O relatório O Estado da Segurança Alimentar e da Nutrição no Mundo (Sofi, na sigla em inglês), publicado nesta quarta-feira (24/7), estima que, em 2023, entre 713 milhões e 757 milhões de pessoas passaram fome, uma média de 733 milhões. O número corresponde a uma a cada 11 pessoas no mundo.
Os dados indicam que a alta na quantidade de pessoas passando fome se mantém, após a pandemia de Covid-19. Desde 2019, a média vem crescendo, passando de 581,3 milhões na pré-pandemia para 733 milhões no estudo deste ano.
O relatório é elaborado pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), em conjunto com o Fundo Internacional de Desenvolvimento Agrícola (Fida), o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), o Programa Mundial de Alimentos das Nações Unidas (WFP) e a Organização Mundial da Saúde (OMS).
Os dados foram divulgados às margens da reunião ministerial para estabelecer uma Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, no Rio de Janeiro.
A África é a região que apresenta os piores índices, com 20,4% da população passando fome. Na Ásia, a porcentagem é de 8,1%.
Já a América Latina e Caribe tiveram uma melhora, com 6,2% da população em situação de insegurança alimentar grave. Na Oceania, o percentual é de 7,3%.
As organizações alertam que o mundo tem falhado em alcançar a meta de zerar a fome até 2030, conforme os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas. Caso o cenário se mantenha, o número de pessoas cronicamente subnutridas pode chegar a 582 milhões em 2030.
Fome no Brasil
O relatório aponta uma melhora nos indicadores da fome no Brasil em 2023. Segundo o documento, 39,7 milhões de pessoas sofreram com insegurança alimentar moderada no período entre 2021 e 2023, o que significa que tiveram alguma dificuldade de acesso a alimentos. Entre 2020 e 2022, esse número era de 70,3 milhões.
Os brasileiros que passaram por insegurança alimentar grave, ou seja, passaram fome, somaram 14,3 milhões. No relatório de 2022, o índice era de 21,1 milhões.
Apesar da recente melhora, o resultado não é suficiente para tirar o Brasil do Mapa da Fome neste terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Para atingir a meta, é preciso que o país registre um percentual de falta crônica de alimentos inferior a 2,5% da população durante três anos consecutivos.
Em 2023, o índice ficou em 3,9%. O país teria de ficar abaixo dos 2,5% já neste ano para que conseguisse sair do Mapa da Fome em 2026, ano de término do mandato do petista.
O Brasil deixou de figurar entre os países com piores índices de fome no mundo em 2014, mas voltou em 2022.
No ano passado, o governo federal lançou o Plano Brasil Sem Fome, que tem entre as metas tirar o país do Mapa da Fome até 2030. Para atingir o objetivo, o governo implementou mudanças na política de valorização do salário mínimo e investiu na ampliação do Bolsa Família.