No calendário da saúde, o dia 24 de abril é marcado pelo Dia Mundial de Combate à Meningite. A data reforça a importância da prevenção contra a doença devido a sua gravidade. Além do óbito, os pacientes podem sofrer sequelas importantes, como perda auditiva, de visão, da fala, motora e até ficar em estado vegetativo. A vacinação é a forma mais eficaz de evitar a infecção. Ainda assim, a cobertura vacinal no estado do Rio está longe da meta estabelecida pelo Ministério da Saúde, de 95%.
Há várias vacinas disponíveis no Sistema Único de Saúde (SUS), por meio do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde (PNI-MS), contra diversos tipos de meningites. Todas gratuitas. As três principais delas são:
• Meningocócica C: pode ser administrada em crianças de 3 meses até os 4 anos de idade;
• Pneumocócica 10: pode ser administrada em crianças de 2 meses a 4 anos;
• Pentavalente: pode ser administrada a partir de 2 meses até 6 anos de idade (age contra a meningite por hemófilos);
No estado do Rio, a cobertura da Meningo C está em 61%, longe da meta de 95% e abaixo da média nacional, atualmente em 70%. O cenário também se repete na Pneumo 10, que conta com cobertura de 69% no território fluminense, e 80% na média do país. Já em relação à Pentavalente, as coberturas estão em 72% no Rio e em 83% no Brasil.
Levantamento feito pela Vigilância Epidemiológica da SES-RJ indica que 5.234 casos foram notificados no Estado do Rio de 2020 a 2023, período da pandemia da Covid-19, quando houve subnotificação de diversas doenças endêmicas. Ou seja, o número pode ter sido ainda maior. No mesmo período, foram registrados 522 óbitos. Muitos deles evitáveis.
“Estamos falando de uma doença grave e que pode ser prevenida de forma simples, por meio da vacina. Sabemos que ocorrem casos mesmo em vacinados, mas essa probabilidade é muito menor e, quando ocorre a infecção, as consequências tendem a ser mais brandas. As vacinas estão disponíveis no SUS e é muito importante que a sociedade civil esteja engajada nessa luta”, reforça a secretária de Estado de Saúde do Rio, Claudia Mello.
Dados do Sistema de Informação de Agravos de Notificação indicam que 413 pessoas foram internadas com esse diagnóstico, a maioria crianças e adolescentes, apenas neste ano. De acordo com a Vigilância Epidemiológica da SES-RJ, a taxa de letalidade da doença no estado do Rio é, em média, de 10% ao ano.
O que é a meningite?
A meningite é uma inflamação das meninges, membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal, podendo ser causada por bactérias, vírus, fungos e parasitas. As meningites virais e bacterianas são as de maior importância para a saúde pública, considerando a magnitude de sua ocorrência e o potencial de propagação. Em princípio, pessoas de qualquer idade podem contrair meningite, mas as crianças menores de 5 anos são mais atingidas.
No Brasil, a meningite é considerada uma doença endêmica. Casos são esperados ao longo de todo o ano, com a ocorrência de surtos e epidemias ocasionais. A ocorrência das meningites bacterianas é mais comum no outono e no inverno, e das virais, na primavera e no verão.
Em geral, a transmissão é de pessoa para pessoa, através das vias respiratórias, por gotículas e secreções do nariz e da garganta de pessoas infectadas, assintomáticas ou doentes.
Clarisse Pimentel, infectologista da Fundação Saúde, explica que o agente infeccioso causador da meningite age no Sistema Nervoso Central (SNC), podendo afetar diversas áreas do corpo.
“Por conseguir acessar o Sistema Nervoso Central, a meningite ganha potencial de afetar diversas partes do corpo e comprometer suas funcionalidades, justamente porque o SNC é responsável pelas nossas atividades, como locomoção, raciocínio e memória”, explica.
A médica esclarece que a doença meningocócica se destaca das demais por apresentar evolução mais rápida, podendo surgir manchas na pele, que nos casos mais graves se disseminam por todo o corpo.
“As meningites de todas as etiologias são doenças de notificação compulsória, e todos os casos suspeitos devem ser notificados às Secretarias Municipais e Estadual de Saúde. O tratamento requer o uso de antibióticos, mas, em alguns casos, mesmo com um manejo clínico adequado e em tempo oportuno, as medicações acabam não sendo eficazes e a doença progride com gravidade. Ainda assim, o diagnóstico precoce contribui para um desfecho mais favorável”, pontua.