Dirigindo-se aos fiéis que lotaram hoje ( 15 de janeiro) a catedral de Santo Antônio de Jacutinga na missa solene pelos 192 anos de fundação de Nova Iguaçu, entre eles o prefeito Dudu Reina e sua família, o bispo Dom Gílson Andrade disse en sua homilia que “a consciência e a atuação política é tarefa de toda sociedade e não apenas daqueles que foram eleitos para representar o povo”.

O novo prefeito de Nova Iaguaçu estava acompanhado da esposa, Camilla, e dos pais Eduardo e Leocádia. Ele foi convidado a sentar no primeiro banco da igreja, em frente a altar, e depois da missa fez uma breve saudação. Em outro banco estava, também na pimeira fila, a vice-prefeita Roberta Teixeira e sua família. Participaram da missa secretários municipais, vereadores, deputados estaduais e Frederico de Castro Neves, tataraneto do Comendador Francisco Soares, referência da história de Nova Iguaçu. A solenidade religiosa reuniu mais de uma dezena de padres, além de Dom Luciano Bergamim, bispo Emérito, e Rodrigo Motta, pároco da catedral de Santo Antônio.

Frederico de Castro Neves, tataraneto de Francisco Soares, não perde uma festa na catedral de Santo Antônio

A cantora católica Fernanda de Moraes cantou o Hino da Cidade de Nova Iguaçu ao final da missa

Roberta Teixeira, agora vice-prefeita, e a mãe, Lucinha, oram pelos moradores de Nova iguaçu na missa
Eis a íntegra da Homilia de Dom Gílson Andrade no 192º aniversário da cidade de Nova Iguaçu

“Neste aniversário dos 192 anos de nossa cidade, como de costume, nos reunimos aqui, diante da presença de Deus, com o povo e autoridades civis e militares aqui representados, para um gesto de gratidão, de louvor e de súplica, pois sem isso a memória desta data ficaria incompleta.
Nossa celebração é um ato de reconhecimento sincero de que de Deus tudo recebemos, dele dependemos, por isso lhe pedimos fazer frutificar o trabalho de nossas mãos. Este pedido é particularmente importante no contexto de novos mandatos no executivo e no legislativo.
Esta celebração também tem um quê de compromisso. A oração para ser coerente deve provocar revisão das decisões para que estejam sintonizadas com o querer benevolente de Deus. Em palavras do Papa Francisco, “uma fé autêntica – que nunca é cômoda nem individualista – comporta sempre um profundo desejo de mudar o mundo, transmitir valores, deixar a terra um pouco melhor depois da nossa passagem por ela” (Papa Francisco, Evangelii Gaudium, 183).
Amamos a cidade que vivemos e queremos o seu bem. Por isso, queremos nos comprometer, como cidadãos, a deixar-nos inspirar pelos valores autênticos, da caridade, da solidariedade, da reconciliação, da paz, da justiça…para colaborarmos para um presente que garanta um futuro melhor, olhando com esperança o nosso presente, não esquecendo o nosso passado de lutas e glórias.
Neste sentido parabenizo o município por tantas iniciativas de resgate da memória histórica de nossa gente. Concretamente parabenizo pelo lançamento da pedra fundamental do Museu de Arqueologia e Etnologia de Nova Iguaçu, o 1º do Estado do Rio e o 2º da Região Sudeste. Um passado de tanta relevância não pode ficar enterrado, porque ele fala de experiências que sustentam o nosso hoje…as pedras falam também de nós.
O Evangelho é sempre inspirador da nossa ação pessoal e social, inspirou os homens e mulheres de ontem, pode também inspirar a nossa ação neste nosso presente tão desafiador.
As cenas narradas no Evangelho que ouvimos nos falam de um Jesus que se aproxima da realidade dos sofredores e lhes oferece aquilo que estava ao seu alcance, ou que estava no seu poder de realizar. Pessoas que viviam à margem da sociedade se atrevem a buscar Aquele que elas sabiam que poderia lhes restituir a dignidade e a saúde. Jesus se preocupa pela pessoa toda, toca o corpo e a alma, instrui, cura, alimenta…porque veio para salvar a humanidade toda.
Realiza todos esses feitos porque coloca o seu poder a serviço. Jesus sabe que todo o poder recebido não era para benefício pessoal, mas para o bem de todos, especialmente dos mais necessitados e pobres e dessa maneira quer usá-lo e, e de fato usa. Tinha clareza de sua missão salvadora e se dedica a ela, servindo-se das circunstâncias boas e ruins para realizar o projeto do Reino. Depois de sua partida, São Pedro recordará nos Atos dos Apóstolos que Ele passou fazendo o bem (cf. At 10, 37).
Tanto bem pode ser feito ao nosso redor se usarmos o poder para o verdadeiro bem de todos, capaz de superar os obstáculos pequenos e grandes (e sabemos que não são poucos!). Todos nós temos a missão de procurar fazer o bem, cada um no lugar que ocupa na família, na Igreja e na sociedade. E na vida pública, cada um, a seu modo, é chamado a fazer crescer o bem comum, ou seja, aquele bem que alcança a todos.
O Papa Francisco nos lembra que “a política não é a mera arte de administrar o poder, os recursos ou as crises. A política é uma vocação de serviço.” O que todos nós esperamos é que a arte da política reencontre essa sua vocação. Esta é, sem dúvida, a condição fundamental para que ela recupera a necessária credibilidade. Mas, atenção, a consciência e a atuação política é tarefa de toda a sociedade e não apenas daqueles que foram eleitos para representar o povo. O interesse pela vida pública deve ser um lugar de corresponsabilidade. Oxalá Deus nos conceda alcançar esse ideal de verdadeira participação de todos para a defesa do bem comum e não para defender o próprio poder, a satisfação das riquezas ou uma ideologia pessoal!
Mas, se me permitem, gostaria de fazer um último aceno ao tema do Jubileu.
O encontro entre Cristo e os doentes e aflitos tem uma motivação de fundo. Aquelas pessoas olham para Jesus com esperança e sabem que Ele é o único capaz de não os defraudar. Contamos com Deus! Esta é a razão principal da nossa esperança.
Este ano temos no nosso horizonte “a esperança que não decepciona” (Rm 5). Ao proclamar o jubileu dos 2025 anos do nascimento de Cristo, o Papa Francisco propôs que se pudesse reconhecer o papel transformador da esperança, pois todo jubileu se vive a partir de experiências concretas de perdão, reconciliação, libertação e partilha.
Que nos empenhemos todos a deixar sinais de esperança no caminho que estamos dispostos a trilhar.
Que a força da esperança encha o nosso presente! «Confia no Senhor! Sê forte e corajoso, e confia no Senhor» (Sal 27, 14) “

Padre Rodrigo Motta tem excelente relação com as autoridades de Nova iguaçu e das cidades vizinhas