O governo anunciou, nesta terça-feira, a incorporação no Sistema Único de Saúde (SUS) da primeira vacina brasileira contra a dengue de dose única, produzida pelo Instituto Butantan. Isso vai valer a partir de 2026. O imunizante será destinado para toda a faixa etária de 2 a 59 anos e será produzido em larga escala, de acordo com o governo.
O anúncio foi feito em cerimônia com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a ministra da Saúde, Nísia Trindade. Segundo o governo, a partir do próximo ano, serão ofertadas 60 milhões de doses anuais, com possibilidade de ampliação do quantitativo conforme a demanda e a capacidade produtiva.
O objetivo é atender a população elegível pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) entre 2026 e 2027. A vacina mostrou eficácia de 79,6% a 89,2% contra a doença.
A disponibilização do imunizante é uma parceria entre o Instituto Butantan e a empresa WuXi Biologics. A produção se dará pelo Programa de Desenvolvimento e Inovação Local (PDIL) do Ministério da Saúde, que já foi aprovado e está em fase final de desenvolvimento tecnológico. O investimento total é de R$ 1,26 bilhão.
— Dengue tem que ser uma prioridade para vacinas, testes, tudo necessário para controlar. A vacina para dengue, que com grande satisfação anunciamos hoje… ainda é uma candidata à vacina porque precisa passar pela aprovação da Anvisa, mas é candidata fortíssima, é a vacina do Butantan — declarou Trindade. — É uma vacina que vem sendo desenvolvida há muito tempo, 10 anos.
Para ser comercializada e distribuída no SUS, a vacina do Butantan ainda depende da aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e outros ritos de inclusão no Sistema Único de Saúde (SUS), caso da precificação de cada dose, além da avaliação na Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec).
— Hoje, nesses dois meses de 2025, temos o registro de 400 mil casos prováveis. Isso significa 3 vezes menos casos que em 2024 — comentou a ministra da Saúde sobre o vírus.
Ampliação
Para 2025, o Ministério da Saúde atualizou a recomendação de uso da vacina da dengue para todos os estados e o Distrito Federalcom o objetivo de permitir a ampliação do público-alvo do imunizante para doses próximas do fim do prazo de validade em caráter temporário. Outra ação recomendada para não perder as vacinas é o remanejamento para novos municípios.
De maneira geral, o público-alvo da vacina distribuída no Sistema Único de Saúde (SUS) são crianças e adolescentes de 10 a 14 anos que vivem em localidades prioritárias, conforme critérios definidos a partir do cenário epidemiológico da doença no país.
Segundo recomendação da Saúde, essa faixa etária pode ser ampliada para pessoas de 6 a 16 anos caso os imunizantes estejam a dois meses de vencer. Além disso, as doses podem ser remanejadas para municípios ainda não contemplados pela vacinação contra dengue.
Já para as vacinas que têm somente mais um mês de validade, a estratégia poderá ser expandida até o limite etário especificado na bula da vacina, abrangendo a faixa etária de 4 a 59 anos, 11 meses e 29 dias de idade, conforme a recomendação da Saúde.
O ministério ainda disse que a expansão do público-alvo deve considerar a disponibilidade de doses e a situação epidemiológica de cada estado e município. A pasta também recomenda que os estados e municípios intensifiquem as estratégias de busca ativa, para identificar e mobilizar aquelas pessoas que não completaram o esquema vacinal.
Em 2024, o governo federal enviou 6,5 milhões de doses aos estados e municípios, mas apenas 3,8 milhões foram aplicadas. A pasta afirma que a situação é ainda mais preocupante entre os adolescentes: aproximadamente 1,3 milhão de jovens que iniciaram o esquema vacinal não retornaram para a segunda dose, comprometendo a eficácia da imunização.
Com informações do O Globo