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Grande Rio quer encantar a Marquês de Sapucaí com a história Janira, Herondina e Mariana

A Grande Rio vem portentosa e é considerada uma séria candidata ao título (David Normando / Liesa)

Após perder o campeonato no ano passado para a Viradouro por 8 décimos, a Grande Rio, que ficou em terceiro lugar, aposta na força mística da cultura do Pará para conquistar o título este ano. Com o enredo “Pororocas Parawaras: As Águas dos Meus Encantos nas Contas dos Curimbós”, os carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora apostam na força da comunidade e busca do título.

A rainha de bateria Paola Oliveira fará o seu último desfile pela Grande Rio como destaque (Davi Normando / Liesa)

Resumidamente, o enredo remete à história de três princesas turcas (Janira, Herondina e Mariana), que também são representadas por três animais: cobra, arara e onça. Na avenida, as três princesas serão representadas por Naieme, Dira Paes e Fafá de Belém. O samba foi composto por integrantes da escola “Deixa Falar”, de Belém. Entre eles está o mestre de carimbo, o Mestre Damaceno.

Onda de encantaria na Marquês de Sapucaí

Em recente entrevista ao G1, os carnavalescos falaram sobre os seus trunfos na avenida. “O Tambor de Mina é uma religião afro-brasileira que tem origem no Maranhão e é predominante no Pará. É uma religião matriarcal, onde as mulheres têm um papel de destaque”, frisou Gabriel Hadad. “É um enredo guiado pela música ‘Quatro Contas’ de Dona Onete, que vai levar para a Avenida uma onda de encantaria”, acrescenta Leonardo.

Princesas da Turquia chegam à Amazônia

O enredo aborda a história das três princesas turcas que chegaram à Amazônia (foto: reprodução)

A história começa coma a chegada de três princesas turcas à Amazônia em busca de cura. “As princesas são as protagonistas da Mina paraense. São as entidades mais queridas do Tambor de Mina do Pará e celebradas, reverenciadas pelos carimbós. São as protagonistas da Mina paraense, as entidades mais queridas do Tambor de Mina do Pará, celebradas e reverenciadas pelos carimbós. Por mestres como Dona Onete, cuja música Quatro Contas é a espinha do enredo, o que conduz poeticamente a nossa narrativa, já que nessa composição, Dona Onete saúda as três belas turcas como suas protetoras e também a cabocla Jurema”, disse Gabriel Bora à Agência Brasil.

Primeiro título no grupo especial foi com Exu

A bateria da Grande Rio ensaiou para o desfile e pode apresentar surpresas na Sapucaí (Davi Normando / Liesa)

O primeiro título da Grande Rio no carnaval carioca foi em 2022, com o enredo “Fala, Majeté! As Sete chaves de Exu!”, dos carnavalescos Gabriel Haddad e Leonardo Bora. O ator Demerson Dalvaro interpretou Exu e deu um show na Sapucaí.

O desfile desmistificou a figura de Exu, orixá, que muitas vezes é demonizado por quem desconhece as religiões de matriz africana. A Grande Rio arrebatou a torcida e conquistou o título tão sonhado no grupo especial. O samba foi c0mposto por Gustavo Clarão, Arlindinho Cruz, Jr., Fraga, Cláudio Mattos, Thiago Meiners e Igor Leal.

Acompanhe  samba da Grande Rio

https://www.letras.mus.br/academicos-do-grande-rio-rj/samba-enredo-2025-pororocas-parawaras-as-aguas-dos-meus-encantos-nas-contas-dos-curimbos

Enredo: “Pororocas Parawaras: As Águas dos Meus Encantos nas Contas dos Curimbós”,

Carnavalescos: Gabriel Haddad e Leonardo Bora

Compositores:  Mestre Damasceno / Ailson Picanço / Davison Jaime / Tay Coelho / Marcelo Moraes

A Mina é Cocoriô
Feitiçaria Parawara
A mesma Lua da Turquia
Na travessia foi encantada
Maresia me guia sem medo
Pro banho de cheiro
Na encruzilhada, espuma do mar
Fez a flor do mururé desabrochar
Pororoca me leva pro fundo do igarapé
Se desvia da flecha, não se escancha em puraqué
Quem é de barro, no igapó, é Caruana
Boto assovia, Mãe D’água dança

Se a Boiúna se agita, é banzeiro, banzeiro
Quatro Contas, um cocar
Salve Arara Cantadeira, Borboleta à espreita
E a Onça do Grão-Pará

Na curimba de Babaçuê
Tem falange de ajuremados
A macaia codoense é macumba de outro lado
Venham ver as Três Princesas baiando no Curimbó
É Doutrina de Santo rodando no meu Carimbó
E foi assim suas espadas têm as ervas da Jurema
Novos destinos no mesmo poema
E nos terreiros, perfume de patchouli
Acende a brasa do defumador
Pro mestre batucar a sua fé
Noite de festa, Curió Marajoara
Protege Caxias, nas Águas de Nazaré

É força de Caboclo, Vodum e Orixá
Meu povo faz a curva como faz na gira
Chama Jarina, Herondina e Mariana
Grande Rio firma o samba no Tambor de Mina

Entenda o samba da Grande Rio através das palavras

Mina: referência ao Terreiro de Mina Dois Irmãos, localizado em Belém do Pará, considerado patrimônio histórico e cultural.

A Mina é Cocoriô: É uma expressão que combina saudação e evocação, e que gira voduns, orixás e caboclos.

Parawara: Parauara vem do tupi para’wara (de para=água, mar e wara=o. que veio de, nascido de) que quer dizer: o que veio das águas, do mar (o rio mar), à semelhança de manauara, cametauara e caeteuara, isto é: o que veio dos Manaus.

Mururé: é o nome de uma planta amazônica e de uma planta. 

Pororoca: é derivado do Tupi que designa “estrondo”, corresponde a um fenômeno natural onde acontece o encontro das águas de um rio com o oceano

Igarapé:  curso de água estreito e pouco profundo que se assemelha a um pequeno rio ou canal

Puraqué ou poraquê: O Poraquê, também conhecido como enguia elétrica, é uma espécie que habita rios e lagos da América do Sul.

Igapó: Árvores como macacarecuia e arapario podem ficar submersas até perto de suas copas

Caruana: Também é o nome de um ente da mitologia indígena, de gênio benfazejo e serviçal, habitante do fundo dos rios e igarapés. Os pajés invocavam Caruana em suas práticas de curandeirismo.

Mãe d’água: Iara, entidade do folclore brasileiro conhecida como mãed’água 

Boiuna: é um mito amazônico sobre uma cobra gigante que vive nos rios da região amazônica. É também conhecida como cobra grande, mãe-do-rio, Senhora-das – águas ou Cobra-maria.

Banzeiro: Encaixando-se no enredo, a definição mais plausível para banzeiro é a série de ondas formadas pela passagem de uma embarcação a vapor ou pela pororoca.

Quatro contas: Música da cantora e compositora Dona Onete, que leva o ouvinte a um mergulho nas encantarias amazônicas, reverenciando as protetoras espirituais.

Ararara cantadeira: Na lenda da Cabocla Mariana, a arara cantadeira é um mensageiro que anuncia a presença da cabocla. A relação entre a arara e a cabocla reflete a harmonia entre os seres humanos e a natureza.

Onça do grão-Pará: A província de Graõ-Pará, que era chamada à época de Pará (do tupi-guarani, rio-mar ou rio grande), foi uma unidade administrativa do final do período colonial e do período imperial brasileiro, originada das capitanias do Grã-Pará e do Rio Negro. Existiu de 1821 a 1889.

Curimba: Pode referir-se a um grupo de pessoas que praticam música em rituais umbandistas; ou a um peixe de água doce, ou a uma planta brasileira.

Babaçue: Culto religioso afroameríndio popular no Nortee Nordeste do Brasil, em especial nos Estados do Amazonas e do Pará.

Ajuremado: Significa encantado ou em transição entre o plano físico e etéreo.

 Macaia codoense: Macaia são folhas sagradas ou local das matas onde se reúnem os terreiros. Codoense é relativo a Codó, cidade do Maranhão.

Macumba: Variação genérica atribuída aos cultos afro-brasileiros, sincretizados com influências da religião católica, do ocultismo, de cultos ameríndios e do espiritismo. Na “árvore genealógica” das religiões afro-brasileiras, a macumba é uma ramificação do candomblé. Antes de ser associada a um tipo de religião, a palavra “macumba” descrevia um instrumento de percussão de origem africana, semelhante ao atual reco-reco. Um “macumbeiro” era o indivíduo que tocava este instrumento.

Carimbó: Dança de roda típica do Pará.

As três princesas: “As três princesas turcas são Jarina, Herondina e Mariana. De acordo com o enredo, elas se encantaram em alto mar, atravessaram o espelho do encante, não experienciaram a morte e se tornaram entidades encantadas. Elas aportam em território brasileiro e se ‘ajuremam’ no coração da floresta, ou seja, experienciam os ritos da Jurema Sagrada [religião que mistura elementos afros e indígenas], transformando-se em animais de poder”, disse o carnavalesco Leonardo Bora, em entrevista à Agência Brasil.

*Mariana, a primeira das princesas, era conhecida por sua sabedoria e compaixão. Ela dedicava seu tempo a cuidar dos mais necessitados, estendendo uma mão amiga aos menos favorecidos e oferecendo palavras de consolo e encorajamento. Sua gentileza tocava o coração de todos que a encontravam, e seu legado de bondade perdurava através das gerações.

Curimbó: é um instrumento musical de origem indígena, da família dos membrafones percurtidos. É utilizado para marcar o ritmo no carimbó, folguedo popular paraense, cujo nome deriva justamente do instrumento.

Mariana, Janira e Herondina: Era uma vez, em um reino distante da Turquia, três princesas de beleza encantadora e

corações generosos: Mariana, Jarina e Herondina. Cada uma delas possuía características únicas, mas todas compartilhavam uma determinação inabalável em tornar o mundo um lugar melhor.

*Mariana, a primeira das princesas, era conhecida por sua sabedoria e compaixão. Ela dedicava seu tempo a cuidar dos mais necessitados, estendendo uma mão amiga aos menos favorecidos e oferecendo palavras de consolo e encorajamento. Sua gentileza tocava o coração de todos que a encontravam, e seu legado de bondade perdurava através das gerações.

*Jarina, a segunda princesa, era dotada de uma força incomparável. Ela era uma guerreira destemida, pronta para proteger seu reino e seu povo de qualquer ameaça. Seu espírito corajoso e sua habilidade estratégica eram admirados por todos, e ela se tornou uma inspiração para os jovens que sonhavam em lutar por justiça e igualdade.

*Herondina, a terceira princesa, possuía um amor profundo pela natureza e pelos animais. Ela era uma defensora incansável do meio ambiente, trabalhando diligentemente para preservar a beleza natural do reino. Com sua paixão e conhecimento, ela ensinava as pessoas sobre a importância de cuidar do ecossistema e viver em harmonia com a natureza.

* Fonte: acaluz.org.br

Terreiros: é um espaço sagrado e de culto utilizado pelas religiões de matriz africana, como o Candomblé e a Umbanda. Esses locais são considerados como pontos de encontro entre o mundo dos humanos e o mundo espiritual, onde são realizados rituais, cerimônias e cultos em honra aos orixás, entidades espirituais e ancestrais.

Perfume de Patchoulli: Patchouli é uma planta medicinal, da espécie Pogostemon cablin, indicada para auxiliar no tratamento da insônia, dor de cabeça, ansiedade ou estresse, pois possui propriedades calmantes e sedativas.

As partes normalmente utilizadas do patchouli, também conhecido por patchuli, são as folhas de onde são extraídos o óleo essencial com propriedades medicinais. No entanto, as folhas também podem ser usadas para o preparo do chá.

Curió Marajoara: Curió é uma ave (passarinho) muito comum no Brasil, principalmente na região amazônica.  Marajoara refere-se a uma cultura indígena que se desenvolveu na Ilha de Marajó, localizada na foz do rio Amazonas, no Brasil. Essa cultura é reconhecida por suas contribuições significativas para a história e a antropologia do país, especialmente no que diz respeito à arte, à cerâmica e à organização social.

Águas de Nazaré: Nazaré faz referência ao Círio de Nazaré, tradicional festa religiosa paraense. Em 1700, um caçador chamado Caboclo Plácido encontra uma pequena estátua de Nossa Senhora de Nazaré às margens de um riacho. A história conta que, mesmo levando a imagem para casa e a limpando, ela voltava para as margens do rio.

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