Primeira escola a desfilar na terça-feira de carnaval (04-03), a Mocidade Independente de Padre Miguel quer apagar o 10º lugar do carnaval passado. A agremiação levará para a avenida este ano o enredo “Voltando para o futuro – Não há limites para sonhar”, dos carnavalescos Renato Lage e Márcia Lage. Em janeiro deste ano, Márcia morreu de leucemia e Renato teve que tocar o carnaval da Mocidade praticamente sozinho.
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O enredo aborda a estrela da Mocidade, símbolo da escola, destacando também o avanço da ciência e tecnologia. “Os astrônomos dizem que as estrelas estão muito longe da Terra e que ao observá-las no céu, à noite, estamos olhando para o passado. Isso ocorre porque a luz de uma estrela que chega até nós foi emitida há muito tempo atrás…”, escreveram os carnavalescos no enredo.
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Renato Lage destaca que o homem está fixado pela robotização, salientando que o “O Homem da pedra lascada avançou, seguiu em frente, deu um salto quântico e chega à Era Tecnológica”. Hoje, na visão do carnavalesco, máquinas, os computadores, drones, satélites espaciais e robôs, tornaram-se os “brinquedinhos favoritos”.
O último título da Mocidade foi com “As mil e uma noites de uma Mocidade pra la de Marrakesh”, em 2017, juntamente com a Portela. O samba foi de Altay Veloso, Paulo César Feital, Zé Glória, J. Giovanni, Dadinho, Zé Paulo Sierra, Gustavo, Fábio Borges, André Baiacu e Thiago Meiners)
Ziriguidum 2001 arrebatou a avenida em 1985
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Em 1985, a Marquês de Sapucaí foi à loucura com um enredo futurista da Mocidade: 1985: “Ziriguidum 2001, Um Carnaval nas Estrelas”, assinado pelo carnavalesco Fernando Pinto, que projetou, na época o carnaval e as festas folclóricas realizadas no espaço sideral.
A escola foi a última das oito escolas a desfilar no domingo pelo grupo 1-A (atual especial). Já era manhã de segunda-feira quando a escola atravessou a avenida as gritos de “É campeã!”. Naquele ano, Ney Viana estava voltando à Mocidade como puxador oficial. A agremiação levou para a Sapucaí uma alegoria da Nave-Mãe com reproduções de cinco discos voadores acoplados.
O refrão: “Quero ser a pioneira / A erguer minha bandeira / E plantar minha raiz”, dos compositores Tiãozinho da Mocidade, Gibi e Arsênio sacudiu a Sapucaí.
Fernando Pinto morreu em acidente na Brasil
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O carnavalesco pernambucano Fernando Pinto (Seu nome de batismo era Carlos Ferreira Fernando Pinto) morreu em 1987, aos 42 anos, vítima de acidente de carro. No dia 29 de novembro ele voltava da quadra da Mocidade para casa, em Copacabana. O seu carro, um Gurgel branco, dirigido por Sérgio Roberto da Conceição, bateu em um poste no acostamento direito da Avenida Brasil. O carnavalesco já chegou morto ao hospital. O motorista e Adalmir Braga da Silva (assistente de Fernando Pinto) conseguira sobreviver.
Acompanhe o samba da Mocidade de Padre Miguel
Enredo: “Voltando para o futuro – Não há limites para sonhar”
Carnavalescos: Renato Lage e Márcia Lege (in memoriam)
Ouça aqui o samba: https://www.letras.mus.br/mocidade-independente-de-padre-miguel/samba-enredo-2025-voltando-para-o-futuro-nao-ha-limites-pra-sonhar/
Autores: Paulo Cesar Feital, Cláudio Russo, Alex Saraiça, Denilson Rozario, Carlinhos da Chácara, Marcelo Casanossa, Rogerinho, Nito de Souza, Dr Castilho e Léo Peres.
Intérprete: Zé Paulo Sierra
A luz que nos chega da estrela primeira,
Nascida do pó no Cruzeiro do Sul
Do plasma divino das mãos carpinteiras
Ressurge candeia no breu nesse azul
Será que o limbo da imaginação
Perverte a inteligência
O homem com sua ambição
Desconhece a razão desatina a Ciência
Será que há de ter carnaval, sem minha cadência?
Com alas em tom digital
No fim da existência
Me diz afinal quem há de arcar com as consequências?
Se a mocidade sonhar
No infinito escrever
Versos a luz do luar, deixa! Quando o futuro voltar
A juventude vai crer
Que toda estrela pode renascer
O verde adoecido da esperança
Ofega sobre o leito da cobiça
Quem vive pelo preço da cobrança
Derrama sua lágrima postiça
Fogo matando a floresta
Bicho morrendo no cio
Febre no pouco que resta
Secam as águas do rio
E a vida vai vivendo por um fio
Naveguei…
No afã de me encontrar eu me emocionei
Lembrei da corda bamba que atravessei
São tantas as viradas desta vida
A mão que faz a bomba se arrepende
Faz o samba e aprende
A se entregar de corpo e alma na avenida
O céu vai clarear
Iluminar a zona oeste da cidade
E Deus vai desfilar
Pra ver o mago recriar a Mocidade