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Gráfica de preso pela PF já recebeu mais de R$ 2,8 milhões em serviços para 94 candidatos

Gréfica M2 tem como socio um dos presos pela PF em esquema de propagação de notícias falsas

O fim da primeira parcial obrigatória de prestação de contas dos candidatos à Justiça Eleitoral mostrou que Roberto Pinto dos Santos — um dos presos pela Polícia Federal por suspeita de esquema de propagação de notícias falsas — quadruplicou sua cartela de clientes em serviços gráficos, em comparação com a eleição de 2022. Até o momento, foram R$ 2,8 milhões repassados por 94 candidatos atendidos pelas gráficas M2 Flex Soluções Visuais e M2 Comunicação Visual, que têm Roberto Santos entre os sócios.

A M2 Comunicação tem, até agora, o maior volume de trabalho contratado, com 82 aspiras que declararam mais de R$ 1,8 milhão em adesivos e impressos. O cliente que mais gastou foi o deputado Marcio Canella (União), candidato a prefeito de Belford Roxo. Em seguida vem Penha Bernardes (PL), que disputa a Prefeitura de Araruama.

Com pouco mais de R$ 203 mil em contratos, o terceiro da lista é o deputado estadual Valdecy da Saúde (PL), candidato a prefeito de São João de Meriti. Neste domingo (15), matéria do “Fantástico” mostrou vídeo de Valdecy com Roberto dos Santos, agradecendo a ele e a Bernard Rodrigues — outro preso pela PF — por ter sido “um dos mais votados do Estado do Rio de Janeiro” em 2022.

A reportagem esmiuçou o funcionamento do esquema da quadrilha especializada em divulgar notícias falsas contra candidatos. Contratada por políticos, a quadrilha recrutava atores para influenciar na escolha dos votos. A reportagem reproduziu documentos que fazem parte da investigação da Polícia Federal, e um dos arquivos que a PF teve acesso estava denominado como “Valdecy Campanha Teatro”, com gasto total de R$ 55.600 por grupo.

Entre os 82 clientes aparecem ainda outros candidatos a prefeito, como o de Itaguaí, Rubão ( R$ 52,1 mil em gastos); Aarão, em Magaratiba (R$ 41,8 mil); Matheus do Waguinho, em Belford Roxo (R$ 40,5 mil); e Eduardo Blog, em Petrópolis (R$ 12,2 mil).

Segunda gráfica

A outra gráfica que tem Roberto dos Santos como sócio, a M2 Flex, atendeu 12 candidatos, com pouco mais de R$ 1 milhão em contratações. Quem mais imprimiu com a gráfica, de acordo com a primeira parcial, foi a campanha do prefeito Eduardo Paes (PSD), com R$ 280 mil em despesas. Em seguida veio a pupila dele, a ex-secretária Joyce Trindade, que disputa uma vaga de vereadora do Rio pelo PSD.

Candidatos a vereador de Belford Roxo Armandinho Penélis (Republicanos), Tuninho Medeiros e Priscila Musser, do Republicanos, completam o top 5, com gastos de R$ 98 mil e R$ 97 mil respectivamente.

Operação da PF

Roberto foi preso na operação Teatro Invisível, deflagrada nesta quinta-feira (12) para desmantelar quadrilha especializada em divulgar notícias falsas contra candidatos a prefeito que funcionava pelo menos desde 2016.

O município de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, foi o principal alvo da operação, mas a atuação do bando se estenderia também às cidades de Araruama; Belford Roxo; Cabo Frio; Carapebus; Guapimirim; Itaguaí; Itatiaia; Mangaratiba; Miguel Pereira; Paracambi; Paraty e Saquarema.

Além dele, foram presos Bernard Rodrigues Soares, presidente municipal do União Brasil de São João de Meriti e ex-secretário de Comunicação de Eventos da prefeitura; André Luiz Chaves da Silva e Ricardo Henrique Patrício Barbosa.

Ex-secretário de Mangaratiba

Roberto Pinto dos Santos também já foi secretário de Comunicação do governo do Município de Mangaratiba (RJ) na época em que Evandro Capixaba era prefeito, e chegou a ser preso, em 2015. Ele foi condenado a 17 anos de prisão, com multa de 160 salários mínimos (cerca de R$ 140 mil na época).

Segundo a denúncia do Ministério Público, Roberto integraria quadrilha que, em atuação perante a administração municipal, era voltada a prática de crimes como fraude a licitações, falsificação de documentos e desvio de dinheiro público por meio do pagamento por bens que não eram efetivamente entregues.

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