No primeiro dia útil de sua gestão, Márcio Canella (União), prefeito de Belford Roxo, na Baixada Fluminense, anunciou o fechamento da sede administrativa do governo por 15 dias. A medida, oficializada por decreto, foi justificada por ele devido ao desaparecimento de itens essenciais da Prefeitura, como computadores e HDs, além de objetos como bandeiras e até mesmo um chuveiro. A denúncia foi feita por Canella em um vídeo publicado nas suas redes sociais, após uma acirrada disputa eleitoral contra o grupo político do ex-prefeito Waguinho (Republicanos).
Na gravação, Canella não economiza críticas ao ex-prefeito, chamando-o de “porco”. Os dois, que já foram aliados, agora estão em lados opostos. “Estou aqui na prefeitura e encontrei um verdadeiro caos. Furtaram computadores, HDs, apagaram todas as informações para dificultar nosso trabalho. Este foi mais um ato criminoso do ex-prefeito Waguinho”, declarou o ex-deputado estadual. “Levaram até as bandeiras da cidade, do Brasil e do Rio de Janeiro.”
Apesar do fechamento temporário, Canella garantiu que os serviços essenciais seguirão funcionando enquanto ele tenta organizar o que classificou como “a bagunça deixada por esse porco na cidade”. Em Belford Roxo, ao contrário do que prevê a legislação, não houve transição de governo. Para piorar o clima tenso, no dia 30 de dezembro, servidores com salários atrasados atiraram ovos no carro oficial de Waguinho enquanto ele saía de sua última agenda como prefeito – a inauguração de uma maternidade municipal. No último dia do ano, funcionários de setores como saúde e educação chegaram a invadir o prédio da Prefeitura para cobrar o pagamento de salários, benefícios e do 13º.
Durante a disputa eleitoral, o político do Republicanos tentou emplacar seu sobrinho, Matheus do Waguinho, como sucessor. Nas redes sociais, Waguinho aparenta ignorar as controvérsias e tem repostado mensagens de aliados que o elogiam como líder. Ele e Canella se distanciaram politicamente a partir de 2022, quando Waguinho declarou apoio a Lula, enquanto o ex-deputado manteve-se fiel ao bolsonarismo.