O secretário de Polícia Civil do Rio, Felipe Curi, afirmou nesta quinta-feira (29) que o cantor MC Poze do Rodo utilizava suas músicas como ferramenta de propaganda da facção criminosa Comando Vermelho. Segundo as investigações, o artista estaria promovendo uma narrativa que “enaltece o crime como uma necessidade social”, com o objetivo de atrair jovens para o tráfico.
“A gente combateu aqui, mais uma vez, esse instrumento de propaganda e de guerra informacional que era feito por meio desse falso artista, que com as suas letras enaltecia somente uma facção, que é o Comando Vermelho, ele só fazia shows em áreas com atuação do Comando Vermelho, cercado de criminosos ostentando fuzis para o alto e propagando as suas letras fomentando e enaltecendo essa facção criminosa. Essas ações também serviam como um instrumento de cooptação e de aliciamento de menores para ingresso no crime organizado”, afirmou Curi.
As declarações foram dadas durante uma coletiva na Cidade da Polícia, na Zona Norte do Rio, horas após a prisão de Poze.
“Esse elementos se misturam ao meio social e influenciam a cultura, o linguajar, os costumes, em uma armadilha para cooptar os jovens. Cooptar pessoas de comunidade vulneráveis para o crime, através da arte e da cultura, usando esses dois valores sociais como arma”, acrescentou o delegado Carlos Oliveira, subsecretário operacional da Polícia Civil.
O delegado Moisés Santana, titular da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE), acrescentou que o funkeiro também é alvo de investigações que envolvem casas de apostas ilegais.
“Ele também realiza diversas outras atividades que são investigadas pela DRE e pela Polícia Civil que podem configurar outros tipos de crimes ligados a facções criminosas, como enaltecendo casas de apostas, bets, jogos do Tigrinho, dentre outras atividades que podem envolver crimes de lavagens de dinheiro”, detalhou.
A Polícia Civil também apura o envolvimento de produtoras e organizadores de eventos ligados a facções, especialmente em bailes funk financiados pelo tráfico de drogas em comunidades do Rio.
“Existem diversas investigações em andamento na própria DRE, o financiamento e a produção de bailes funks dentro das comunidades financiados pelo tráfico de drogas”, disse Santana.
MC Poze do Rodo foi preso temporariamente e poderá ter a prisão convertida em preventiva durante audiência de custódia. Ele é investigado por tráfico de drogas, associação para o tráfico e apologia ao crime.
Prisão
O cantor foi detido por agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE) durante a madrugada, em um condomínio de luxo no Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste do Rio.
Na casa do cantor, os policiais apreenderam joias, celulares e dispositivos eletrônicos. Ele é investigado por apologia ao crime e suposto envolvimento com o tráfico de drogas.
Segundo a polícia, MC Poze costuma se apresentar em bailes realizados exclusivamente em comunidades dominadas pelo Comando Vermelho (CV), onde traficantes fortemente armados garantiriam a segurança dos eventos.
Ainda de acordo com os policiais, o conteúdo das músicas do artista “faz clara apologia ao tráfico de drogas e ao uso ilegal de armas de fogo” e que ele incita confrontos entre facções rivais, como o CV e o Terceiro Comando Puro.
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram Poze se apresentando cercado de homens armados com fuzis. Em uma das músicas, ele menciona o nome do CV e provoca diretamente a facção rival.
O carro do cantor, uma BMW X6 avaliada em mais de R$ 1 milhão, foi apreendido na manhã desta quinta-feira (29) por uma infração administrativa. Segundo a Polícia Civil, o documento do veículo registra a cor preta, mas ele está pintado de vermelho.
A reportagem tenta localizar a defesa do cantor. O espaço segue aberto para eventuais manifestações.
