Brasil registra 14 assassinatos diários de crianças e adolescentes, revela relatório do Unicef

Em três anos, foram 15 mil homicídios: faixa etária de 15 a 19 anos concentra 91,6% dos casos

Um novo relatório divulgado nesta terça-feira (13) revela que o Brasil registrou mais de 15 mil assassinatos de crianças e adolescentes entre 2021 e 2023, uma média de 14 mortes violentas por dia. A pesquisa, realizada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP), apresenta dados alarmantes sobre a violência no país.

O estudo, intitulado Panorama da Violência Letal e Sexual contra Crianças e Adolescentes no Brasil, mostra que foram documentadas 15.101 mortes violentas intencionais (MVI), categoria que inclui homicídios, feminicídios, latrocínios, lesões corporais seguidas de morte e mortes por intervenção policial.

A faixa etária mais afetada é de 15 a 19 anos, com 91,6% dos casos, e a maioria das vítimas são meninos (90%) e pessoas negras (82,9%).

O relatório destaca que a taxa de mortalidade entre negros de 0 a 19 anos é 4,4 vezes maior do que a de brancos, com uma incidência particularmente alta de homicídios de meninos negros, que têm 21 vezes mais chance de serem vítimas do que meninas brancas. A violência armada é predominante, atingindo 86,3% dos casos na faixa etária dos 15 aos 19 anos.

Bahia registro maior número de mortes violentas intencionais

A Bahia liderou o número de mortes violentas intencionais, com 924 casos, seguida por São Paulo com 292. A participação das mortes causadas por intervenção policial também é preocupante: entre 2021 e 2023, 2.427 mortes foram atribuídas a forças de segurança, representando 16% do total. Sergipe e São Paulo apresentaram as maiores proporções de mortes causadas por policiais, com 36,9% e 29,5%, respectivamente.

A socióloga Samira Bueno, do FBSP, destacou a necessidade de protocolos mais claros para o uso da força pelas polícias, especialmente em comunidades periféricas onde a violência policial tem um impacto desproporcional. O relatório sugere que o aumento das mortes provocadas por policiais pode indicar abusos e exige uma revisão urgente das práticas de segurança pública.

Com informações de Metrópoles

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