Incêndio no Sumaré: Professores da PUC-Rio fazem alerta sobre o risco de grandes incêndios em centros urbanos

Foto: FELIPE RAU/ESTADÃO CONTEÚDO

A ocorrência de incêndios em todo o país acima da média dos últimos anos despertou a preocupação da professora Jakeline Pires, Diretora do Departamento de Biologia, e do professor José Araruna, coordenador do curso de Engenharia Ambiental da PUC-Rio.
 

Com o foco das pesquisas voltado para ecologia nas cidades, a professora Jakeline faz um alerta sobre o perigo dos incêndios em áreas urbanas, como o que ocorreu na última terça-feira (1/10), no Sumaré, na Tijuca, perto das torres de televisão.
 

Segundo ela, as condições climáticas e manchas de vegetação dominadas por uma única espécie acarretam em um grande risco de propagação do fogo principalmente em áreas próximas a comunidades de moradias precárias.
 

“As elevadas temperaturas, a baixa umidade do ar e a presença de manchas de vegetação dominadas por uma única espécie podem acarretar em grandes incêndios que podem comprometer a infraestrutura das cidades”, alerta a professora.
 

Uma destas espécies é a leucena, vegetação exótica proveniente da América Central introduzida no país pela sua capacidade de fixar o nitrogênio e recuperar áreas de minério de ferro. Segundo a professora, existem muitas manchas de leucena em todo o país e a PUC-Rio tem um estudo em andamento para mapear as áreas com dominância desta espécie.
 

“Hoje, esta vegetação está presente em muitas regiões da cidade. A leucena tem um poder calorífico alto e a monodominância dessa espécie pode dificultar o combate aos focos de incêndio. Uma vegetação com biodiversidade é muito importante, pois o poder de combustão das espécies é distinto, por isso áreas com vegetação biodiversa são menos propensas a propagação de fogo. Precisamos de áreas verdes com diversidade”, argumenta a professora.
 

Já o professor Araruna, chama atenção para o fato de que os incêndios podem atingir a infraestrutura em subsuperfície das cidades, pela sua proximidade com a superfície do terreno, danificando, por exemplo as redes de distribuição de água e de gás, rede coletora de esgoto, cabos de telefonia e fibra ótica.
 

Em florestas urbanas há um potencial de causar danos à rede de distribuição de energia elétrica, em especial à rede de alta tensão, como ocorreu recentemente no Parque Estadual da Pedra Branca em Jacarepaguá.
 

Uma preocupação grande é com o Gasbol, gasoduto que liga o Brasil à Bolívia e que está a apenas 1 metro da superfície do solo, passando pela região do Pantanal, onde há uma grande ocorrência de focos de incêndios.
 

“Os incêndios destroem não somente a vegetação em superfície, como o calor também é prejudicial à biocenose, presente em subsuperfície. No caso dos centros urbanos, há uma infraestrutura gigantesca que corre o risco de ser danificada. No caso do Gasbol, teríamos consequências gravíssimas, acarretando na interrupção de todo o fornecimento de gás”, avalia o professor.

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