Conheça enredos das oito escolas que abrem os desfiles da Série Ouro na Sapucaí

Botafogo Samba Clube, Arranco do Engenho de Dentro, Inocentes de Belford Roxo, Unidos da Ponte, Estácio de Sá, União de Maricá, Em Cima da Hora e União da Ilha do Governador cruzam a passarela do samba nesta sexta-feira (28)

Os desfiles das escolas de samba começam nesta sexta-feira (28), na Marquês de Sapucaí, com as apresentações de oito agremiações da Série Ouro. No primeiro dia, a partir das 21h, Botafogo Samba Clube, Arranco do Engenho de Dentro, Inocentes de Belford Roxo, Unidos da Ponte, Estácio de Sá, União de Maricá, Em Cima da Hora e União da Ilha do Governador cruzam a Avenida na busca de uma vaga no Grupo Especial e o não rebaixamento para a Série Prata.

Estreante na Sapucaí, o Botafogo Samba Clube abre os desfiles com o enredo “Uma Gloriosa História em Preto e Branco”, contando a história de origem do Botafogo de Futebol e Regatas, através de seus ídolos e conquistas. O carnavalesco Alex de Souza revela que a passagem da agremiação será como uma verdadeira comemoração dos alvinegros pelos títulos de 2024, do Campeonato Brasileiro e da Libertadores.

Estreante na Sapucaí, Botafogo Samba Clube terá enredo ‘Uma Gloriosa História em Preto e Branco’Divulgação/Botafogo Samba Clube

“Nós vamos abrir o desfile do carnaval de 2025 contando a história do bairro, do clube, do grande Botafogo de Futebol e Regatas, e vamos fazer a alegria dos torcedores para comemorar os títulos de 2024 em plena Sapucaí. Nosso enredo começa desde a origem do nome Botafogo até a celebração dos dias atuais do time alvinegro”. 

Botafogo Samba Clube conta a história de origem do Botafogo de Futebol e Regatas, através de seus ídolos e conquistasDivulgação/Botafogo Samba Clube

Em seguida, o Arranco do Engenho de Dentro apresenta o enredo “Mães que alimentam o sagrado”, falando de mulher, ancestralidade, fé, festas e pluralidade. A agremiação da Zona Norte quer levar para o Sambódromo o amor, o cuidado e as dificuldades de ser mãe. A carnavalesca Annik Salmon diz que o tema da escola é como um grito por respeitos às mães e às mulheres.

“O desfile todo é muito lindo e emocionante. Eu estou muito feliz de concluir esse trabalho nessa escola. Esse enredo fala de mim, fala das mulheres da escola, das mulheres e das mães do Brasil. Eu espero que as pessoas gostem e se apaixonem por tudo (…) Esse trabalho artístico visual que irei mostrar na Avenida, é um grito de mulher, um grito de mãe, que precisa ser respeitada, que é essencial para o Carnaval e merece todos os aplausos”.

Segunda alegoria do Arranco foi feita artesanalmente e pensando em espetáculo sustentávelArtur Amaro/Arranco do Engenho de Dentro

Salmon apontou a segunda alegoria como destaque e fala sobre a importância da sustentabilidade no Carnaval. “Hoje a minha paixão é o segundo carro, uma alegoria feita artesanalmente, com figurinos que já vestiram mulheres e que me fez pensar em como construir um desfile pensando no futuro do planeta, tentando começar a fazer um espetáculo sustentável”.

Carnavalesca Annik Salmon diz que Arranco levará grito por respeitos às mães e às mulheresArtur Amaro/Arranco do Engenho de Dentro

Terceira da noite, a Inocentes de Belford Roxo vai para a Avenida com a reedição do enredo “Ewe, a cura vem da floresta”, campeão do Carnaval de 2008 (Grupo do Acesso B), que vai tratar do poder da cura das doenças através das plantas e a necessidade de preservação das florestas. Segundo carnavalesco Cristiano Bara, o cortejo de abertura será o grande destaque do desfile da agremiação da Baixada Fluminense.

Cortejo de abertura será o grande destaque do desfile da Inocentes de Belford RoxoDivulgação/Inocentes de Belford Roxo

“O destaque que a Inocentes irá apresentar no seu desfile é o grande cortejo na abertura, sete alas à frente do abre-alas para receber Ossain. Estou confiante que vamos brigar pelo título e se os deuses do Carnaval nos abençoarem, o campeonato vem para Belford Roxo”.

Inocentes de Belford Roxo vai para a Avenida com a reedição do enredo ‘Ewe, a cura vem da floresta’Divulgação/Inocentes de Belford Roxo

Em sua passagem, a Unidos da Ponte levará ao público uma reflexão sobre a relação dos seres humanos com a Terra e os desafios ambientais contemporâneos, com o enredo “Antropoceno”. A agremiação de São João de Meriti vai abordar os impactos como degradação de ecossistemas, perda de biodiversidade e o aumento das mudanças climáticas, para fomentar uma nova consciência, que valorize a harmonia entre a humanidade e o planeta.

Unidos da Ponte levará ao público reflexão sobre a relação dos seres humanos com a Terra Divulgação/Unidos da Ponte

Já a Estácio de Sá desfila “O Leão se engerou em encantado amazônico”, que levará o público a conhecer o mundo dos encantados da Amazônia e dos povos originários. A Vermelha e Branca vai explorar o diálogo com a cultura e a regionalidade tendo a floresta como cenário, sua cultura e seu folclore. De acordo com o carnavalesco Marcus Paulo, além do enredo trazer os saberes dos ancestrais, terá também uma mensagem de preservação do meio ambiente. 

Estácio de Sá desfila o enredo ‘O Leão se engerou em encantado amazônico’Divulgação/Estácio de Sá

“Os encantados são seres que concebem e representam cada elemento presente na floresta amazônica. Eles têm a incumbência de proteger aquele bioma brasileiro, através desse saberes dos povos ancestrais originários, e também a cultura e o folclore (…) Nosso enredo está sendo construído não somente com o olhar do pesquisador, mas de quem vive essa cultura, os engeramentos, os encantados. E é com a força dos encantados amazônicos que todo estaciano vai se engerar em encantado amazônico. A nossa mensagem maior é de proteção e preservação do meio ambiente, com muita alegria e samba no pé”.

Estácio de Sá levará público a conhecer mundo dos encantados da Amazônia e dos povos origináriosDivulgação/Estácio de Sá

A União de Maricá terá como enredo “O cavalo de Santíssimo e a coroa do Seu 7”, homenageando Seu 7 da Lira, Exu Sete Encruzilhadas que tinha como médium a mãe de santo Cacilda de Assis. O carnavalesco Leandro Vieira – que também assina o desfile da Imperatriz Leopoldinense pelo Grupo Especial – destaca que a ideia para o tema surgiu da vontade de celebrar um Brasil plural, de Exus e Pomba-Giras, que acredita na força da música, da festa, do canto e da dança, e que celebra a vida apesar dos pesares.

União de Maricá terá como enredo ‘O cavalo de Santíssimo e a coroa do Seu 7’Divulgação/União de Maricá

“A importância desse enredo passa pela ideia de uma figura tão cheia de preconceitos e mal entendimentos. Celebrar Exu como essa figura de festa, de vida, de caminho, eu acho que dá uma contribuição no sentido de ampliar conhecimentos coletivos. Eu acho que é um Carnaval importante, num sentido político, mas também educacional, de apresentar um Exu diferente do que se convencionou. Num país que compreende mal questões religiosas de caráter afro-brasileiro e onde a educação não é para todo mundo, acho que um Carnaval que celebra e ensina quem é Exu vai ser sempre importante”.

União de Maricá vai homenagear Seu 7 da Lira, Exu Sete EncruzilhadasDivulgação/União de Maricá

Penúltima da noite, a Em Cima da Hora apresenta o enredo “Ópera dos Terreiros – O Canto do Encanto da Alma Brasileira”, em uma celebração da riqueza cultural e espiritual brasileira, por meio dos rituais, mitos e tradições dos terreiros. A escola da Cavalcante, na Zona Norte, quer fazer jus a toda jornada do povo preto, partindo do pertencimento e da ancestralidade. Para o carnavalesco Rodrigo Almeida, a mistura entre o erudito e o afro vai encantar o público na Sapucaí.

“O destaque da Em Cima da Hora é a fusão entre o erudito e o afro que será simplesmente grandiosa! Estamos preparando um espetáculo onde a sofisticação da música clássica se encontra com a força e a ancestralidade das nossas raízes africanas. Essa mistura vai transformar a Sapucaí em um palco de emoção, beleza e identidade, mostrando que a arte não tem fronteiras. O público pode esperar um desfile arrebatador, onde tradição e inovação caminham lado a lado no compasso do samba!”.

‘Público pode esperar um desfile arrebatador, onde tradição e inovação caminham lado a lado no compasso do samba’, diz carnavalesco Rodrigo AlmeidaAnaiara Gois/Em Cima da Hora

Fechando a primeira noite de desfiles, a União da Ilha do Governador vai contar a história da italiana Marietta Baderna, que ficou conhecida por unir a cultura erudita com danças populares. O enredo “BA-DER-NA! Maria do Povo” vai retratar a primeira bailarina da Teatro Scala de Milão, que desembarcou no Rio no século XIX e escandalizou a elite, tendo seu sobrenome virado sinônimo de bagunça na língua portuguesa. 

“A União da Ilha vai desbravar a história dessa bailarina que fez tanto pelo povo carioca, pelos mais oprimidos de uma sociedade ainda Imperial, em que ela lutou com muita resiliência, bravura, aprendeu as danças das ruas e levou para a elite, para dentro do teatro, como voz daqueles que não tinham. Esse enredo traz a alegria pertinente a União da Ilha do Governador, o colorido acertado e a história de uma bailarina que fez história, que fez parte da nossa sociedade, do nosso Rio de Janeiro, e que com muita resiliência defendeu aqueles que mais necessitavam de uma sociedade melhor”.

União da Ilha ainda tem fantasiasDivulgação/União da Ilha

Escolas não serão rebaixadas

No último dia 12, uma plenária da Liga RJ – responsável pelo Carnaval da Série Ouro – aprovou de forma unânime que o Império Serrano, Unidos de Bangu e Unidos da Ponte não serão julgados nos desfiles deste ano e vão se apresentar como hors-concours, sem possibilidade de rebaixamento para a Série Prata ou ascensão ao Grupo Especial.

A medida foi adotada por conta de um incêndio de grandes proporções que atingiu a fábrica Maximus Confecções, em Ramos, na Zona Norte, onde eram produzidas fantasias das agremiações da Série Ouro. O Império Serrano perdeu 97% de suas fantasias armazenadas no local, enquanto a Unidos de Bangu e a Unidos da Ponte sofreram perdas de 60% de seus figurinos, além de todo o material destinado à confecção de novas peças. 

Os horários e dias de apresentação de todas as escolas permanecem inalterados conforme a programação oficial. As demais 13 escolas de samba serão julgadas normalmente, com a campeã garantindo acesso ao Grupo Especial no Carnaval de 2026, enquanto as duas últimas colocadas serão rebaixadas para a Série Prata. A apuração acontece no dia 6 de março. 

Com informações do O Dia

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