PSOL acusa Motta de operar pela cassação de Glauber e convoca atos no Rio; saiba como foi a manobra na Câmara

O motivo da atitude de Motta dizem os PSOListas seria o passado de brigas entre Glauber e o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira

A Executiva Nacional do PSOL subiu o tom contra o presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta, pelo avançar do processo de cassação do deputado Glauber Braga, que agrediu um militante do MBL na Casa Legislativa. De acordo com líderes do partido, Motta não tem atendido a telefonemas para tratar do tema desde ontem. Até mesmo o líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, e a ministra da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, teriam sido ignorados em seus apelos. O PSOL vai entrar com um recurso na CCJ da Câmara contra o voto positivo da Comissão de Ética, nesta quarta-feira, pela cassação. A defesa de Glauber cogita acionar o STF sobre o tema.

E é aí que entra o suposto papel de Motta, sobre o qual o PSOL faz acusações. Nesta quinta, um acordo alinhavado pelo próprio Motta para que as sessões em plenário começassem às 16h30 foi desrespeitado, dando tempo para que a Comissão de Ética votasse a cassação. Em paralelo, foi anunciado que na semana que vem a Câmara só terá sessões remotas, o que esvazia a Casa e diminui o poder de mobilização sobre o caso. Desde ontem, Glauber iniciou uma greve de fome, no plenário da Comissão de Ética, e promete estender até o final do processo. Em resposta, o PSOL convocou um ato para esta sexta, no Buraco do Lume, e outro no dia 24, na Cinelândia.

O motivo da atitude de Motta dizem os PSOListas, não seria uma briga direta entre eles, mas, sim, o passado de brigas entre Glauber e o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira. O alagoano é justamente o padrinho de Motta na presidência da Câmara. A aliados, Motta já teria sinalizado que não vai se mover para manter Glauber no cargo, já que o parlamentar teria “colecionado inimigos” no plenário.

A resposta esfriou de vez as esperanças da legenda, que decidiu obstruir a pauta do plenário como forma de protesto. Os parlamentares chegaram a solicitar que Hugo Motta iniciasse a sessão plenária ainda na tarde de quarta-feira, o que automaticamente suspenderia as reuniões das comissões, incluindo a do Conselho de Ética. O pedido, no entanto, foi ignorado. Antes da votação no colegiado, lideranças do PSOL ainda tentaram, sem sucesso, convencer individualmente membros do Conselho de Ética a adiar a deliberação. A articulação surtiu pouco efeito e o resultado acabou apenas adiado por algumas horas.

São necessários 257 votos em plenário para cassar o mandato

O processo que pode culminar na cassação de Glauber Braga agora será encaminhado ao plenário da Câmara, onde precisará de pelo menos 257 votos favoráveis para ser confirmado. Nos bastidores, há o reconhecimento de que o deputado enfrenta forte resistência entre seus pares — inclusive fora da oposição.

Mesmo assim, o PSOL articula novas estratégias jurídicas e políticas. O partido estuda entrar com recurso na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e, se necessário, acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para tentar reverter a decisão.

Glauber Braga, conhecido por sua atuação combativa e confrontos frequentes com colegas e membros do governo, ainda não se pronunciou publicamente após a votação. Aliados, no entanto, classificam a medida como “perseguição política” e prometem continuar mobilizados para defender o mandato do deputado.

Com informações do repórter Felipe Amorim, da Agenda do Poder

Compartilhe
Categorias
Publicidade
Veja também