Estudo da UVA e da UFRJ avaliou benefícios do Parque Natural Municipal do Gericinó, em Nilópolis, para a qualidade do ar da região
Um estudo feito por pesquisadores da Universidade Veiga de Almeida (UVA) e da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) mostrou que o ar no Parque Natural Municipal do Gericinó, em Nilópolis, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro, chega a ser ao menos duas vezes mais puro do que na área urbana do município. O trabalho foi publicado em fevereiro na Chemosphere, revista internacional de referência para a área de Ciências Ambientais, e contou com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj).
O levantamento mediu a quantidade de hidrocarbonetos (HCs) precursores do ozônio em dois pontos: em uma trilha a 260 metros da entrada do parque e na Praça Manoel Reis, localizada a cerca de um quilômetro da entrada do parque, em área urbanizada. Ao lado do material particulado fino, o ozônio é o maior responsável pela poluição atmosférica, que atinge diretamente a saúde humana.

“Observamos que, mesmo em áreas verdes urbanas menores, há diminuição da concentração de poluentes. Portanto, fica evidente que as unidades de conservação são estratégicas para o fornecimento dos chamados serviços ecossistêmicos, como melhoria da qualidade do ar, regulação climática e lazer”, explica Cleyton Martins, professor do Mestrado em Ciências do Meio Ambiente da UVA e um dos autores do estudo.
Os níveis totais de HC foram de 1,7 a 2,1 vezes maiores na área urbana, o que confirma que o parque natural auxilia na dispersão e redução de poluentes. Na zona urbana, os valores medianos das concentrações de HC foram 276 e 123 μg m-3, nos horários da manhã e da tarde, respectivamente. Já na área do parque os valores medianos foram 202 e 72 μg m-3, nos mesmos períodos, respectivamente. As coletas foram realizadas durante época seca, quando piora a qualidade do ar na Região Metropolitana do Rio.
O Parque Natural Municipal de Gericinó ocupa uma área de 0,8 km² onde antes funcionava uma base de treinamento militar do Exército, localizada na Área de Proteção Ambiental (APA) do Gericinó-Mendanha. O local é constituído principalmente por arbustos e plantas herbáceas com aglomerados de árvores perenes, pistas de corrida e ciclismo, áreas de piquenique e lazer e locais para diversas atividades educativas e culturais. O tráfego rodoviário é proibido dentro do parque.

Em outro estudo recente, o grupo de pesquisadores constatou que o ar da Floresta da Tijuca chega a ser sete vezes menos poluído do que em outras áreas da cidade. As amostras foram coletadas em duas áreas da floresta, no Parque Nacional da Tijuca e no Parque Estadual do Grajaú, e em duas áreas urbanas representativas, os bairros da Tijuca e Del Castilho.
As concentrações totais de HCs dentro da área verde foram claramente menores do que nos distritos urbanizados, apesar do impacto antrópico dos visitantes e da proximidade da área urbana. Os valores medianos foram 21,5 µg m-3 na Floresta da Tijuca, 35,5 µg m-3, no Parque do Grajaú, 57,9 µg m-3 na Tijuca e 148,6 µg m-3 em Del Castilho.
“As áreas verdes urbanas, independentemente de sua escala, são indispensáveis para a qualidade de vida e a sustentabilidade das cidades. Enquanto grandes reservas como a Floresta da Tijuca fornecem benefícios em escala regional, os parques urbanos menores desempenham um papel complementar, garantindo a distribuição equitativa dos serviços ecossistêmicos em todo o tecido urbano”, avalia Graciela Arbilla, professora da UFRJ e coautora dos dois estudos.