*Paulo Cezar Pereira
Na véspera de completarem os primeiros 30 dias no comando das cidades de Nova Iguaçu e de Belford Roxo, os prefeitos Dudu Reina (PP) e Márcio Canella (União Brasil) parecem ter aprendido a mais importante lição do início do verão, a estação mais temida para os moradores ribeirinhos do Rio Botas.
Com máquinas cedidas pelo governo estadual, os novos burgomestres priorizam o que, 40 anos atrás, o então governador Leonel Brizola ensinou: os rios que cortam a Baixada Fluminense precisam ser dragados para que não transbordem e inundam os bairros que atravessam nas cidades mais importantes da região.
As águas rolavam com Brizola
Brizola criou o As águas vão rolar, programa executado por Luiz Alfredo Salomão, então secretário estadual de Obras, e com isso a população vizinha do Botas parou de perder casa, fogão, geladeira e objetos pessoais nas inundações durante o verão.
Portanto, ao divulgarem fotos e vídeos com máquinas pesadas dentro do Botas, os novos prefeitos tomam iniciativas para expor, mais uma vez, a necessidade de o governo federal executar com o governo do estado e as prefeituras da Baixada Fluminense o Projeto Iguaçu, apontado pelos técnicos e urbanistas como solução para o fim das inundações provocadas pelas chuvas de verão. Este projeto foi abandonado pela Caixa Econômica federal em 2010 depois de TCU e o TCE-RJ apontarem diversas irregularidades em pagamentos de aditivos.
O relatório da Alerj
Relatório da Frente da Alerj de Prevenção às Tragédias Naturais e em Defesa da Moradia Digna mostra que 82% dos municípios do Estado do Rio de Janeiro não possuem plano de contingência, apontando para uma fragilidade na gestão de riscos em meio às mudanças climáticas. O documento elaborado pela Frente, que é coordenada pelo deputado Yuri Moura (PSOL), revela que apenas 17 dos 92 municípios do estado possuem planos de contingência para o período de chuvas; as demais cidades estão desprotegidas diante de possíveis desastres naturais.
Dudu Reina e Canella não dispõem de R$ 1 bilhão para gastar no Projeto Iguaçu, um conjunto de ações que tem como objetivo absorver a grande quantidade de água que, em Nova Iguaçu, desce da Serra de Madureira, por exemplo, inundando bairros até chegar ao Botas e fazê-lo transbordar por falta de escoamento e velocidade até à Baía de Guanabara.
Projeto Iguaçu, a solução
Faz-se necessário, portanto, uma ação conjunta e forte da bancada federal do Rio no Congresso Nacional, do governador Cláudio Castro e da Assembleia Legislativa para que o governo federal, através do Ministério das Cidades, libere recursos para execução do único projeto capaz de acabar com as enchentes em Nova Iguaçu e em Belford Roxo.
Registro, ainda, como positivas as iniciativas dos governos de Dudu Reina e de Canella com ações preventivas contra os fenômenos climáticos neste primeiro mês de administrações novas nestas cidades. No último domingo, por exemplo, Dudu foi conferir pessoalmente o trabalho de vários órgãos da prefeitura na Vila Floriano ( também conhecido como Morro do DPO), no Distrito de Austin, onde a população é sempre principal vítima de deslizamentos provocados pelas chuvas de verão.
Ações preventivas em Nova Iguaçu
Outras iniciativas importantes da recém instalada administração de Dudu Reina: o convênio assinado com a Universidade Federal Rural para acessar as informações de quatro estações meteorológicas e a massificação de informes, via SMS, com orientações para a população cadastrada pela Defesa Civil de abrigos seguros em dias de tempestades.
Sem dinheiro, Canella sai às ruas
Mesmo tendo herdado uma dívida de R$ 1 bilhão de seu antecessor Waguinho, o prefeito Márcio Canella também tem sido visto nas ruas e nos bairros cortados pelo Rio Botas. Na semana passada, Canella foi visto na comunidade conhecida como Três Canos, na divisa de Heliópolis com Itaipu, e no Xavantes, localidades sempre inundadas quando o Botas transborda.
Defesa Civil discute plano de proteção em Belford Roxo
O secretário de Defesa Civil de Belford Roxo, Evalder Perini, reuniu na manhã de ontem (28/01) secretários de várias pastas do governo municipal, representantes da sociedade civil, Corpo de Bombeiros e Polícia Militar. O encontro aconteceu no auditório da Secretaria Municipal de Assistência Social, Cidadania e Combate à Fome (Semascf), na Avenida Retiro da Imprensa, bairro Piam, com objetivo de discutir o Plano de Contingência de Proteção e Defesa Civil (Plancon). Na ocasião foram abordadas ações eficientes que possam ser usadas em casos de emergência, danos e desastres provocados pelas chuvas de verão.
*Paulo Cezar Pereira, Jornalista, é Editor Chefe do Nova Iguassu Online