O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), de 54 anos, assegurou neste domingo (6) mais da metade dos votos válidos, sendo reeleito no primeiro turno para seu quarto mandato à frente da cidade, conforme projeção do Datafolha.
Para calcular a vitória de um candidato, o Datafolha analisa os dados de apuração divulgados pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Utilizando um sistema próprio, o instituto faz a projeção do resultado levando em conta o peso de cada zona eleitoral em relação ao total de eleitores da cidade. Quando há uma quantidade suficiente de votos apurados em todas as zonas eleitorais, torna-se possível estimar que determinado candidato não poderá ser ultrapassado, permitindo assim a projeção de sua vitória.
O prefeito venceu a disputa evitando a nacionalização do enfrentamento com Ramagem, que contou com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
Paes não teve agendas de campanha ao lado do presidente Lula e, durante debates e entrevistas, descrevia a aliança com o petista como parcerias com o governo federal, sempre destacando diferenças pontuais com o PT.
O objetivo era atrair uma parte do eleitorado que votou em Bolsonaro em 2022 —o ex-presidente venceu na cidade na disputa com Lula há dois anos.
As pesquisas eleitorais ao longo da campanha mostraram que ele conseguiu manter a preferência de parte significativa dos evangélicos, geralmente associados ao bolsonarismo, por meio de uma aliança com lideranças do setor.
Ao mesmo tempo, Paes buscou discutir temas locais durante a campanha e “estadualizou” a disputa com o deputado do PL, destacando o vínculo do adversário com a imagem do governador Cláudio Castro (PL), mal avaliado entre os eleitores.
Desconhecido do eleitorado no início da campanha, Ramagem conseguiu reagir nas pesquisas de intenções de voto após o início da propaganda de TV.
Contudo, o apoio de Bolsonaro e o desembarque do ex-presidente no Rio de Janeiro nos últimos dias de campanha não foram suficientes para impedir a vitória de Paes no primeiro turno.
Também participaram da disputa o deputado federal Marcelo Queiroz (PP), o deputado estadual Rodrigo Amorim (União Brasil), Juliete Pantoja (UP), Carol Sponza (Novo), Cyro Garcia (PSTU) e Henrique Simonard (PCO).
Paes se torna a partir de janeiro de 2025 o político com maior tempo na administração do Rio de Janeiro, superando seu padrinho político, o vereador e ex-prefeito Cesar Maia (PSD), que teve três mandatos. O mandatário reeleito governou a cidade por dois mandatos entre 2009 e 2016, e voltou ao Palácio da Cidade em 2021.
A vitória no primeiro turno o credencia para disputar o governo estadual em 2026, o que, durante a campanha, ele prometeu não fazer. Caso mude de posição, ficará no cargo por apenas um ano e quatro meses, deixando a cidade nas mãos do vice-prefeito eleito, Eduardo Cavaliere (PSD), 29.
Alguns aliados afirmam que o prefeito nutre desejos de voos maiores, como uma vaga de vice na chapa de Lula em 2026 ou até mesmo uma candidatura própria, caso o presidente não busque a reeleição e Bolsonaro permaneça inelegível. Também não está descartada a permanência no cargo até o fim do mandato, visando a disputa presidencial de 2030 e evitando o “ingovernável” Palácio Guanabara.
O triunfo de Paes também é considerado uma boa notícia para o presidente Lula, que deve contar com um prefeito aliado no segundo maior colégio eleitoral do país na campanha de 2026, caso tente a reeleição.
Com informações da Folha de S. Paulo.