Como esperado, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar da Assembleia Legislativa decidiu arquivar o processo ético-disciplinar da deputada Lucinha (PSD) — denunciada pelo Ministério Público, na última segunda-feira (19), como integrante da maior milícia do Rio, conhecida como “Bonde do Zinho”. Com isso, a decisão é definitiva e o relatório não precisa ser levado ao plenário.
Distribuído aos membros do colegiado no início da semana, o parecer do relator Vinicius Cozzolino (União Brasil) pelo arquivamento foi seguido pelos deputados Renato Miranda (PL), Cláudio Caiado (PSD) e pelo presidente Júlio Rocha (Agir). Apenas Martha Rocha (PDT) e Dani Monteiro (Psol) votaram contra Lucinha.
O argumento dos que preferiram não levar o caso adiante seria o fato de o atual processo discutir apenas os indícios que levaram à busca e apreensão nos endereços da deputada, em dezembro do ano passado — e que, na ocasião, não teria sido apresentada prova contundente contra a deputada.
Os parlamentares citam que não estavam os novos dados, como os da denúncia apresentada à Justiça no início desta semana. Os deputados afirmam que, se houver qualquer novidade do caso, um novo processo ético-disciplinar pode ser instalado a qualquer momento.
Operação da PF
Suspeita de ter relações com a principal milícia da Zona Oeste do Rio, comandada por Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho, Lucinha foi indiciada pela PF no final de abril deste ano. Em dezembro de 2023, ela foi alvo de uma operação por suspeita de interferir na segurança pública do Rio para a soltura de milicianos presos em flagrante e, entre outras acusações, por ser um braço do grupo paramilitar na Alerj. Ela sempre negou as acusações.
Na época, Lucinha foi alvo de buscas e afastada do cargo pela Justiça. Ela voltou em fevereiro deste ano, após seus colegas da Alerj decidirem pela manutenção do mandato dela, mas com abertura imediata de processo ético-disciplinar.
MP sugere novo afastamento
Nesta segunda-feira (17), o Ministério Público denunciou Lucinha e sua ex-assessora parlamentar, Ariane Afonso Lima, por integrarem a milícia conhecida como “Bonde do Zinho”. De acordo com as investigações, Lucinha fazia parte do núcleo político da organização criminosa. O MP também pediu um novo afastamento da parlamentar.
De acordo com a denúncia do Procurador-Geral de Justiça, Luciano Mattos, baseada nas informações coletadas durante a operação “Dinastia I”, a milícia era composta por um núcleo operacional, composto por três subgrupos: as lideranças principais, as lideranças locais e os assessores, também conhecidos como soldados ou informantes, ligados à liderança principal e responsáveis pelo contato com integrantes das forças de segurança, execução do patrulhamento e segurança, entre outras funções.
“Em múltiplos episódios, constata-se a clara interferência das denunciadas na esfera política, junto a autoridades policiais e políticas, ora para favorecer os interesses da organização criminosa, ora para blindá-la das iniciativas estatais de combate ao grupo e ora para livrá-los de ações policiais, garantindo a impunidade dos seus integrantes”, relata um dos trechos da denúncia.
*com informações do portal Tempo Real