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Imperatriz Leopoldinense leva Oxalá para visitar Xangô no reino de Oyó

F1 Os ensaios de rua da Imperatriz tem atraído um grande público em Ramos (Nelson Malfacini / Imperatriz)

Segunda escola a desfila no domingo de carnaval, a vice-campeã Imperatriz Leopoldinense levará apara a Sapucaí o enredo “ÓMI TÚTÚ AO OLÚFON – ÁGUA FRESCA PARA O SENHOR DE IFÓN”, do carnavalesco Leandro Vieira. A verde e branco de Ramos contará a peregrinação de Oxalá para visitar Xangô no reino ioruba de Oiyó, onde hoje é Benin e Nigéria. A Imperatriz foi campeã em 1980, 1981, 1989, 1994, 1995, 1999, 2000, 2001 e 2023.

Em linhas gerais, o carnavalesco Leandro Vieira irá narrar a visita de Oxalá à Xangô. O carnavalesco contará ainda as peripécias de Exu e o desfecho da história, incluindo todas as celebrações que acontecem no dia de hoje.

Soberano busca informações antecipadas

A Imperatriz teve uma final de samba concorrida e vai buscar o campeonato (Nelson Malfacini / Imperatriz)

Ao desenvolver o enredo, Leandro Vieira destaca que “Em certa ocasião, em um tempo que não carece precisão, Oxalá deseja visitar outro OBÁ. Um fraterno companheiro, quarto ALAFIN do trono de Oyó; o fogo que arde vivo no casco de um AJAPÁ que rasteja tal qual brasa incandescente: Xangô. Como é costumeiro e conveniente aos soberanos, antes de seu deslocamento, Oxalá busca saber de forma antecipada informações sobre a jornada que estava disposto a realizar, consultando o BABALAÔ de Ifón e a tábua sagrada (o OPOM-IFÁ)”.

Três mudas de roupa brancas na bagagem

A velha guarda da Imperatriz está sempre presente nos desfile da agremiação (Nelson Malfacini / Imperatriz)


O carnavalesco continua sua narrativa: “Jogo feito e búzios caídos. O IEROSSUM marca um ODÚ que antecipa desgraça e ruína. O sacerdote tenta – em vão – convencer o soberano a desistir da viagem. Irredutível, ele diz que irá. Diante da negativa e da insistência de contrariar seu odú, é então orientado de forma imperativa: “como bagagem indispensável para a viagem, leve três mudas de roupas brancas (AṢO FUN FUN) e sabão da costa (ÒSÉ DUDU). No percurso, para afastar a morte, mantenha-se em silêncio absoluto e, em nenhuma hipótese, não se negue a realizar qualquer coisa que lhe for solicitada”.

Veja o samba da Imperatriz Leopoldinense

Enredo: “ÓMI TÚTÚ AO OLÚFON – ÁGUA FRESCA PARA O SENHOR DE IFÓN”

Compositores: Me Leva, Thiago Meiners, Miguel da Imperatriz, Jorge Arthur, Daniel Paixão e Wilson Mineiro

Carnavalesco: Leandro Vieira

Vai começar o itan de Oxalá
Segue o cortejo funfun pro senhor de Ifón, Babá

Orinxalá, destina seu caminhar

Ao reino do quarto Alafin de Oyó
Alá, majestoso em branco marfim
Consulta o ifá e assim
No odú, o presságio cruel
Negando a palavra do babalaô
Soberano em seu trono, o senhor

Vê o doce se tornar o fel
Ofereça pra Exú… um ebó pra proteger
Penitência de Exú, não se deixa arrefecer
Ele rompe o silêncio com a sua gargalhada
É cancela fechada, é o fardo de dever

Mas o dono do caminho não abranda
Foi vinho de palma, dendê e carvão
Sabão da costa pra lavar demanda
E a montaria te leva à prisão
O povo adoeceu, tristeza perdurou
Nos sete anos de solidão

Justiça maior é de meu pai Xangô
No dendezeiro, a justiça verdadeira (Meu pai xangô mora no alto da pedreira)

Onde o banho de abô pra purificar
Desata o nó que ninguém pode amarrar
Transborda axé no ibá e na quartinha
Pra firmar tem acaçá, ebô e ladainha

Oní sáà wúre! Awure!
Quem governa esse terreiro ostenta seu adê
Ijexá ao pai de todos os oris
Rufam atabaques da Imperatriz

Entenda o samba da Imperatriz nas entrelinhas

Itan: palavra nagô que significa história e se refere a contos mitológicos da cultura ioruba

Oxalá: é um orixá, uma divindade, cultuada nas religiões brasileiras de matriz africana, Candomblé e Umbanda. É o criador do universo e também o orixá mais poderoso. Oxalá pode receber outros nomes, como Orixalá e Obatalá. 

Oxalá é um orixá, uma divindade, cultuada nas religiões brasileiras de matriz africana, candomblé e umbanda

Funfun: é uma palavra iorubá que significa “branco”. No Candomblé, os Orixás funfun são divindades primordiais que vestem branco e são considerados os primeiros Orixás criados por Olodumaré. 

Ifon: a pesquisa encontrou Efon, que é uma nação de candomblé de origem iorubá (nagô)

Babá: significa pai, em yorubá. Daí vem pai-de-santo, que é o babalorixá

Orinxalá: De acordo com o Ilê Asé Ifaconile, Orinxalá é casado com Yemanjá, suas imagens são colocadas lado a lado e cobertas com traços e pontos desenhados com efum, no Ilésin, local de adoração, dizem que Yemanjá foi a única mulher de Orixalá um caso excepcional de monogamia entre orixás e eborás.

Quarto alafin de Oiyó: Na história iorubana, Xangô foi o quarto alafin de Oyó. O termo alafin refere-se a um rei, sendo que Oyó era um poderoso reino iorubá localizado no atual território de Nigéria e Benim. Alafin é traduzido como “senhor do palácio de Oyó”, um indicativo do poder do alafin em seu reino.

Ifá: sistema de adivinhação e religião que se originou na África Ocidental.

Ifá é um sistema de adivinhação e religião que se originou na África Ocidental e permanece nos dias de hoje

Odu:  é um conceito do culto de ifá também usado no candomblé, interpretado no merindilogum (sistema divinatório usado na África pelos iorubás) na caída de búzios.  A palavra odu vem da língua ioruba e significa destino.

Babalaô: é um título espiritual que se refere a um sacerdote dos cultos iorubanos, como o Ifá. A palavra significa “pai dos segredos” ou “pai dos mistérios” na língua iorubá. 

Exu: Orixá da comunicação, senhor dos caminhos. É o primeiro a ser reverenciado nos rituais e trabalha tanto para o bem como para o mal. É um orixá trabalhador, defensor e conhecido como o mensageiro e o guardião dos terreiros, das aldeias. Das cidades, das casas, do axé e de comportamento humano.

Xangô: Xangô é um orixá do candomblé e da umbanda, associado à justiça, aos raios e ao trovão. É considerado um orixá justo, bondoso, forte e ágil. Seu símbolo principal é o machado de dois gumes e a balança, símbolo da justiça. 

Abô: é um banho de ervas e folhas utilizado em rituais de purificação e fortalecimento nas religiões afro-brasileiras, como o Candomblé e a Umbanda. O banho de abô é feito com uma mistura de folhas sagradas, que são maceradas em água e deixadas em infusão.

Acaçá: Comida ou alimento dos Orixás. Bolo feito com massa de farinha de milho branco ou arroz, cozido em água, sem sal e envolto em folhas de bananeira. É comida votiva do Oxalá, mas pode ser ofertada a qualquer outro Orixá.

Acaçá é comida ou alimento dos Orixás. Bolo feito com massa de farinha de milho branco ou arroz

Ebó: é um ritual de oferenda e limpeza espiritual das religiões afro-brasileiras, como o Candomblé e o Culto à Ifá. É uma forma de pedir energias positivas, agradecer por algo ou resolver problemas.  A palavra ebó vem do iorubá Ẹbọ, que significa “oferta” ou “oferenda.

Ibá: é um recipiente de culto utilizado em rituais religiosos do Candomblé e da Umbanda. É um elemento simbólico que representa a morada dos orixás e a conexão entre os devotos e as divindades. 

Oní sáà wúre:  é uma expressão do Candomblé que significa “Senhor do Tempo”. É uma saudação (oríkì) ao Orixá Olódumare, também conhecido como Olórun. A cantiga “Oní Sáà wúre” é uma das mais conhecidas do Candomblé e é cantada por artistas da MPB. Ela exalta o poder de Olódumare. 

Adê: é uma palavra do idioma iorubá que sigifica “coroa”.

Ijexá: é um ritmo oriundo da cidade de Ilexá, na Nigéria e foi levado para a Bahia pelo enorme contingente de iorubás escravizados que aportou neste estado do final do século XVII até a metade do século XIX.

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