O número de brasileiros deportados pelos Estados Unidos aumentou 33% em 2024, totalizando 1.648 pessoas. A informação foi revelada pelo portal G1, segundo dados divulgados pela Polícia Federal (PF), que podem aumentar com operação de deportação em massa anunciada por Donald Trump ao tomar posse.
O número se refere apenas aos brasileiros deportados em voos fretados do Immigration and Customs Enforcement (ICE). Os dados não incluem brasileiros inadmitidos em aeroportos americanos, que retornam em voos comerciais. Segundo a PF, o governo norte-americano não divulga este número.
Deportações de brasileiros detidos na fronteira com o México pelos EUA
- 2020: 1.138 deportados em 21 voos (último ano do primeiro governo de Donald Trump)
- 2021: 2.188 deportados em 24 voos (primeiro ano do governo de Joe Biden)
- 2022: 1.423 deportados em 17 voos
- 2023: 1.240 deportados em 16 voos
- 2024: 1.648 deportados em 16 voos
Os voos fretados pelo ICE chegam ao país em sua maioria pelo Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins.
Desde 2019, a deportação de brasileiros em voos fretados tornou-se uma prática frequente. Essa política começou durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), que autorizou a entrada de aviões com deportados, algo que não acontecia desde 2006.
Em 2021, o governo americano solicitou ao Brasil autorização para ampliar a frequência de voos de deportação ao País, aumentando de um para até três voos semanais de deportados. Com isso, o número de deportados pela ICE subiu de 1.138 em 2020 para 2.188 em 2021.
Para a a doutora em Sociologia e Ciência Política da Univale e pesquisadora de migração, Sueli Siqueira, a deportação sempre fez parte da política migratória dos EUA, tanto em gestões democratas, quanto em gestões republicanas.
‘Deportação em massa’
Nesta segunda-feira (20), Donald Trump tomou posse como presidente dos Estados Unidos prometendo medidas de combate à imigração ilegal, incluindo “a maior deportação em massa da história dos EUA”. Especialistas apontam, entretanto, que o cenário econômico será fator primordial para definir se essa política sairá do papel.
- Trump anunciou que vai retomar políticas migratórias da época em que era presidente, entre 2017 e 2021. É esperado que ele declare a questão da imigração como uma emergência nacional, liberando recursos para ampliar a fiscalização e retomar a construção de um muro na fronteira com o México.
- O presidente recém-empossado também deve enviar tropas para as fronteiras e dar mais liberdade aos agentes de imigração federal para prender suspeitos. O governo pretende acabar com programas que autorizam a entrada de estrangeiros por questões humanitárias.
- Cerca de 11 milhões de pessoas vivem em situação irregular nos Estados Unidos, entre eles brasileiros. O republicano pretende lançar um programa de deportações em massa para resolver o problema.
Para Sueli Siqueira, se aplicadas, as medidas propostas pelo presidente vão encontrar um obstáculo que pode causar problemas para a economia norte-americana: a falta de mão de obra.
“Há uma grande demanda para atuar no mercado de trabalho secundário, que é onde o migrante geralmente vai atuar: não exige qualificação e nem domínio da língua, não é bem remunerado e não é muito desejado pelo nativo. Se essa grande demanda se mantém, o que normalmente acontece é um afrouxamento da política de deportação”, explicou a professora.
Para Siqueira, Trump deve promover deportações para cumprir uma promessa de campanha, mas a continuidade dessa política migratória depende do rumo que a economia vai tomar.
“Com todo esse discurso e o apoio que ele recebeu ao longo da campanha, ele deve, sim, promover deportações. Só não é possível saber se será tão diferente do que foi na gestão de Joe Biden”, completou.
Com informações do portal G1, e do jornal Estado de São Paulo, Estadão