*Luiz Carlos Azedo

O ex-presidente da República, que ainda se recupera de complexa cirurgia no abdome, já é tratado como carta fora do baralho pelas lideranças desses partidos
Sepultado o projeto de anistia dos envolvidos no 8 de janeiro de 2023 pelo presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos), o PP e o União Brasil, e o PSDB e o Podemos, se movimentam para ocupar o espaço vazio na centro-direita deixado pela inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro, que convalesce ainda de uma grave cirurgia, e está impedido de disputar as próximas eleições pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Mesmo que não venha a ser condenado no processo no qual é acusado de tentativa de golpe de Estado – além de organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado pela violência e grave ameaça e deterioração de patrimônio tombado –, Bolsonaro já é tratado como carta fora do baralho pelas principais lideranças desses partidos.
O ex-presidente da República está hospitalizado, em lenta recuperação da complexa cirurgia que fez para reconstituir a parede abdominal, porém, mantém sua candidatura a presidente da República como um chapéu na cadeira, para não perder protagonismo. Tudo indica que pretende lançar em seu lugar um dos filhos, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), ou deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que está licenciado do mandato e se auto exilou nos Estados Unidos.
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Maior fundo de financiamento de campanha eleitoral do país, R$ 953,8 milhões em 2024, além de R$ 197, 6 milhões de fundo partidário. As federações partidárias são alianças verticalizadas, com duração de quatro anos, mas não implicam na extinção ou fusão de partidos.
Além dos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), o senador Rogério Marinho (PL-RN) e o presidente nacional do PL, Valdemar Costa Neto, aliados de Bolsonaro, compareceram ao lançamento da nova federação, no Salão Nobre da Câmara. Seu maior beneficiário é o governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União), cuja candidatura à Presidência em 2026 está fortalecida, embora não seja uma unanimidade..
PP e União Brasil, de pronto, ampliaram o poder de barganha que terão no Congresso na relação com o presidente Luiz Inácio lula da Silva, de cujo governo participam. Entretanto, o recado de que vão para oposição foi dado pelos presidentes do PP, Ciro Nogueira (PI), e do União Brasil, Antonio Rueda, ao afirmarem que a responsabilidade fiscal e a responsabilidade social são os dois eixos de atuação da nova federação.
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“Defendemos um choque de prosperidade, com medidas profundas no campo econômico e regulatório, que coloquem o Brasil em linha de competitividade com as nações mais eficientes do mundo”, diz o manifesto lançado pela nova federação. Nos seis primeiros meses de atuação, a federação terá uma presidência compartilhada entre Nogueira e Rueda, até que um novo presidente seja eleito. O ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) pleiteia o cargo.
Fusão
Outra movimentação importante é a fusão do PSDB com o Podemos, aprovada ontem pela cúpula tucana, por unanimidade. Uma convenção nacional, marcada para 5 de junho, foi convocada para oficializar a união, que depende de aprovação do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O nome provisório da nova legenda é PSDB+Podemos. Com essa iniciativa, o PSDB pretende estancar o seu declínio político e consolidar seu movimento em direção ao centro, ao se unir a um partido que vem tendo crescimento, o Podemos.
Juntos, PSDB e Podemos terão 28 deputados federais, sete senadores, 405 prefeitos e três governadores, além de um fundo eleitoral de R$ 384,6 milhões e R$ 77 milhões em fundo partidário (números de 2024). Até o início de junho, nós teremos uma nova configuração partidária dentro desse chamado centro democrático”, declarou o ex-governador de Goiás Marconi Perillo, que preside o PSDB.
O governador gaúcho Eduardo Leite, que estava de malas prontas para deixar o PSDB e se filiar ao PSD, a convite de Gilberto Kassab, pode permanecer no partido para ser candidato a presidente da República. Essa é a aposta de Aécio Neves, líder histórico dos tucanos e um dos artífices da fusão. A governadora de Pernambuco, Raquel Lira, já migrou para o PSD, e o destino de Eduardo Riedel, governador de Mato Grosso do Sul), ainda está indefinido.
*Luiz Carlos Azedo, Jornalista, colunista do Correio Braziliense.
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