Inflação acelera em setembro e sobe 0,44%, puxada por energia elétrica

Conta de luz ficou, em média, 5,3% mais cara no mês. Mudança na bandeira tarifária de verde para vermelha ajuda a explicar alta

A inflação voltou a acelerar em setembro após uma queda (deflação) pontual no mês anterior, em agosto. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), medido pelo IBGE, teve alta de 0,44% no mês. O resultado foi puxado, sobretudo, pelo aumento da energia elétrica. A conta de luz ficou, em média, 5,3% mais cara no mês e exerceu impacto de 0,21 ponto percentual no índice.

Alta da energia elétrica pressiona inflação

A entrada da bandeira tarifária vermelha patamar 1, em setembro, foi o principal motivo para a alta de 1,80% do grupo Habitação, explica o gerente do IPCA, André Almeida. A bandeira acrescenta R$4,46 aproximadamente a cada 100kwh consumidos.

O aumento do custo de energia tem sido motivado pela seca e pelos baixos níveis dos reservatórios, o que já leva economistas a considerarem uma inflação maior do que o esperado para o fim do ano. E, por enquanto, a tendência ainda é de preços elevados na conta de luz. Para outubro, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) anunciou que a bandeira tarifária será ainda mais cara: entrará em vigor a vermelha, patamar 2.

Veja o resultado dos grupos do IPCA:

  • Alimentação e bebidas: 0,50%
  • Habitação: 1,80%
  • Artigos de residência: -0,19%
  • Vestuário: 0,18%
  • Transportes: 0,14%
  • Saúde e cuidados pessoais: 0,46%
  • Despesas pessoais: -0,31%
  • Educação: 0,05%
  • Comunicação: -0,05%

Preços dos alimentos voltam a subir

Já o grupo Alimentação e bebidas registrou alta de 0,5% em setembro. O aumento foi puxado pela alta de preços de 0,56% na alimentação no domicílio, que voltou a subir após dois meses de queda. Carne bovina e algumas frutas, como laranja, limão e mamão, ficaram mais caras em setembro.

— Falando das carnes, a forte estiagem e o clima seco foram fatores que contribuíram para a diminuição da oferta. É importante lembrar que tivemos quedas observadas ao longo de quase todo o primeiro semestre de 2024, com alto número de abates. Agora, o período de entressafras está sendo intensificado pela questão climática — explica Almeida.

A alimentação fora do domicílio, por sua vez, registrou alta de 0,34%, variação próxima à de agosto (0,33%). O custo da refeição desacelerou de 0,44% para 0,18%, enquanto o lanche acelerou de 0,11% para 0,67%.

Risco de estouro do teto da meta de inflação

A adoção da bandeira vermelha sobre a conta de luz e a perspectiva de preços mais elevados sobre alguns alimentos pode fazer com que o IPCA estoure o teto da meta de inflação (4,5%) prevista para 2024 pelo Banco Central.

A meta de inflação para este ano é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo. Segundo Boletim Focus, do Banco Central, que reúne estimativas de analistas, o mercado espera, até agora, inflação de 4,38% em 2024.

A depender do aumento de preços a ser registrado nos próximos meses, a inflação poderá encerrar o ano acima do teto da meta. Se confirmado, será a terceira vez que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, terá que escrever uma carta ao Conselho Monetário Nacional (CMN) com os motivos que levaram ao descumprimento da meta. Sob seu comando, o teto já foi estourado em 2021 e 2022.

Com informações do O Globo

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