Quatro dias após ter o seu passaporte confiscado pela Polícia Federal, em fevereiro deste ano, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) ficou dois dias na embaixada da Hungria do Brasil, como revelam imagens do circuito interno de segurança obtido pelo jornal The New York Times. A reportagem sugere que Bolsonaro, temendo uma ordem de prisão, estava interessado em buscar asilo em uma representação diplomática de um país comandando por um político de extrema-direita, o primeiro-ministro Viktor Orbán.
A Polícia Federal apreendeu o passaporte do ex-presidente em 8 de fevereiro. O documento estava na sede do PL, onde as agentes cumpriram mandados de busca e apreensão na operação que investigava uma tentativa de golpe de Estado para impedir a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. Entre os alvos da operação estavam militares que fizeram parte da cúpula do governo Bolsonaro, como os generais Braga Netto, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira.
Segundo o NYT, que exibe vídeos de Bolsonaro dentro da embaixada, o ex-presidente ficou dois dias na embaixada: chegou dia 12 e só saiu dia 14. É possível ver que Bolsonaro estava acompanhado por dois seguranças e equipe do embaixador Miklos Tamás Halmai. A reportagem traz o título: “Bolsonaro, enfrentando investigações, se esconde na Embaixada da Hungria”.
“Bolsonaro, alvo de diversas investigações criminais, não pode ser preso em uma embaixada estrangeira que o acolhe, porque estão legalmente fora do alcance das autoridades nacionais”, afirma o jornal norte-americano ao citar que a presença do ex-presidente na Embaixada sugeria que ele estava tentando se utilizar da amizade com o primeiro-ministro Orbán, em uma “tentativa de escapar do sistema de justiça brasileiro enquanto enfrenta investigações criminais”.
O jornal informa que analisou as imagens de três dias de quatro câmeras na Embaixada da Hungria, mostrando que Bolsonaro chegou na noite de segunda-feira, 12 de fevereiro, e partiu na tarde de quarta-feira, 14 de fevereiro.
Nas imagens, aparecem funcionários andando pelas dependências da representação diplomática, na área residencial, com roupas de cama, uma cafeteira e uma jarra de água no setor destinado a hóspedes.
Em 2022, durante viagem a Budapeste, Bolsonaro disse que considera o primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, “um irmão, dada a afinidade que temos na defesa dos nossos povos”. No pronunciamento em conjunto, o ex-presidente disse que Brasil e Hungria compartilhavam dos mesmos valores: “Deus, pátria, família e liberdade”.
Após a divulgação da reportagem, os advogados de Bolsonaro emitiram nota em que confirmam que o ex-presidente ficou na embaixada, a convite. E que, nesse período, conversou com autoridades do país sobre o cenário atual. Frisou ainda que Bolsonaro é amigo do primeiro-ministro húngaro, com quem se encontrou na posse do presidente argentino Javier Milei, no ano passado. Qualquer outra interpretação, dizem, é fake news.
Com informações do Correio Braziliense e Metrópoles