Mais de 11 milhões de mulheres deixam o mercado de trabalho no Brasil para cuidar de filhos e da casa

Se essas mulheres pudessem permanecer no mercado, a força de trabalho cresceria cerca de 10% | Foto: Foto: Wilson Dias/Arquivo/Agência Brasil

Uma pesquisa inédita realizada pelo Centro de Pesquisa em Macroeconomia das Desigualdades (Made), da USP, revela que mais de 11 milhões de mulheres brasileiras deixaram o mercado de trabalho em 2022 para cuidar dos filhos e da casa, apesar de desejarem estar ativas no mercado laboral.

Os dados apontam que 6,8 milhões de mulheres negras e 4,3 milhões de mulheres brancas estão fora da força de trabalho, representando uma significativa parcela da população feminina que poderia contribuir para o crescimento econômico do país.

Se essas mulheres pudessem permanecer no mercado, a força de trabalho cresceria cerca de 10%, em um momento em que o Brasil enfrenta um envelhecimento rápido e a expectativa é de estagnação populacional até o final da década.

Especialistas alertam para o impacto direto na produtividade nacional. Mesmo com maior nível de instrução do que os homens, as mulheres continuam recebendo, em média, apenas 78% do salário dos seus colegas do sexo masculino. A pesquisa também destaca que a participação das mulheres casadas com filhos de até 2 anos é consideravelmente menor em comparação com outros arranjos familiares.

Segundo Amanda Resende, uma das autoras do estudo do Made, o acesso das mulheres ao emprego e renda impacta diretamente no Produto Interno Bruto (PIB). No entanto, mulheres mães, especialmente as negras, enfrentam desafios adicionais, como a pobreza de tempo e renda, que as colocam em empregos informais e mal remunerados.

Janaína Feijó, economista do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV), ressalta a ineficiência da economia ao desperdiçar mão de obra qualificada, o que intensifica os efeitos da transição demográfica em curso no país.

A busca pela igualdade de gênero não é apenas uma questão de justiça social, mas também uma necessidade econômica urgente, conforme destacam os especialistas. A alocação mais eficiente da mão de obra feminina potencializaria o crescimento e a produtividade do Brasil, que têm se mantido estagnados nas últimas décadas.

Com informações de O Globo

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