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Grande Rio tem 37% dos moradores vivendo em ruas sem nenhuma árvore, revela IBGE

Mesmo com florestas urbanas e título da Unesco, cidades enfrentam déficit verde e ilhas de calor crescentes

Apesar de abrigar duas das maiores florestas urbanas do planeta — a Floresta da Tijuca e o Parque Estadual da Pedra Branca —, a região metropolitana do Rio de Janeiro enfrenta um grave déficit de arborização. Segundo dados do Censo Demográfico de 2022, divulgados nesta quinta-feira (17) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 37% das ruas na Grande Rio não possuem nenhuma árvore.

O contraste entre a fama internacional da paisagem carioca — reconhecida pela Unesco como Patrimônio Mundial — e a carência de áreas verdes no cotidiano de muitos moradores evidencia o abismo entre o símbolo e a realidade. Regiões como Madureira, Santa Cruz e Campo Grande ilustram essa contradição, com grandes trechos de vias totalmente desprovidas de sombra e vegetação.

Especialistas alertam que a ausência de cobertura vegetal urbana favorece a formação de ilhas de calor, amplia riscos de alagamentos e agrava a poluição. Um levantamento da Sociedade Brasileira de Arborização Urbana (Sbau) aponta que os bairros de Cordovil, Bangu e Santa Cruz estão entre os mais carentes de árvores da cidade, enquanto Jardim Botânico, Gávea e Grajaú figuram entre os mais arborizados.

Segundo o engenheiro florestal Flávio Telles, da Sbau, “há uma diferença bastante significativa, de 3 a 5 graus de temperatura, entre locais com arborização e sem arborização”. Um estudo mais recente do Observatório do Calor da UFRJ revela que a discrepância térmica pode chegar a 11°C, dependendo da densidade de vegetação, proximidade do mar, presença de rios e lagoas e do tráfego de veículos.

O déficit estimado da cidade do Rio é de 1 milhão de árvores, segundo organizações ambientais. A expansão urbana desordenada nas zonas Norte e Oeste e a falta de políticas eficazes de replantio após remoções por risco de queda ajudam a explicar esse número.

No panorama nacional, o Rio de Janeiro ocupa uma posição intermediária entre os estados com maior presença de árvores nas ruas: apenas 62% da população vive em vias arborizadas, índice abaixo da média nacional e distante dos líderes Mato Grosso do Sul (92,4%), Distrito Federal (84,2%) e Paraná (82,6%).

A própria Floresta da Tijuca, hoje símbolo ambiental da cidade, foi replantada no século XIX como uma iniciativa de preservação dos mananciais de água. O esforço histórico, no entanto, não se refletiu em um projeto contínuo de arborização urbana. Enquanto trilhas e cachoeiras atraem turistas ao coração verde da cidade, milhares de moradores seguem expostos ao sol escaldante e à precariedade ambiental de seus bairros.

Com informações do portal G1 e dados do Censo 2022 do IBGE.

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