Seis pessoas foram atingidas por tiros durante o tiroteio em operação policial no Complexo de Israel, na Zona Norte do Rio, na manhã desta quinta-feira. Três dos baleados morreram. Paulo Roberto, de 60 anos, chegou já morto no Hospital Municipal Moacyr do Carmo, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Ele foi atingido por um tiro na cabeça. Renato Oliveira Alves Reis, de 48 anos, também foi baleado na cabeça. Ele estava sentado em um banco do ônibus 493 (Central x Ponto Chic), da empresa Tinguá, cochilando, quando a bala o acertou. Ele havia sido levado para o Hospital Federal de Bonsucesso em estado gravíssimo. Geneilson Eustáquio Ribeiro, 49 anos, era motorista de caminhão e teve perfuração no crânio. Ele foi entubado no Moacyr do Carmo com quadro gravíssimo. Chegou a ser transferido para o Hospital Adão Pereira Nunes, onde entrou em cirurgia, mas não resistiu. O intenso confronto entre policiais e criminosos resultou no fechamento total da Avenida Brasil.
Duas pssoas estão internadas no Hospital Federal de Bonsucesso. Outras duas foram levadas para Moacyr do Carmo.
Vítimas
Os mortos eram um motoristas de caminhão e um de carro de aplicativo, e um passageiro de um ônibus. Veja quem são:
Mortos:
- Paulo Roberto de Souza, 60 anos, motorista de aplicativo, deu entrada no Hospital Municipal Dr. Moacyr Rodrigues do Carmo já em óbito, com perfuração na região da cabeça;
- Renato Oliveira, 48 anos, funcionário de um frigorífico, atingido na cabeça, foi socorrido para o Hospital Federal de Bonsucesso (HFB). Ele dormia em um ônibus da linha 493B (Ponto Chic-Central) quando uma bala perdida atravessou a janela e o acertou;
- Geneilson Eustáquio Ribeiro, 49 anos, motorista de caminhão, com perfuração em crânio, foi entubado no Moacyr do Carmo com quadro gravíssimo. Ele foi transferido para o Hospital Adão Pereira Nunes, onde chegou a entrar em cirurgia, mas não resistiu.
Baleados
- Alayde dos Santos Mendes, 24 anos, com perfuração em coxa direita, atendida no Hospital Moacyr do Carmo e recebeu alta médica;
- Um rapaz (identidade não divulgado), de 27 anos, atingido no braço no HFB;
- Outro homem de 27 anos, atingido no quadril, atendido no HFB, e está sob escolta da polícia.
Impactos
- Centro de Operações: a cidade do Rio de Janeiro entrou em estágio 2.
- Trânsito: A Avenida Brasil fechou várias vezes ao longo da manhã, gerando enorme engarrafamentos. Houve reflexos na Washington Luís (BR-040), na Dutra (BR-116) e na Ponte Rio-Niterói.
- Ônibus regulares: 35 linhas foram afetadas com o fechamento da Avenida Brasil.
- BRT: todos os serviços do corredor Transbrasil foram temporariamente suspensos. Às 9h, as linhas estavam sendo retomadas.
- Supervia: ramal Saracuruna suspendeu a circulação entre as estações da Penha e de Caxias.
- Postos de saúde: o Centro Municipal de Saúde (CMS) Iraci Lopes e a Clínica da Família Heitor dos Prazeres suspenderam o funcionamento.
- Colégios: 1 escola da rede estadual e 16 da rede municipal precisaram ser fechadas.
A operação
A ação, voltada para combater quadrilhas envolvidas em roubos de carros e cargas, causou a interrupção de serviços essenciais, como a paralisação parcial do ramal Saracuruna dos trens, afetando milhares de moradores. Cinco estações ferroviárias, incluindo Cordovil e Vigário Geral, foram fechadas por motivos de segurança.
As principais facções envolvidas no confronto são o Terceiro Comando Puro (TCP) e o Comando Vermelho (CV). O TCP, liderado por Álvaro Malaquias Santa Rosa, o Peixão, domina a região do Complexo de Israel, que inclui comunidades como Parada de Lucas, Vigário Geral e Cidade Alta.
A facção possui uma longa rivalidade com o CV, disputando o controle territorial em diversas áreas do Rio. Recentemente, o TCP tem buscado alianças com milicianos para fortalecer sua posição contra o CV, que ainda é uma das maiores organizações criminosas do estado.
Durante a operação, criminosos incendiaram veículos e montaram barricadas para impedir o avanço da polícia. A PM mobilizou agentes do 16º BPM nas comunidades Cinco Bocas, Pica Pau e Cidade Alta. A violência na área continua intensa, enquanto moradores enfrentam dificuldades de locomoção e temem pela segurança em meio aos tiroteios.
“As tropas enfrentaram forte resistência dos criminosos e dificuldade de avanço no terreno por causa das valas que eles cavam. Há relatos de que criminosos, na tentativa de fugir, saíram atirando e por isso houve a necessidade de interrupção do fluxo da Avenida Brasil e dos ramais da Supervia”, disse a tenente-coronel Cláudia Moraes, porta-voz da PM.
Com medo dos tiros, muitos motoristas e passageiros buscaram proteção nas muretas da Avenida Brasil.
Às 8h30, a via foi reaberta, mas muitos motoristas decidiram ficar onde estavam por segurança.
A situação no Complexo de Israel reflete a crescente disputa pelo controle do tráfico de drogas, agravada pelas alianças entre facções e milícias.
‘Vergonha que mostra o total descontrole na segurança’, diz Paes, sobre tiroteio
O prefeito Eduardo Paes (PSD) postou na manhã de hoje um vídeo em suas redes sociais em que comenta o tiroteio que parou a cidade.
A mensagem é endereçada ao secretário estadual de Segurança, Victor Santos.
“Esse caso do Complexo de Israel, essa loucura na Avenida Brasil — principal via da cidade —, fechando trens, BRT, carros parados, pessoas atrás de muretas, nessa vergonha que mostra o total descontrole de vocês na segurança”, declarou Paes.
“O tal Complexo de Israel, há um tempo, eu liguei para o senhor pessoalmente e disse: ‘Me acompanha aqui numa igreja, em Brás de Pina, igreja católica que foi proibida de fazer uma festa junina pelo tal de Peixão’. Como não apareceu ninguém lá, eu tive que ir pessoalmente lá para a igreja para garantir ao padre a festa junina dele”, disse Paes.
Peixão é o traficante Alvaro Malaquias Santa Rosa, chefe do Terceiro Comando Puro. Tem 35 anotações criminais em sua ficha e já foi indiciado e denunciado, mas até hoje não foi preso.
“Então, secretário, você será cobrado pelo prefeito da cidade. Vamos mostrar o tempo todo, porque essa cidade não aguenta mais irresponsabilidade.”
“Acabou a eleição, não tem mais disputa eleitoral, mas vamos cobrar ação efetiva de vocês. A cidade está entregue à criminalidade, sem que a gente veja uma política pública de segurança. A gente não tem clareza do que vocês fazem, vamos continuar cobrando. A minha crítica não é à PM ou à [Polícia] Civil. É à falta do comando.”