PF suspeita que Domingos Brazão se beneficiou com vazamento de operação policial em 2019

De acordo com as investigações, ex-conselheiro do TCE teria relações com agentes e acesso privilegiado a informações antecipadas

A Polícia Federal suspeita que Domingos Brazão, conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) do Rio de Janeiro, tenha se beneficiado com o vazamento de operações policiais. De acordo com as investigações, Brazão teria relações com agentes e teria sido beneficiado com essas informações antecipadas.

Um dos casos que está sob investigação é a ligação do conselheiro com Jomar Bittencourt Júnior, o Jomarzinho, que é filho do policial federal aposentado Jomar Bittencourt. Jomarzinho é suspeito de ser um dos vazadores da operação que prendeu Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz, em 2019.

Na véspera da prisão, dia 11/9, por volta das 23h, uma mensagem de texto chegou ao celular de Jomar Bittencourt Júnior:

“Vai ter operação Marielle. Amanhã. Pelo que me falaram vão até prender Brazão e Rivaldo Barbosa. Não sei se é verdade. Entendeu”, escreveu o PM.

Os dois nomes são de suspeitos presos no dia 24 de março na operação Murder Inc, da Polícia Federal, do Gaeco, do Ministério Público Estadual e da Procuradoria Geral da República: o delegado Rivaldo Barbosa e Brazão, sobrenome dos irmãos Domingos e Chiquinho (deputado federal) – a mensagem não especifica a qual dos dois se refere.

Lessa e Queiroz foram presos pela Delegacia de Homicídios no dia 12 de março, quase um ano após a morte da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em 14 de março de 2018.

Após receber a mensagem, Jomarzinho remeteu a outro personagem que até então não havia aparecido na cena do crime: Maxwell Simões Corrêa, o Suel. Há suspeita de que amigos de Ronnie Lessa também tenham recebido a mensagem.

Naquele ano, apenas Lessa e Élcio de Queiroz foram presos. Não houve qualquer ação contra Brazão ou Rivaldo. Oficialmente, o nome de Domingos Brazão aparece meses depois na denúncia da então procuradora-geral da República, Raquel Dodge, em setembro de 2019.

Em julho de 2023, quando Suel foi preso na operação Élpis, Jomarzinho foi alvo de busca e apreensão determinada pela Justiça. Apesar da mensagem errar os alvos, ela adiantava a operação que prenderia Lessa e Élcio no dia seguinte.

O risco de vazamento levou a Delegacia de Homicídios a antecipar a operação, em alguns minutos. A prisão de Ronnie Lessa aconteceu pouco depois das 5h daquele dia 12 de março de 2019. O ex-policial se preparava para fugir de casa no condomínio Vivendas da Barra, na Zona Oeste do Rio.

Jomar Júnior é filho do policial federal aposentado Jomar Bittencourt. Bittencourt pai foi candidato a cargos eletivos nos anos de 2002, 2004, 2012, 2018. Na última campanha, dividiu chapa na coligação da família Brazão.

A reportagem não encontrou a defesa de Jomarzinho para falar sobre o caso.

Prisões

Até o momento, as mortes da vereadora Marielle Franco e do seu motorista Anderson Gomes, em março de 2018, já levou, em diferentes momentos, 6 pessoas para a prisão:

  • Domingos Brazão, atual conselheiro do Tribunal de Contas do Estado;
  • Chiquinho Brazão, deputado federal (União-RJ) e vereador à época do crime;
  • Rivaldo Barbosa, ex-chefe de Polícia Civil do Rio que comandou, por um período, as investigações.
  • Ronnie Lessa, policial reformado
  • Élcio de Queiroz, ex-policial
  • Maxwell Simões Corrêa, o Suel, ex-bombeiro

Com informações do g1.

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