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Contra o silêncio: como projetos sociais ajudam a prevenir o abuso infantil

Todo ano, o mês de maio convida os brasileiros a olharem com seriedade para uma realidade dolorosa e urgente: o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes. Hoje, dia 18 de maio, data oficial de enfrentamento à violência sexual infantil no Brasil, é um chamado coletivo à responsabilidade, à escuta ativa e à denúncia como formas de romper o ciclo de silêncio e impunidade.

Segundo dados da campanha Maio Laranja, a cada hora três crianças são abusadas no Brasil, mais da metade das vítimas tem entre 1 e 5 anos. A estimativa é que 500 mil crianças e adolescentes sejam explorados sexualmente por ano em nosso país, mas apenas 7,5% dos casos chegam a ser denunciados.

De acordo com o Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes, por meio da campanha Faça Bonito, a pauta deste ano será o fortalecimento das boas práticas em rede de proteção. A ideia é promover um debate amplo e inclusivo, que envolva todos os atores da rede e fortaleça as estratégias de enfrentamento da violência sexual no país. Outro importante tema deste ano será a aplicação da Lei 13.431/17, que estabelece o sistema de garantia de direitos da criança e do adolescente vítima ou testemunha de violência.

“A aplicação integral da Lei pode assegurar o atendimento humanizado e eficaz para crianças e adolescentes afetados pela violência”, destaca o site da campanha.

A escuta ativa é um dos principais instrumentos de proteção. Ouvir, acolher e orientar crianças e adolescentes com atenção e cuidado pode ser o primeiro passo para interromper uma situação de violência. E mais do que isso: criar ambientes seguros, como escolas, centros culturais e espaços comunitários, fortalece os vínculos e amplia a rede de confiança necessária para que vítimas e testemunhas se sintam amparadas para falar.

A Casa do Cultura na Faixa é um desses ambientes. Mais do que um espaço para difusão da cultura e oportunidades, é uma referência de proteção e cidadania na Baixada Fluminense, principalmente no Weda, região onde inaugurou o primeiro de três espaços. Como projeto da ONG Se Essa Rua Fosse Minha (SER), realizado por meio de convênio com a Transpetro, a iniciativa promove oficinas e rodas de conversa sobre direitos da infância, prevenção de violência e fortalecimento da autoestima de crianças e adolescentes.

Projetos como o Cultura na Faixa mostram que o combate ao abuso sexual não se dá apenas por meio da repressão, mas também pela criação de oportunidades, de pertencimento e de consciência coletiva. O assessor de Direitos Humanos do projeto, Leonardo Faislon, explica que quando uma criança participa de uma oficina de circo social, futebol, música, Folia de Reis, ela não somente desenvolve talentos, mas constrói referências, fortalece sua autonomia e aprende a reconhecer seus próprios direitos.

Por isso, de acordo com o Faislon, a valorização de políticas públicas e projetos sociais voltados à infância deve caminhar lado a lado com ações de denúncia e responsabilização. “Falar sobre o abuso infantil é necessário, mas garantir que toda criança tenha acesso à cultura, à educação e ao afeto é o que transforma essa realidade a longo prazo”.

Neste Maio Laranja, o convite é para que cada pessoa faça sua parte: escute com atenção, oriente com responsabilidade e denuncie com coragem. E, principalmente, apoie quem está na linha de frente, porque proteger a infância é um compromisso que precisa ser renovado diariamente.

Sobre o Cultura na Faixa

O Projeto Cultura na Faixa é uma iniciativa sociocultural e educacional voltada para comunidades situadas nas faixas de dutos da Transpetro, na Baixada Fluminense (RJ). Seu objetivo é fortalecer vínculos comunitários, promover a convivência em grupo e prevenir situações de risco social, criando espaços seguros e colaborativos. Alinhado aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Agenda 2030, o projeto promove cultura de paz e desenvolvimento comunitário, ampliando seu impacto por meio de parcerias com a sociedade civil e o setor privado. Cada área atendida conta com uma base de apoio comunitária, garantindo presença fixa e reforçando o sentimento de pertencimento junto à comunidade.

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