Mais de 13% das mulheres já sofreram algum tipo de assédio nos transportes públicos, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública 2024. Para tornar esse ambiente um local seguro para as mulheres fluminenses, a Secretaria de Estado da Mulher (SEM-RJ) se uniu à SuperVia para uma campanha de combate à importunação e ao assédio nos trens e estações, nesta quarta-feira (28).
A ação aconteceu na Central do Brasil e nas plataformas, onde os vagões femininos dos trens foram adesivados com cartazes da campanha “Mexeu com uma, mexeu com a Rede Mulher”, que divulga canais de ajuda para as mulheres, como o app Rede Mulher e o 190, da PMERJ.
A equipe da SEM-RJ também esteve na plataforma entregando material educativo e tirando dúvidas sobre como acessar a rede de proteção às vítimas de violência e o que deve ser feito para denunciar casos de assédio e importunação sexual.
— Ao longo deste Agosto Lilás, a SEM-RJ tem se dedicado a levar ao maior número de pessoas a mensagem do respeito e do enfrentamento à violência contra a mulher. Já estivemos em escolas, clubes de futebol, eventos, entre outros espaços, e poder trazer essa mensagem ao público que utiliza o transporte público é muito importante para termos um ambiente seguro e livre de assédio para todas as mulheres fluminenses — enfatizou a secretária de Estado da Mulher, Heloisa Aguiar.
Para a agente administrativa Vanúzia Cardoso, de 46 anos, ações de conscientização são importantes para chamar a atenção para um problema que ela e outras mulheres enfrentam com frequência no transporte público.
— Eu já tive que descer do vagão porque estava cheio demais e a maioria era homens. Eu estava me sentindo oprimida de verdade, por olhares, e também estava muito próxima. Aquilo estava me dando uma fobia, uma sensação ruim, e eu preferi descer e pegar outro trem para poder me sentir mais confortável — contou ela.
O assédio não é um problema a ser combatido apenas pelas mulheres. Os homens são aliados e devem estar atentos para se posicionarem ao perceberem qualquer sinal de violência contra a mulher. Janderson Conceição, de 26 anos, conta que não se cala ao se deparar com esses casos:
— Eu acho importante os homens se posicionarem contra o assédio, porque isso é errado, precisamos respeitar a mulher. Semana passada, eu e outros rapazes tiramos um homem do trem porque ele estava atrás de uma moça. Chamamos a polícia e ele acabou sendo levado para a delegacia.
Orientação para os colaboradores
Esta semana, a equipe da SEM-RJ iniciou um ciclo de capacitação das equipes de segurança e maquinistas da SuperVia para orientá-los a identificar casos de importunação e, principalmente, como é o acolhimento correto e o encaminhamento dessas mulheres.
– Nas capacitações, os funcionários da concessionária passam por treinamentos para atuar em casos de importunação sexual, por meio do protocolo criado pela SEM-RJ, “Não é Não! Respeite a decisão”, que traz orientações para que as mulheres tenham mais segurança e acolhimento em locais de grande circulação – explica a superintendente de Enfrentamento às Violências da SEM-RJ, Giulia Luz.
Para a colaboradora da SuperVia Luane da Silva, esse foi um momento de aprendizado sobre como acolher uma mulher que passou por uma situação de violência dentro do trem:
— Recebemos a capacitação de como acolher mulheres que passaram por assédio, e foi muito interessante para entender como fazer o direcionamento à rede de enfrentamento à violência de gênero, como a rede de saúde, a polícia e outros órgãos que farão o atendimento e acolhimento.
Rede Mulher
A equipe da SEM-RJ divulgou a campanha “Mexeu com uma, mexeu com a Rede Mulher”, que apresenta o aplicativo Rede Mulher, uma importante ferramenta de proteção para as mulheres. O aplicativo permite que as mulheres:
• acionem a Central 190 da Polícia Militar com um simples clique;
• peçam ajuda a até três pessoas cadastradas como “guardiões”;
• registrem ocorrências online;
• obtenham informações sobre medidas protetivas;
• consultem a rede de atendimento especializada para mulheres em situação de violência no estado;
• localizem sedes policiais especializadas nesse tipo de violência;
• saibam mais sobre verdades e mitos relacionados a esse tipo de crime.
Na ocasião, as passageiras tiveram a oportunidade de tirar dúvidas sobre como denunciar casos de agressão física, ameaças, abuso psicológico, moral, patrimonial, físico ou sexual.
— Durante as conversas com as mulheres, todas se mostraram receptivas e preocupadas em relação a esse tema, que é frequente no cotidiano. A insegurança na mobilidade impacta diretamente na liberdade das meninas e mulheres. O principal tipo de dúvida foi como denunciar, como acessar a rede e o que eram os centros de referência — diz a coordenadora do Programa Mulher Mais Segura da SEM-RJ, Ana Luísa Franco.