Em busca dos passageiros perdidos

Imagem da internet – Foto: reprodução

Entre 2014 e 2023, os transportes públicos na região metropolitana do Rio de Janeiro sofreram uma significativa redução no número de passageiros. Cerca de 520 milhões deixaram de utilizar trens, metrô, barcas e ônibus intermunicipais. Considerando o pico de cada modal na década anterior e o número transportado em 2023, isso representa uma perda de quatro em cada dez usuários.

Para onde foram esses passageiros? É possível trazê-los de volta? A pandemia foi a principal responsável por essa queda acentuada, mas a lenta recuperação dos passageiros perdidos indica outras razões a serem consideradas.

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É necessário avaliar o impacto do esvaziamento das atividades comerciais e de serviços no centro do Rio na redução de passageiros. O quanto o home office contribuiu para a diminuição das viagens na região? Qual o papel da economia informal e seu desempenho modesto nesse sumiço de passageiros? Além disso, o alto preço das tarifas pode ter sido responsável pela fuga dos usuários.

Dos quase 1,3 bilhão de passageiros transportados em 2014 por esses modais, a pandemia fez desaparecer cerca de 800 milhões em 2020. No ano passado, aproximadamente 500 milhões desses usuários perdidos ainda não haviam retornado aos sistemas. Isso sem mencionar as perdas das linhas de ônibus municipais, VLTs e transportes alternativos.

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Alguns acreditam que a demanda voltará lentamente aos níveis recordes de 2016 e 2017. Outros mais céticos, devido às mudanças comportamentais aceleradas pelas novas tecnologias durante a pandemia, não creem na recuperação dos passageiros perdidos. Há também defensores da Tarifa Zero como a única medida política capaz de tornar os transportes públicos novamente atraentes e acessíveis a todos.

Diante de perdas tão expressivas, é difícil determinar uma única estratégia para superar essa crise complexa. Além das causas já mencionadas, é importante destacar o crescimento da frota de carros no estado, que saltou de 4,2 para 5,3 milhões de veículos nesta década, assim como o aumento no número de motos, que passaram de 800 mil para 1,2 milhão de unidades. A solução certamente não está no transporte individual; depende, mais do que nunca, de uma coordenação eficaz entre os três níveis de governo. Sem isso, os passageiros continuarão perdidos e novos não serão conquistados. É urgente fazer a metrópole mover-se para todos.

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*Vicente Loureiro, arquiteto e urbanista, doutorando pela Universidade de Lisboa, é autor dos livros Prosa Urbana e Tempo de Cidade.

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