Na manhã deste sábado (8), um dia após o intenso tiroteio que assustou moradores da comunidade Grão-Pará, em Nova Iguaçu, o clima ainda é de tensão e medo na região. Ontem, criminosos incendiaram um ônibus e um carro da concessionária Light durante o confronto com a Polícia Militar, que mobilizou agentes do 20º BPM (Mesquita) para ações de repressão ao crime organizado.
Imagens compartilhadas nas redes sociais mostram os veículos em chamas e é possível ouvir o som intenso dos disparos. Segundo informações da PM, ao entrarem na comunidade para desarticular atividades criminosas, os policiais foram recebidos a tiros por homens armados, resultando em um confronto. Após o cessar-fogo, três suspeitos foram presos em uma área de mata. Com eles, foram apreendidos três fuzis, uma pistola e uma quantidade de drogas ainda não contabilizada.
A região vive uma escalada de violência em decorrência da disputa territorial entre milicianos e traficantes. Durante o tiroteio, os criminosos utilizaram os veículos incendiados e pneus em chamas como barricadas para dificultar a ação policial. O policiamento segue reforçado na comunidade.
Impacto no trânsito e transporte público
O Corpo de Bombeiros foi acionado às 9h43 da sexta-feira para conter o incêndio na Avenida Abílio Augusto Távora (antiga Estrada de Madureira). Não houve registro de vítimas. No entanto, o trânsito ficou caótico, com motoristas sendo obrigados a trafegar na contramão para fugir da área de risco.
A empresa Transporte Flores, do Grupo JAL, informou que a linha 120T (Duque de Caxias x Itaguaí) operou com intervalos irregulares durante o dia, limitando-se ao bairro Cabuçu. O serviço foi normalizado no final da tarde.
Outro ônibus do Grupo JAL, que também administra a Expresso Real Rio, foi incendiado por volta das 9h, nas proximidades do Conjunto da Marinha, no bairro Marapicu. O coletivo fazia a linha 713B (Cabuçu x Coelho Neto) e ficou completamente destruído. Felizmente, não houve feridos. Por questões de segurança, a circulação desta linha e da 444B (Cabuçu x Central) foi suspensa temporariamente. No final da tarde de sexta-feira, o serviço foi retomado com restrições. A linha 444B operou com saídas apenas da Central do Brasil para Cabuçu, enquanto a 713B funcionou normalmente de Coelho Neto para Cabuçu, com apenas duas viagens no sentido contrário, às 19h e 20h.
Em nota, o Grupo JAL repudiou o ataque: “Trata-se de mais um lamentável episódio que expõe as falhas da segurança pública no Rio de Janeiro”. Com este incidente, o número de ônibus incendiados no estado desde 2014 sobe para 432, sendo 25 apenas em Nova Iguaçu e 132 na Baixada Fluminense.
Carro da Light também foi alvo dos criminosos
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Durante a instalação de um transformador em uma subestação, uma funcionária da Light foi abordada por criminosos armados ao deixar a unidade. O carro da concessionária que ela utilizava foi roubado e incendiado em seguida. A funcionária chegou a ser mantida refém por um curto período nas proximidades da subestação, mas foi libertada sem ferimentos.
A Light informou que está oferecendo todo o suporte necessário à funcionária e reforçou o compromisso com a segurança de seus empregados, acompanhando o caso junto às autoridades competentes.
Prejuízos e apelo das autoridades
A Secretaria Municipal de Mobilidade Urbana (Semove) destacou que colabora com as autoridades de segurança para prevenir e reprimir esses atos de violência. A pasta também pediu a colaboração da população para identificar os responsáveis, incentivando o uso do Disque Denúncia (2253-1177), inclusive via WhatsApp, de forma anônima.
Em comunicado, a Semove informou que o custo de reposição dos ônibus incendiados ultrapassa R$ 367 milhões. Cada coletivo destruído deixa de transportar até 70 mil passageiros durante o período de seis meses, tempo estimado para a aquisição e regularização de novos veículos. Não há seguro para ônibus incendiados.
O policiamento permanece reforçado em Grão-Pará, e a PM segue em busca de outros envolvidos na ação criminosa.