O secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres, emitiu um alerta mundial por causa da rápida elevação do Oceano Pacífico. De acordo com o relatório apresentado pela organização nesta terça-feira, duas cidades no Brasil serão diretamente afetadas pelo fenômeno: Rio de Janeiro e Atafona, distrito do município de São João da Barra, no Norte Fluminense.
O relatório divulgado nesta terça mostra que o nível dos mares subiu 15 centímetros nos últimos 30 anos em algumas partes do Pacífico. Nas duas cidades, o aumento foi de 13 centímetros no mesmo período mas, a má notícia fica para o futuro: em ambas o aumento esperado até 2050 é de até 21 centímetros, sendo 16 centímetros em média.
— Em todo o mundo, o aumento do nível do mar tem um poder incomparável de causar estragos nas cidades costeiras e devastar economias litorâneas. Os líderes globais precisam agir: reduzir drasticamente as emissões globais; liderar uma transição rápida e justa para o fim dos combustíveis fósseis; e aumentar massivamente os investimentos em adaptação climática para proteger as pessoas dos riscos presentes e futuros — disse o secretário-geral das Nações Unidas (ONU), António Guterres.
De acordo com pesquisas, o aumento do nível do mar é consequência do aumento das temperaturas, que causa o derretimento das calotas polares. À medida que o aquecimento aumenta e o gelo derrete, o mar sobe de nível.
Segundo a ONU, as ilhas do Pacífico são excepcionalmente expostas pois as temperaturas nos mares da região estão subindo muito mais rapidamente do que as médias globais. No local, a elevação média é de apenas um a dois metros acima do nível do mar. Cerca de 90% da população vive a apenas 5 quilômetros da costa e metade da infraestrutura está a 500 metros do mar.
O relatório aponta que os riscos e perigos costeiros impulsionados pelo clima não vêm apenas da elevação do nível do mar (SLR), mas também de sua amplificação de marés de tempestade, marés normais e ondas. A expectativa é que os perigos de inundação na costa das cidades aumentem devido ao afundamento local do solo, resultado de atividades humanas como construção de barragens ou extração de água subterrânea e combustíveis fósseis.
Os efeitos combinados podem levar a danos na infraestrutura devido a inundações costeiras, intrusão de água salgada em aquíferos e rios, recuo da linha costeira e mudança ou perda de ecossistemas costeiros e setores econômicos, afirma a ONU.
Além das comunidades costeiras
Os cientistas que assinam o relatório também apontam que as consequências não deverão se restringir às cidades costeiras. Por exemplo, o deslocamento e migração involuntários induzidos pelo clima em áreas costeiras podem levar a movimentos populacionais para áreas interiores, enquanto a perda de atividades econômicas, como pesca ou agricultura, e danos a portos podem comprometer gravemente os sistemas alimentares globais, diz o órgão.
Pequenos aumentos no nível relativo do mar podem aumentar desproporcionalmente a frequência de inundações costeiras. Segundo o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e o Climate Impact Lab (CIL), a extensão das inundações costeiras aumentou nos últimos 20 anos como resultado da elevação do nível do mar, o que significa que 14 milhões de pessoas a mais em todo o mundo agora vivem em comunidades costeiras com uma chance de 1 em 20 anos de sofrer inundações.
A frequência de eventos extremos, embora raros, de elevação do nível do mar atualmente, está projetada para aumentar substancialmente na maioria das regiões. Por exemplo, de acordo com o Sexto Relatório de Avaliação do IPCC, em uma média global, o evento extremo de elevação do nível do mar de 1 em 100 anos (em termos de nível total da água) está projetado para ocorrer uma vez a cada 30 anos até 2050 e uma vez a cada 5 anos até 2100.
Esses eventos estão projetados para ocorrer mais de uma vez por ano até 2100, com 4,4°C de aquecimento. Além disso, um estudo recente projeta que eventos menores de inundações, que atualmente ocorrem anualmente, ocorrerão na maioria dos dias do ano em todo o mundo com uma elevação de 0,7m no nível do mar.
Com informações do GLOBO.