O Rio de Janeiro passa a contar nesta segunda (14) com o Alerta Amber, por meio de um termo de cooperação da Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública) com a Meta, empresa que coordena o Facebook e o Instagram.
O alerta emite avisos sobre crianças e adolescentes desaparecidos, em situação de risco, em um raio de 160 quilômetros da última localização conhecida. Esses avisos aparecerão nas redes sociais de todos os usuários que estiverem dentro desse raio e permanecerão ativos por 24 horas, sendo atualizados conforme necessário.
De acordo com o coordenador do Laboratório de Operações Cibernéticas do Ministério da Justiça, Alessandro Barreto, o Estado de São Paulo deverá receber o mesmo alerta até o final do ano. “Quinze estados já receberam o alerta. Até o final do ano, pretendemos implementá-lo em todo o país. É o mesmo alerta usado nos Estados Unidos, sem custo para o Brasil”, afirmou. Desde que foi instalado, três crianças desaparecidas foram encontradas após a emissão do alerta.
Cada estado possui uma base de onde o aviso é disparado, e essa unidade irá avaliar se a criança se enquadra em situação de risco grave e iminente de lesão corporal ou morte.
No Rio de Janeiro, será a DDPA (Delegacia de Descoberta de Paradeiros), que completou dez anos de funcionamento no final de setembro.
Durante esse período, a unidade sempre esteve sob o comando da delegada Ellen Souto, que inaugurou a titularidade após indiciar os responsáveis pelo desaparecimento do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, em julho de 2013, na Rocinha. Amarildo desapareceu após ser conduzido para a base da UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) da comunidade.
“O caso Amarildo foi, sim, um divisor de águas. Mas a delegacia foi criada pela luta de mães de desaparecidos, e quem levantou essa bandeira foi Jovita Belfort, mãe de Priscila”, relatou a delegada.
Priscila tinha 29 anos quando desapareceu, em 2004. Uma série intitulada “Volta, Priscila” foi lançada neste ano, quando o caso completou 20 anos.
“Não saber o destino de alguém que amamos corrói a pessoa, impede que ela vire a página do luto. Esperamos que, com o alerta, possamos encontrar mais desaparecidos vivos e ajudar essas famílias”, disse a delegada.
Na porta de sua sala, há fotos de crianças desaparecidas, com projeções de envelhecimento geradas por computador. Ela afirma que ainda mantém a esperança de encontrá-las.
Em dez anos, de cerca de 20 mil casos de desaparecimento, a unidade localizou 18.236 pessoas. A maioria dos desaparecimentos ocorre entre adultos, seguidos por adolescentes na faixa de 12 a 17 anos.
A origem do Alerta Amber está relacionada a um caso ocorrido no Texas, Estados Unidos, em 1996. O sistema foi criado após o sequestro e assassinato de uma menina chamada Amber Hagerman, 9. Em resposta, foi desenvolvido o Alerta Amber, sigla para America’s Missing: Broadcast Emergency Response (Crianças Desaparecidas da América: Resposta de Emergência Transmitida, em tradução livre).
Assim, o nome tem um duplo significado: ele homenageia Amber Hagerman ao mesmo tempo que é um acrônimo para o sistema de resposta emergencial em casos de desaparecimentos de crianças.
Com informações da Folha de São Paulo