Ex-prefeitos de Nova Iguaçu, Aluísio e Sheila Gama foram esquecidos pelos eleitores

Aluísio e Sheila Gama voltaram a pedir votos no famoso calçadão de Nova Iguaçu, mas foram rejeitados pelos eleitores. Foto: Divulgação.

*Paulo Cezar Pereira

O professor Aluísio Gama de Souza se formou em Direito pela Universidade Cândido Mendes, além de completar mais outras duas graduações pela Uerj: Pedagogia e Geografia e Estudos Sociais. Nos anos 70 militou na Ação Popular (AP) durante a ditadura militar.

A AP teve importante papel na história da esquerda brasileira desde o período anterior ao golpe de 1964. Sua trajetória é bastante original. Nascida, fundamentalmente, pelas mãos de jovens cristãos socialistas – que procuravam um caminho alternativo entre o comunismo e o capitalismo –, em pouco tempo transformou-se numa organização revolucionária marxista-leninista.

Aluísio Gama foi deputado estadual mais de uma vez, secretário de Agricultura do governador Leonel Brizola, prefeito de Nova Iguaçu, e elegeu Altamir Gomes (PDT) seu sucessor em 1992 no segundo turno de uma disputa contra Fábio Raunheitti (PTB), então deputado federal, e o ex-vice-governador Francisco Amaral ( PMDB).

Cacique brizolista

Aluísio deixou o antigo MDB nos anos 80 e virou o principal cacique do brizolismo na Baixada Fluminense e depois conquistou, com os votos da Alerj, o cargo vitalício de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, do qual foi presidente duas vezes.

Já como ex-conselheiro do TCE-RJ, Aluísio Gama foi o sexto preso na Operação O Quinto do Ouro, deflagrada em 2017 pela Polícia Federal para apurar suspeita de corrupção envolvendo cinco dos sete integrantes daquela Corte. Mais adiante, todos os conselheiros foram absolvidos.

Este ano, Aluisio voltou a fazer o que mais gosta: articulação política. Achava que poderia ser bem sucedido nas urnas na cidade de Nova Iguaçu com o recall de sua administração ( 1989 a 1992) : dois viadutos construídos e asfaltamento de centenas de quilômetros de ruas que tinham esgoto a céu aberto quando Japeri, Belford Roxo, Queimados e Mesquita ainda pertenciam a Nova Iguaçu. Aluísio passou a ser visto novamente, ainda discretamente, em eventos sociais no restaurante do Patronato. e em bairros da periferia no final da noite, um dos seus hábitos.

Abandonado pelo PDT

Ao anunciar sua candidatura pelo Partido Socialista Brasileiro, Aluísio imaginava ser cortejado pelas lideranças e pelos cabos eleitorais profissionais que se multiplicam em anos de eleição. Afinal, ajudou muitos políticos com problemas no TCE-RJ. Ledo engano. Todas as lideranças já estavam comprometidas com outros candidatos a prefeito e até mesmo o PDT de Nova Iguaçu já havia se bandeado para o time dos aliados do prefeito Rogério Lisboa (PP).

As muriçocas que seguiam Aluísio Gama e depois foram agasalhadas por Nélson Bornier transformaram o ex-todo poderoso em candidato de si mesmo e de uma nominata com desconhecidos 24 candidatos à Câmara de Vereadores , à exceção de Sheila Gama, também ex-prefeita, sua mulher. Como companheiros de luta, sobrou apenas Luiz Novaes, ex-deputado estadual, 83 anos, e seu filho Alexandre Novaes, o vice. Luiz Novaes, atual presidente do PSB de Nova Iguaçu, e Aluísio são amigos de longa data na política.

A derrota de Sheila Gama

Além de Novaes, Aluísio tinha sempre a companhia de Sheila Gama, ex-prefeita de Nova Iguaçu ( então vice-prefeita de Lindbergh Farias, fo PT, ela assumiu o governo e foi prefeita entre 2010 e 2012), nos eventos de rua. Ele tentava eleger Sheila vereadora, acreditava que os eleitores de Nova Iguaçu dariam um novo mandato à ex-prefeita. Ela andava distante das ruas desde que perdeu a eleição para Nélson Bornier ( 207.242 votos, o que representou 55,30% dos votos válidos naquela disputa ) na última vez que seu nome apareceu nas urnas eletrônicas, em 2012. Perdeu a eleição mas deixou a cidade conquistando 167.522 votos (44,70%).

O desempenho pífio de Aluísio Gama, de 79 anos, e a falta de estrutura de sua campanha ( ele não usou as Redes sociais e jamais profissionalizou ações importantes numa disputa eleitoral) explicam o vexame dos números finais conquistados pelo casal no último dia 6 de outubro, quando o vereador Dudu Reina foi eleito prefeito da cidade.

O não das urnas ao casal

Dudu teve 292.459 votos, o que corresponde a 74,77% dos 374.764 votos válidos ( votos apurados: 433.719) O candidato Aluísio Gama somou 3.166 votos ( 0,81% dos votos válidos) e a ex-prefeita 215 votos. Nenhuma das dezenas de mulheres candidatas a vereadora se elegeu em Nova Iguaçu.

Em tempo: com uma receita de R$ 242.331,00 de doações para pagar despesas da campanha eleitoral, Aluísio Gama foi o último colocado numa disputa que deu a Rogério Lisboa, mais uma vez, a foto de o grande vencedor das eleições em Nova Iguaçu ao escolher Dudu Reina para sucedê-lo no PP presidido no Rio pelo deputado federal Dr. Luizinho.

*Paulo Cezar Pereira, Jornalista, é Editor Chefe do Nova Iguassu Online.

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