O Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), por meio da 1ª Promotoria de Justiça junto às Varas Criminais de Belford Roxo, requereu, na terça-feira (14/05), a pronúncia dos réus Julio Cesar Ferreira dos Santos e Jorge Luiz Custódio da Costa, acusados de duplo homicídio em Belford Roxo no dia 12/12/2020.
Os policiais são acusados de abordar as vítimas Edson Arguinez Junior e Jordan Luiz Natividade, que estavam a bordo de uma motocicleta, e efetuar um disparo de arma de fogo contra elas. A abordagem foi flagrada por câmeras de segurança. Pelas imagens, se verifica que os acusados encontraram um simulacro ou uma pistola com as vítimas, que foram agredidas ainda caídas ao solo. Em seguida, os jovens foram colocados algemados na viatura. Todavia, seus corpos foram encontrados em área de mata, na comunidade do Babi, local bem distante da ocorrência policial e onde há intensa atuação da milícia de Belford Roxo.
Os policiais militares foram presos em flagrante, ocasião em que Julio Cesar autorizou o acesso a seu aparelho celular, onde foram encontradas diversas mensagens que comprovaram o vínculo criminoso dele com outros 13 policiais do 39º Batalhão, o que motivou a deflagração da Operação Patrinus também na terça-feira (14/05).
Além da descoberta dos crimes de organização criminosa, corrupção e peculato por policiais militares do Setor Alfa do 39º BPM, a análise do aparelho celular de Julio Cesar também permitiu descortinar seu vínculo e o do corréu Jorge Luiz com a liderança da milícia de Belford Roxo.
Foram encontradas mensagens trocadas, dois dias antes do crime de homicídio de Edson e Jordan, entre Julio Cesar e Jorge Luiz com o miliciano Domerice dos Santos José, vulgo Dito ou Devagar, responsável por criar a milícia atuante nos bairros de Nova Aurora e Babi, onde os corpos das vítimas foram localizados. Domerice foi citado no Relatório Final de CPI das Milícias, em 2008, como líder da organização.
As conversas com Domerice se deram com ele preso, já que foi detido em 2017 e encontra-se custodiado desde então. Também foi constatado que Julio Cesar, pouco tempo depois da abordagem às vítimas, efetuou uma ligação para o policial militar Alex Bonfim de Lima Silva, conhecido como “Alex Armeiro”, que já responde a ações penais por porte ilegal de arma de fogo e por envolvimento com as milícias atuantes no Bairro Babi, em Belford Roxo (onde os corpos das vítimas foram encontrados), e em São João de Meriti.
No aparelho celular de Julio Cesar também foram recuperadas várias mensagens em que o acusado deixa claro sua obsessão por matar assaltantes.
Diante das provas obtidas pela análise do aparelho celular de Julio Cesar, o Juiz Luis Gustavo Vasques, titular da 1ª Vara Criminal de Belford Roxo, decretou a prisão preventiva dos réus, destacando que “os elementos de convicção trazidos a exame deixam revelar a contento indícios de autoria e prova da materialidade do crime” e que “é necessário assegurar a integridade física dos familiares das vítimas e testemunhas, cujos depoimentos em juízo são imprescindíveis para o processo”.