Dados da doença, em UPAs do estado, apresentam elevação de 22% em janeiro deste ano
Para se antecipar a um possível surto de bronquiolite, a Secretaria de Estado de Saúde (SES- RJ) referenciou os hospitais Ricardo Cruz, em Nova Iguaçu, e o Zilda Arns, em Volta Redonda, para o atendimento infantil. A medida busca destinar vagas em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) pediátricas, diante do aumento sazonal da doença, mais frequente entre fevereiro e julho. Em janeiro de 2024, as 27 UPAS registraram 275 atendimentos de bronquiolite. No mesmo período de 2025, o número subiu para 338, um aumento de 22,9%.
De acordo com o planejamento da SES, serão 75 leitos de UTI para atendimento à doença. O Ricardo Cruz destinará 40 vagas, na Baixada Fluminense, e o Zilda Arns 35, no Médio Paraíba. Outra medida adotada pela secretaria será a capacitação de cerca de 700 médicos e profissionais de saúde que atuam em UPAS e unidades de emergência para identificar, de forma precoce, os sintomas da doença.
Conforme dados levantados pela Secretaria de Estado de Saúde, em 2025, os maiores atendimentos, em UPAS, foram feitos na Ilha do Governador (79), Ricardo de Albuquerque (36), Irajá (33) e São Pedro da Aldeia (26).
“Os indicadores de atendimento das Unidades de Pronto Atendimento do estado apontaram para um aumento de bronquiolite em 2025. Por isso, tomamos uma decisão preventiva de referenciar os leitos, além de capacitar médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e fisioterapeutas para que o diagnóstico seja preciso na rede”, frisa a secretária de Estado de Saúde, Claudia Mello.
A bronquiolite é uma infecção viral que compromete a via aérea inferior (traqueia, brônquios, bronquíolos e alvéolos) e provoca desconforto respiratório devido à inflamação dos bronquíolos, responsáveis por levar ar aos pulmões. O Vírus Sincicial Respiratório (VSR), que provoca pneumonia, bronquiolite e traqueobronquite, é o que mais leva a internação de crianças por síndrome gripal, além da influenza, parainfluenza e adenovírus. Roberta Serra, Coordenadora de Saúde da Criança da SES, alerta sobre os sinais e sintomas da doença, bem como as medidas de prevenção à doença.
Pediatra aponta sinais e sintomas da bronquiolite
“A bronquiolite compromete, com mais gravidade, crianças menores de dois anos e bebês menores de seis meses. Parece uma gripe, com coriza, nariz entupido, tosse e febre baixa, mas pode evoluir para um quadro grave em três dias. A doença traz cansaço, dificuldade respiratória e os lábios podem ficar um pouco azulados ou arroxeados. Outro problema é a dificuldade para se alimentar e ingerir líquidos, o que pode provocar desidratação. As medidas de suporte são oxigênio e hidratação venosa. É importante ficar atento aos sintomas e buscar atendimento na atenção primária à saúde na persistência dos sinais”, alertou a pediatra, que também indicou manter o ambiente arejado, lavar as mãos e manter o calendário vacinal das crianças em dia.
Unidades estão equipadas para dar suporte à criança
As UTI estão equipadas com respiradores de alta frequência, bombas infusoras (que possibilitam a administração automatizada de medicamentos e nutrição), monitores para controle cardíaco, saturação e pressão arterial do paciente e ventiladores mecânicos.
“Os hospitais estão preparados para receber as crianças, em caso de necessidade. Nos primeiros anos de vida, elas ainda não estão com 100% do seu sistema imunológico maduro, o que pode levar à bronquiolite. O tratamento clínico envolve cuidados como a hidratação e a oxigenoterapia. Há também casos em que o paciente pode precisar se alimentar via sondas, em quadros mais graves”, explica o subsecretário de Atenção à Saúde, Caio Souza.
Medicação que previne infecções respiratórias é entregue aos polos de aplicação
No dia 30 de janeiro deste ano, a SES realizou o Seminário de Capacitação de 130 profissionais, entre eles médicos, enfermeiros, farmacêuticos e técnicos de enfermagem, para o Programa de Profilaxia contra o Vírus Sincicial Respiratório (VSR). O treinamento destacou a importância da medicação Palivizumabe na prevenção de infecções respiratórias em crianças. A secretaria recebeu 3.590 frascos da medicação (0,5 ml e 1,0) pelo Ministério da Saúde e já distribuiu aos 19 polos de aplicação (estaduais e municipais).