Ch. No primeiro dia, a AEC foi de 2,7°Ch, 20 vezes menor.
“Ao considerar apenas medidas-resumo (médias ou máximas) podemos subestimar dias anormalmente quentes. A métrica, por sua vez, consegue identificar isso e pode ser utilizada para definição de protocolos similares ao desenvolvido aqui no Rio”, explica o autor da pesquisa.