O Palácio Tiradentes foi palco, na última sexta-feira (30/08), de uma visita guiada especial. Um grupo com cerca de 100 pessoas teve a rara oportunidade de conhecer o prédio quase centenário com mediação do renomado historiador Milton Teixeira. A iniciativa foi promovida pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) e pela Rádio BandNews FM, na qual Milton conduz a coluna semanal “Um passeio pela história”. Com transmissão ao vivo para os ouvintes da rádio, ele contou fatos curiosos sobre a construção e os episódios marcantes protagonizados no Palácio.
Patrimônio tombado, o Palácio Tiradentes foi inaugurado em 1926 e abrigou a Câmara dos Deputados, a Assembleia da Guanabara e o Parlamento fluminense. No tour, Milton destacou que o prédio chegou a ser o epicentro da política nacional quando o Rio de Janeiro era a capital do país e foi palco da posse de presidentes, como Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek.
“No Palácio, foram feitas constituições e aprovadas leis que garantiram a cidadania da população do Brasil e, posteriormente, do Estado do Rio. Por isso, esse espaço é do povo e deve ser frequentado por ele”, afirmou o historiador. Milton também convidou os ouvintes para fazerem a visita guiada, oferecida pela Alerj gratuitamente de segunda a sexta, das 10h às 17h.
A possibilidade de ver mais de perto o local que ajudou a construir a democracia nacional foi o que levou a professora Márcia Duarte, de 48 anos, a participar do tour. Apesar da beleza da fachada do prédio e de espaços como a biblioteca e o Salão Nobre, ela considerou que o momento mais especial da visita foi poder sentar nas cadeiras do Plenário Barbosa Lima Sobrinho, usadas por deputados durante décadas. “Eu achei fascinante poder estar em um lugar em que tantos direitos foram conquistados para o povo”, declarou Márcia.
Ao descrever para os visitantes detalhes da história do prédio, Milton enfatizou que a construção do Palácio foi bastante econômica para os cofres públicos e contou com doações de todos os estados da federação: “Temos por todos os lados decorações em ramos de café porque São Paulo, principal produtor do grão, foi um grande doador e ofereceu, inclusive, os móveis do plenário”.
A imponência do Palácio, que tem uma arquitetura eclética, chama a atenção de turistas e cariocas que passam cotidianamente pelo Centro do Rio. É o caso do bancário aposentado César Mendes, de 62 anos, que aproveitou o passeio pela história para conhecer a estrutura interna do prédio e suas obras de arte. “Já tinha visto várias vezes pela televisão, já sabia que era bonito, mas mesmo assim me surpreendi. O Palácio está muito bem preservado e conseguiu superar as minhas expectativas”, afirmou.
Formado também em arquitetura e história da arte, Milton Teixeira ofereceu aos visitantes um olhar mais atento para a construção e a decoração do Palácio. Ele contextualizou algumas escolhas feitas no projeto do prédio, que conta com cinco sacadas no Salão Nobre. “Nos primórdios do rádio e quando ainda nem existia televisão no Brasil, esses espaços eram usados como balcões para que os políticos falassem com a população”, explicou o historiador. No quesito arte, ele garantiu: “Temos obras dignas de grandes museus europeus”.
