A Polícia Civil do RJ iniciou nesta terça-feira (27) a Operação Caronte, contra uma fraude no Bilhete Único Intermunicipal. Segundo a Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD), donos de vans informavam transportar passageiros em viagens fantasmas a fim de receber subsídios do estado. A estimativa é que o prejuízo gerado por esse grupo chegue a dezenas de milhões de reais por ano.
Agentes saíram para cumprir 9 mandados de busca e apreensão. Um dos alvos acabou preso em flagrante: Altemar Pinto, apontado como chefe da quadrilha, foi pego por porte ilegal de arma.
Há ainda a suspeita de que veículos roubados ou com peças furtadas eram usados na fraude.
“A gente percebeu que em várias viagens um bilhete era passado diversas vezes, e a van nem saía do lugar”, declarou o delegado Pedro Brasil.
Como era o golpe
O esquema envolve linhas intermunicipais entre o Centro do Rio de Janeiro e a Baixada Fluminense — como Duque de Caxias, Magé e Guapimirim.
A polícia descobriu que os fraudadores simulavam dezenas de passagens por hora em veículos com apenas 15 lugares, utilizando-se do sistema de bilhetagem eletrônica. Cada validação gerava um crédito a ser reembolsado pelo estado, na forma de subsídio tarifário.
Em um dos casos, foram 34 validações em apenas 1 hora, sem que nenhum passageiro de verdade tivesse entrado na van. Em outra situação, um permissionário acionava o validador várias vezes com o veículo parado.
“Então, com base nesse elemento, a gente investigou esse crime de peculato, uma vez que essa passagem é subsidiada pelo governo, ou seja, dinheiro do estado que está entrando para eles, e com base nisso nós aprofundamos a investigação, conseguimos desbaratar essa organização criminosa, identificar a conduta de cada um e perceber que havia um esquema muito mais complexo de lavar de dinheiro, com, é, saques fracionados, transferências internas e empresas fantasmas”, detalhou o delegado.
Os alvos responderão pelos crimes de peculato, lavagem de capitais e constituição de organização criminosa, com penas que, somadas, podem ultrapassar 30 anos de reclusão.
O nome da operação é uma referência a Caronte, o barqueiro da mitologia grega que cobrava para atravessar as almas dos mortos ao submundo.