Deputados na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) estão denunciando a prefeitura de Macaé e a Fundação Getúlio Vargas por prática de misoginia. No último domingo, uma das provas aplicadas no concurso público para professores municipais continha uma questão assinalando que a mulher “falaria demais”, dando margem para uma interpretação preconceituosa.
A denúncia foi feita inicialmente pela deputada do PT, Elika Takimoto. Na sessão plenária de terça-feira (15/10), a parlamentar disse que seu telefone recebeu inúmeras mensagens falando sobre o caso. Segundo ela, o problema foi identificado em duas questões de português. Numa delas, o enunciado diz para marcar “a frase que não contém uma crítica ao fato de a mulher falar demais”.
“São teores machistas e misóginos. Ou seja, em plano 2024 a gente ainda passa por isso. O concurso foi organizado pela Fundação Getúlio Vargas. Entre as alternativas estava ‘a língua é a última coisa que morre em uma mulher’. Na outra, dizia ‘gosto de mulheres jovens: suas histórias são menores’. Isso é uma grave agressão a todas nós”, disse.
Ela lembrou que na última semana o Governo Federal sancionou a lei 14.994/ 2024, que amplia a pena para o crime de feminicídio em até 40 anos. A norma, inclusive, passa a constar no Código Penal, que tipifica o feminicídio. Organizadora do concurso, a Fundação Getúlio Vargas informou que já anulou as questões, mas para os deputados isso não é o suficiente.
“Sim, a Fundação confirmou a anulação da questão por não estar alinhada aos princípios da instituição”, disse ela. Mas o problema não está solucionado nessa simples anulação. É necessário que a instituição, que recebe recursos públicos, faça autocrítica e adote boas práticas de capacitação e atualização dos seus contratados para alinhar o conteúdo das provas às premissas éticas como uma sociedade democrática exige”, avaliou.
O deputado Flávio Serafini (Psol) também não se deu por satisfeito com a anulação das questões. Para ele, o problema é grave e exige responsabilizações imediatas.
“Essas misóginas e ofensivas exigem respostas da Fundação e da prefeitura. Ontem as questões da prova foram anuladas, mas não permitiremos que esse tipo de conteúdo passe sem consequências. Estamos cobrando explicações e responsabilizações imediatas”, revelou Serafini.