Rodrigo Bocardi prestou serviço para o Bradesco enquanto trabalhava na Globo; 4 notas chegam ao montante de R$ 322 mil

Foto: TV Globo/Divulgação.

O apresentador Rodrigo Bocardi fez serviços de consultoria, apresentação de eventos e media training para o Bradesco sem avisar à Globo, onde trabalhava, em algumas situações. Empresas em seu nome emitiram notas de prestação de serviço para o banco pelo menos entre 2017 e 2023.

Procurado pela coluna Outro Canal, da Folha de São Paulo, o Bradesco diz que “por uma questão de respeito aos direitos individuais, o banco não comentará o assunto”. O jornalista ainda não se manifestou sobre as acusações mesmo procurado desde a última quinta-feira (30).

A Globo diz que não vai se manifestar além do que já fez no comunicado sobre a decisão de sua demissão. “A empresa não comenta decisões de compliance”, dizia a nota.

A coluna teve acesso a documentos. Uma empresa de Bocardi, chamada Boc Produções e Palestras emitiu quatro notas, entre 2017 e 2019, com valor somado de R$ 322 mil. A Boc virou, em 2019, Diglon Produções.

Elas mostram que Bocardi prestou serviços para a UniBrad (Universidade Corporativa do Bradesco) e fez conteúdo interno direcionado para os clientes do banco.

Já entre 2021 e 2023, outras três notas, no valor de R$ 432 mil, também foram emitidas para o Bradesco, desta vez para serviços de consultoria e media training, através de uma outra empresa que tem Bocardi como um dos sócios.

Neste segundo caso, segundo apurou a coluna, uma empresa ligada ao jornalista preparou entrevistados e executivos do Bradesco para falarem melhor com clientes, eventos e em entrevistas. Seus superiores não sabiam desta situação até a investigação feita pelo compliance da Globo.

Tal prática, feita por Bocardi, é proibida pelo código de ética e conduta do Grupo Globo, já que o assunto configuraria conflito de interesses.

“Os integrantes da Globo não devem exercer atividades, remuneradas ou não, em organizações que tenham objetivos conflitantes com as diretrizes e os princípios estabelecidos neste Código ou tenham relação comercial com qualquer empresa, cuja contratação pelo Grupo Globo seja de responsabilidade direta ou indireta do integrante em questão, ou ainda que, por outros motivos, possa configurar conflito de interesses”, diz trecho do Código da empresa.

Em 2019, vale lembrar, o apresentador Dony de Nuccio, então no Jornal Hoje, deixou a Globo por ter negociado e feito trabalhos para o mesmo Bradesco, através de sua empresa, a Primetalk, sem aviso prévio para a emissora.

Bocardi foi demitido por recomendação do compliance da empresa, após investigação que detectou quebra de ética. A princípio, a acusação feita contra ele foi por assédio moral, mas nada foi provado.

Jefferson Kiyohara, diretor de Compliance e ESG da Protiviti, empresa de consultoria em gestão de riscos e compliance, diz que um compliance não tem poder de demitir alguém, mas recomenda atitudes após quebra de códigos.

“O papel do compliance é apoiar o negócio a atuar de forma ética e em conformidade com a cultura organizacional. Ele ajuda na formalização das regras corporativas, nos treinamentos, na operação do canal de denúncias, na investigação interna e em recomendações do que deve ser feito. A demissão acontece porque diretrizes corporativas, aprovadas pela alta direção, não foram seguidas. O que provoca a demissão é atuar em desacordo com essas diretrizes”, afirma o especialista.

Com informações da coluna Outro Canal, da Folha de São Paulo

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