Com a mensagem ‘Quando nos conscientizamos todas as peças se encaixam’, a Prefeitura de Japeri realizou o Piquenique Azul, na manhã da última sexta-feira (12). O evento de conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista (Tea) transformou o Campo do Golfe em um grande espaço de união, acolhimento e diversão.
Para Michelli Reis, mãe de Gael Julio, (5), a ação acontece num momento especial em que o filho sai da fase bebê para criança. “Ele ama correr e é difícil sair com ele porque as pessoas não entendem e acabo me sentindo constrangida. Aqui, nós estamos num ambiente preparado para eles, onde todo mundo entende os estágios, as dificuldades e comemora as evoluções. Está aprovado!”, disse ela que leva o filho nas terapias do Centro de Reabilitação Infantil (Cri).
De acordo com a subsecretária de Atenção em Saúde, Tatiana Soares, o piquenique foi uma união de esforços para que o mês de abril marque não só a luta da conscientização, mas também demonstre o trabalho que é feito todo o dia. “Nosso objetivo é ocupar cada vez mais os espaços, é aumentar a rede de serviços e acima tudo mostrar que as famílias não estão sozinhas. Que na nossa gestão, eles são prioridade. Esse é o primeiro evento de abril, outros virão e nosso trabalho vai se aprimorando e ampliando”, disse a gestora.
Segundo ela, ações importantes foram adicionadas ao evento como o apoio da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semades), que ensinou as crianças sobre o plantio e o cuidado; e ainda realizou cadastro para coleta seletiva e distribuição de mudas de plantas. O Japeri Golfe Rio de Janeiro, cedeu o espaço e os seus profissionais sensibilizados com a causa, se juntaram ao grupo para mostrar a estrutura, o trabalho que é realizado e como ocorre a inclusão nas atividades. “São novas portas se abrindo e oportunidades que estamos criando juntos, porque somos um grupo composto de famílias e governo comprometidos com o bem-estar e o desenvolvimento das crianças e adolescentes com Tea”, finalizou.
Abril Azul com inclusão, empatia e respeito
A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais de Japeri (Apae-Japeri) participou do evento e a presidente, Daiana Ruivo, destacou a luta da organização que há quase 25 anos oferece atendimento especializado às Pessoas com Deficiência nas áreas de saúde, educação e assistência social de forma multidisciplinar e a aproximação com o poder público no realinhamento de ações.
“Abril é um mês em que os olhares estão mais voltados para os nossos filhos. Eu também sou mãe de autista. Hoje estou presidente da Apae Japeri, e a gente vê que a luta ao invés de diminuir ela cresce. Quanto mais eles crescem, mais eles mudam e mais fraca a gente vai ficando, porque vamos envelhecendo. Mas, a gente vê que o poder público está com esse olhar voltado pra gente e que as coisas estão caminhando, que estão pensando em nós e isso nos motiva a estar aqui e mostrar o que o amor é capaz de fazer”, relatou.
Aceitando um convite da presidente da Apae, as famílias presentes declamaram o grito de guerra que acompanha as lutas travadas para a garantia dos direitos de quem possui o Transtorno do Espectro Autista. E todos juntos disseram: “Inclusão, Empatia e Respeito. O lugar do autista é onde ele quiser e quem não estiver satisfeito que saia, porque nossos filhos vão ficar onde quiserem”, bradou o grupo.
Os alunos do ensino médio do Ciep 402 Aparício Torelli, no bairro Cosme e Damião, também participaram da ação. Eles que realizam estágio curricular em unidades de ensino municipal de educação infantil e fundamental do primeiro segmento, fizeram atividades de interação com as crianças, adolescentes e suas famílias.
A aluna Maria Alice, foi para o evento para contar horas no estágio curricular, mas, disse ter sido envolvida pela magia do ambiente. “Como cidadã, futura educadora e japeriense eu estou orgulhosa de ver essa comunhão, o desenvolvimento deles em espaço aberto e a socialização. Agora precisamos ampliar o acolhimento em toda a cidade para que mais grupos possam participar”, declarou interagindo com Maria Laura, (3), que foi com a mãe Amanda Liborio e o irmão Marcio Eduardo, (12), que também realiza atendimentos no Cri.
Já a dona de casa, Maria Lúcia, avó coruja de Julio Cesar, (12), que é aluno do sétimo ano da Escola Municipal Santos Dumont, em Vila Central, disse o quanto foi importante o acolhimento diante da descoberta tardia do Tea em seu neto. “Esse ano que iniciamos o tratamento. Não sabíamos o que ele tinha, mas fomos acolhidos pela Dra. Bianca e toda a equipe e agora ele já fez bons progressos nas terapias”, relatou, enquanto Julio descobria o que significava um piquenique. “Nome engraçado, nem sei o que é, mas, tem comida e muita alegria, então vou aproveitar”, disse indo correr no campo.
Simbolizando a união, foi formada uma grande roda em que um balão percorre todo o circuito levado de mão em mão. Entre aplausos o círculo vai ficando cada vez menor, até não sobrar mais ninguém. A dinâmica tem o objetivo de aumentar o nível de socialização entre as pessoas.
A subsecretaria de Atenção à Saúde ainda realiza no próximo dia (22), às 9h, o dia ‘D’ do autismo, no pátio do Centro Municipal de Especialidades (Cemes), no Mucajá, com atendimentos da Secretaria Municipal de Assistência Social e Trabalho. E, no dia, (30/4), dois eventos movimentam as famílias, às 13h30 Roda de Conversa Cuidando de Quem Cuida, no auditório do Cemes e às 17h horas, no Centro Cultural Luiz Eduardo de Magalhães, em Engenheiro Pedreira, com cinema apresentando o filme do Mario Bross.