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População de rua volta a ocupar área debaixo do viaduto que liga os dois lados do Centro de Nova Iguaçu

Fotos: Paulo Cezar Pereira

*Paulo Cezar Pereira

Os moradores e comerciantes do Centro de Nova Iguaçu voltaram a conviver com cenas degradantes no espaço que já está sendo chamado de “Faixa de Gaza” da principal cidade da Baixada. Passada as eleições de outubro último, dezenas de famílias humildes ocupam, com barracas de plástico e de madeira, travesseiros, com fogão a gás e roupas íntimas penduradas em varais improvisados, um espaço urbano nobre, localizado no final do calçadão da Avenida Governador Amaral Peixoto, debaixo da rodoviária e a 200 metros da Câmara de Vereadores, do Restaurante do Povo, da Delegacia de Polícia, do Centro Pop e do Top Shopping.

Homens e mulheres tomam banho ao ar livre e há denúncias de consumo de drogas naquele ponto da cidade. A situação preocupa quem usa o viaduto padre João Musch. Um mototáxi que faz ponto no Centro de Nova Iguaçu revelou ao Nova iguassu Online que aumentou o número de pessoas, principalmente de mulheres, que deixaram de caminhar por baixo do viaduto e subir uma escadaria sobre a via férrea para chegar ao lado residencial da cidade pela Rua Coronel Bernardino de Melo. Agora, diz o mototáxi, por questão de segurança, moradoras preferem o serviço de mototáxi ou táxi convencional.

Além de terem que conviver com o risco de serem atacados por cracudos que se misturam às famílias sem teto, os moradores e comerciantes reclamam do mau cheiro provocado por uma espécie de estação de transferência de lixo recicláve debaixo do viaduto, de ratos e baratas.

A área da rodoviária não é o único ponto ocupado pela população de rua em Nova Igaçu. Na Praça da Liberdade e no camelódromo localizado na pracinha da antiga sede da Prefeitura, inúmeras famílias passam a noite ao relento, protegidas apeans pelas marquises de lojas comerciais.

O que diz a Prefeitura de Nova iguaçu

Procurada pelo Nova Iguassu Online, a Prefeitura de Nova Iguaçu encaminhou a seguinte nota:

“A Secretaria Municipal de Assistência Social (SEMAS) de Nova Iguaçu faz abordagens sociais na cidade oferecendo as pessoas em situação de rua o atendimento social e encaminhamento às redes de saúde ou instituições de acolhimento, quando necessário. Equipes da SEMAS também acolhem pessoas em situação de vulnerabilidade social ou violação dos direitos através do Centro Pop. No espaço, os moradores podem guardar seus pertences, se higienizar, lavar roupa, retirar documentação, realizar o CADÚnico e serem encaminhadas ao mercado de trabalho.

Já a Secretaria Municipal de Ordem Pública de Nova Iguaçu faz rondas diárias através da Guarda Municipal, Proeis e Segurança Presente. No local não há registros de crimes.

Vale ressaltar que não há lei que obrigue a remoção e o transporte compulsório de pessoas em situação de rua e aos abrigos.”

Questionada pelo Nova iguassu Online sobre a população de rua,, a secretaria estadual de Desenvolvimento Social informa que repassou mais de R$ 57 milhões para o município de Nova Iguaçu em 2024, quando a prefeitura era administrada por Rogério Lisboa.

Eis a nota do governo estadual:

A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos investiu mais de R$ 57,2 milhões no município de Nova Iguaçu em 2024. Apenas no benefício do Cartão Recomeçar o Governo do Estado aportou cerca de R$ 50,4 milhões para as famílias afetadas pelas chuvas, além de fomentar o comércio no município. Nos programas de segurança alimentar e nutricional, como o Restaurante do Povo, Café do Trabalhador e RJ Alimenta, foram investidos R$ 2,5 milhões. E cerca de R$ 3 milhões para os demais programas e iniciativas na região, como o Núcleo de Assistência ao Cidadão (NAC), Centro de Cidadania LGBTI+, os 3 polos do Empoderadas, as capacitações e cofinanciamentos do SUAS para prefeitura. O cofinanciamento do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) é o repasse de recursos financeiros dos entes federativos para a manutenção e ampliação da Política de Assistência Social nos municípios. Ele é dividido em dois blocos, Proteção Básica e Especial. Dependendo dos equipamentos, serviços e programas, o Estado, por meio de um plano de ação enviado pelos municípios, destina recurso para os CRAS, Serviços de Convivência, Acolhimento e questões de média e alta complexidade.

*Paulo Cezar Pereira, Jornalista, é Editor Chefe do Nova Iguassu Online.

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