Pelo menos cinco suspeitos foram mortos na operação de hoje no Morro dos Tabajaras, em Copacabana. De acordo com reportagem exibida pelo RJTV, da TV Globo, e pelo g1 entre os mortos está o traficante conhecido como “Cheio de Ódio”, apontado como chefe do tráfico local e acusado de liderar ataques contra policiais.
A ação é conduzida pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), com apoio da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), e tem como principal objetivo o cumprimento de mandados de prisão contra os responsáveis pela morte do agente João Pedro Marquini, morto em serviço.
“Foi uma investigação detalhada. Conseguimos identificar marginais diretamente envolvidos nesse crime hediondo, e hoje estamos nessa região para cumprir as ordens judiciais”, declarou o secretário de Polícia Civil do Rio de Janeiro, Felipe Curi em entrevista ao RJTV.
Chegada do core na entrada da ladeira dos tabajaras CV em Copacabana zona sul do rio de janeiro. pic.twitter.com/kyjH2YVaAv
— Rio em guerra (@Rioemguerraofc) April 15, 2025
“Cheio de Ódio” era considerado um dos criminosos mais violentos no Rio
Segundo o secretário, o traficante “Cheio de Ódio” era considerado um dos criminosos mais violentos em atividade. A operação ocorre em meio à intensificação da disputa territorial entre facções, especialmente a expansão do Comando Vermelho, que tenta consolidar domínio em áreas anteriormente controladas por milicianos.
“A facção criminosa Comando Vermelho está em plena política expansionista. Estamos atuando para estancar esse avanço territorial”, afirmou Curi.
🚨💀ATÉ O MOMENTO – 4 MORTOS e 2 PRESOS (SEGUNDO INFORMAÇÕES) OPERAÇÃO DA PCERJ NA LADEIRA DOS TABAJARAS EM BOTAFOGO/COPACABANA.
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⚠️ATENÇÃO: Agentes da CORE e da Delegacia de Homicídios da Capital realizam, nesta terça, uma operação na Ladeira dos Tabajaras (CV), em Copacabana,… pic.twitter.com/Jl5UB8UuXq
Mortes, tiroteios e apelo à população
Curi evitou confirmar o número total de mortos, alegando que a operação ainda estava em andamento no momento da entrevista. Questionado sobre relatos de quatro mortes e o possível ferimento de uma criança, limitou-se a dizer que “alguns criminosos foram neutralizados” e que mais detalhes seriam divulgados após o término da ação.
O secretário também reiterou que o confronto se dá em resposta direta à reação dos criminosos: “Se eles não reagirem, não haverá confronto. Agora, se optarem pelo confronto, a escolha é deles”.
Sobre a morte do agente da Core, Curi explicou que ele foi atacado quando retornava, com uma juíza, de uma missão na Favela de Antares, na Zona Oeste, região de forte atuação miliciana. “Tentaram roubar o carro em que estavam. Foi uma emboscada”, contou.
Curi pediu o apoio da população local, especialmente moradores de Copacabana e Botafogo, incentivando denúncias anônimas: “Nosso objetivo é proteger a população de bem. Estamos aqui para retirar de circulação os marginais que oprimem a comunidade”.
Críticas às restrições e reações ao STF
O secretário criticou as limitações impostas por decisões judiciais nos últimos anos, que, segundo ele, dificultaram o trabalho policial e permitiram o fortalecimento do tráfico.
“A estrutura das facções está muito mais armada hoje. Isso é fruto de uma vantagem de meia década que o crime teve por conta de restrições. Só podíamos agir em casos excepcionais. Isso nos enfraqueceu e fortaleceu os criminosos”, afirmou.
Curi citou que, apenas no ano passado, a Polícia Civil apreendeu 732 fuzis. Agora, segundo ele, o desafio é retomar o controle de áreas dominadas por facções.
A ofensiva ocorre menos de duas semanas após o Supremo Tribunal Federal (STF) concluir o julgamento da ADPF 635, conhecida como “ADPF das Favelas”, que busca reduzir a letalidade policial no Rio. O plano aprovado pelos 11 ministros inclui medidas como a obrigatoriedade de câmeras corporais em policiais e viaturas, ampliação da atuação da Polícia Federal em crimes interestaduais, e a elaboração de estratégias de reocupação de territórios.
Entre as novas exigências, também está a realização de autópsias com prazo máximo de dez dias e a comunicação imediata ao Ministério Público de mortes em ações policiais, para que promotores possam acompanhar in loco as investigações.
A flexibilização de algumas regras, como o uso de helicópteros em operações, foi aprovada após intensos debates entre autoridades públicas e representantes da sociedade civil, em busca de um modelo que garanta segurança sem comprometer os direitos humanos.
A operação segue em andamento nas áreas de mata próximas ao Morro dos Tabajaras, com o cerco a outros suspeitos e a busca por armas de grosso calibre. A expectativa é que novas atualizações sejam divulgadas nas próximas horas.