Nem Lula nem Bolsonaro na campanha dos candidatos das cidades da Baixada Fluminense

*Paulo Cezar Pereira

Aviso importante aos candidatos a prefeito e a vereador nas cidades da Baixada Fluminense: o eleitores da região até agora não foram seduzidos pró Lula ou pró Bolsonaro ao serem instados a revelarem suas intenções de votos nas eleições municipais de 6 de outubro próximo. O voto ideológico está guardando para futuras eleições.

O que interessa mesmo ao cidadão são propostas para segurança pública, saúde, educação, mobilidade, empregos, iluminação pública, cultura, meio ambiente e outras questões que mexem com a qualidade de vida onde ele mora.

No Rio de Janeiro, berço do bolsonarismo, o candidato Ramagem ( PL) está levando uma surra do prefeito Eduardo Paes (PSD) em todas as pesquisas de intenções de voto para a prefeitura. Paes poderá ganhar a disputa ainda no primeiro turno. Se conquistar a reeleição, Paes será novamente prefeito não porque é amigo de Lula há anos, mas porque trabalhou muito, gosta de samba, ama o Rio e acorda cedo.

Se Paes vencer é porque administrou a Prefeitura com pessoas competentes e resolveu a questão do transporte na Zona Oeste, mandou demolir prédios construídos por milicianos na Muzema, enfim devolveu a Avenida Brasil aos cariocas e ainda construiu o terminal Gentileza, além de recuperar a saúde na capital. Ficou tão forte eleitoralmente que nem precisou escolher seu companheiro de chapa fora do seu ambiente de trabalho, apesar da pressão do PT e de outros partidos que lhe assediaram pedindo a vaga de vice.

Distância de Bolsonaro

Em Nova Iguaçu, o candidato Dudu Reina (PP), presidente da Câmara de Vereadores, também passa distante, na campanha , da polarização nacional que ocorre em várias capitais. Preferiu apresentar-se apenas como candidato do prefeito Rogério Lisboa e do deputado Dr. Luizinho, políticos que estão na memória dos eleitores pelas “entregas” que fizeram em Nova Iguaçu. Dudu Reina é o que promete dar continuidade a um governo bem avaliado após oito anos. Não há o nome de Jair Bolsonaro nos santinhos eletrônicos dele , adesivos e bandeiras que tremulam em pontos estratégicos de Nova Iguaçu . Dudu Reina, se os números das pesquisas se confirmarem nas urnas, poderá ganhar a eleição já no primeiro turno.

O neopetista Tuninho da Padaria, uma invenção do deputado Lindbergh Farias, dorme com a foto de Lula debaixo do travesseiro, mas seu desempenho eleitoral nas pesquisas o colocam em terceiro lugar hoje. Na bolsa de apostas da cidade, não ameaça o segundo colocado, o milionário Clébio Jacaré, cuja candidatura segue impugnada pela Justiça Eleitoral, a pedido do MP.

Apoio de Lula não é decisivo

Em Belford Roxo, a proximidade do prefeito Waguinho com Lula não é suficiente para impedir o avanço do candidato oposicionista Marcio Canella ( União Brasil) nas pesquisas de intenção de voto. Canella lidera sem transformar Bolsonaro em seu cabo eleitoral. Matheus Carneiro,sobrinho do atual prefeito, está em segundo lugar, mas longe de Canella. Em Duque de Caxias, Zito (PV) lidera as pesquisas, não porque é apoiado pelo PT de Lula, mas porque os eleitores da cidade estão cansados de verem a família Reis comandando, cometendo erros administrativos e políticos, a cidade que tem mais de R$ 4 bilhões de orçamento.

Em Paracambi, Andrezinho Ceciliano lidera com ampla vantagem as pesquisas para conquistar a prefeitura. Esperto, ele, que é deputado estadual pelo PT. trocou o vermelho pelo laranja em seu material de campanha. Os petistas não reclamaram porque ele é filho de André Ceciliano, ex-presidente da Alerj e prefeito duas vezes em Paracambi.

A força do Bolsa Família

A capital, Rio de Janeiro, é a cidade com maior número de contemplados pelo Bolsa Família no estado em setembro, com 530,9 mil famílias. Na sequência dos cinco municípios com maior número de beneficiários aparecem Nova Iguaçu (125,1 mil), Duque de Caxias (112,7 mil), São Gonçalo (77,3 mil) e Belford Roxo (77,2 mil).

No entanto, nestas cidades os candidatos apoi

ados pelo PT ou lançados pela legenda não sabem a força eleitoral do programa que é tido como o bolo da cereja do governo Lula. Ninguém fala do Bolsa Família na televisão ou no material de campanha.

Itaguaí, cidade com 116,8 mil habitantes e com 15.158 famílias beneficiárias pelo Bolsa Família, é o município fluminense com maior valor médio registrado neste mês: R$ 701,36. Na sequência no estado aparecem Varre-Sai (R$ 700,79), Nova Iguaçu (R$ 699,12), Cordeiro (R$ 693,67) e Macaé (R$ 693,10).

O Bolsa Famíla é o maior programa de transferência de renda no Brasil e foi criado por Lula, mas a eleição é para melhorar a qualidade da merenda escolar, do transporte público, da educação das crianças e dos postos de saúde.

Na Baixada, a disputa, agora, não será Lula x Bolsonaro. A eleição nas cidades da região está municipalizada.

*Paulo Cezar Pereira, Jornalista, é Editor Chefe do Nova Iguassu Online.

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