Bolsonaro diz que deve ser operado neste domingo e que médico tratou o seu caso como ‘grave’

Ex-presidente foi internado com dores após uma obstrução intestinal decorrente da facada sofrida em 2018

Jair Bolsonaro pode passar por uma cirurgia neste domingo, segundo informou o próprio ex-presidente. A equipe médica responsável por acompanhar a saúde do ex-mandatário avalia realizar um procedimento para avaliar o impacto dos danos da obstrução intestinal, decorrente de sequelas da facada no abdômen que o ex-capitão do Exército sofreu durante a campanha em 2018.

O ex-presidente participava na sexta-feira de manhã de um ato político no Rio Grande do Norte quando começou a sentir dor na região da barriga. Ele foi atendido às 11h15 num hospital na cidade de Santa Cruz, a 115 quilômetros da capital potiguar, e depois foi transferido para Natal. Segundo o boletim médico, Bolsonaro apresentava um quadro de distensão abdominal.

Ao avaliar a situação de saúde de Bolsonaro, a equipe médica ficou preocupada com indícios de piora no quadro de obstrução intestinal apresentado pelo ex-presidente, que, desde a facada no abdômen, tem histórico de interrupção do trânsito no intestino que é controlado a partir de medicação.

— Da forma como ele chegou, bastante desidratado, [com] muita dor e distensão abdominal exuberante, dá para dizer com alguma segurança que esse foi o quadro mais exuberante em relação aos quadros anteriores que ele apresentou. Embora eu não tenha acompanhado presencialmente as outras ocasiões — afirmou em coletiva o médico Claudio Birolini, que acompanha o quadro clínico de Bolsonaro.

Com a situação de saúde de Bolsonaro é considerada complexa, segundo aliados do ex-presidente, houve uma decisão de transferir o ex-mandatário para outro hospital. Alguns conselheiros queria que ele fosse acompanhado em São Paulo pela equipe do médico Antonio Luiz Macedo, que monitora o estado de Bolsonaro desde a época da facada em 2018. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, porém, se opôs à ideia e optou por realizar a cirurgia em Brasília, sob os cuidados de Birolini, especialista em parede abdominal.

A decisão de Michelle dividiu opiniões entre aliados de Bolsonaro, que defendiam a transferência do ex-presidente para São Paulo, onde poderia ser operado por Macedo, que acompanha a situação de saúde do ex-presidente há seis anos.

Em seu post nas redes sociais, Bolsonaro não disse onde seria operado. “Em Brasília ou em São Paulo, após minha transferência, provavelmente passarei por uma nova cirurgia”, afirmou o ex-presidente. Uma aeronave fretada já foi reservada para transportar o ex-mandatário e levá-lo para Brasília na noite deste sábado.

Aliados do ex-presidente dizem que ele pode ser operado neste domingo na hora do almoço. Não há confirmação oficial ainda do horário da cirurgia. Bolsonaro deve passar por uma nova avaliação médica.

Mais cedo neste sábado, o líder da oposição no Senado, Rogério Marinho (PL-RN), já havia falado sobre a possibilidade de cirurgia e confirmou que Bolsonaro será transportado hoje de Natal para Brasília em um avião que funcionará como Unidade de Terapia Intensiva (UTI) Móvel.

Marinho, que acompanha Bolsonaro no Rio Grande do Norte, declarou que o avião que levará Bolsonaro a Brasília vai decolar nesta tarde.

– A equipe médica que o acompanha está muito segura do quadro do presidente. Chegou na madrugada o médico da equipe que o acompanha já há algum tempo, que é o doutor Cláudio (Biroline).

Eles entenderam que há uma necessidade de deslocá-lo para Brasília.

– Tem um avião que deve estar chegando nas próximas horas em Natal, uma UTI móvel que poderá levá-lo até Brasília e ele vai ficar hospitalizado no DF Star – declarou Marinho: – Lá se tomará a decisão de qual será o procedimento a seguir. Esse quadro é um quadro que ele tem desde 2018, são quatro operações que ele fez decorrentes das consequências desse atentado à vida dele em 2018. Os médicos vão avaliar se há necessidade de fazer alguma intervenção – havia dito também o senador.

O líder da oposição também disse que há um apoio logístico das forças federal, estadual e municipal de segurança para garantir que a ida do ex-presidente ao aeroporto aconteça sem tumultos.

– Está sendo montada uma operação junto com a Polícia Rodoviária Federal, com a Polícia Militar e a Guarda Municipal para que não haja tumulto no seu transporte, na sua chegada ao aeroporto.

Histórico médico

Desde o atentado com facada na região abdominal, em 6 de setembro de 2018, em Juiz de Fora (MG), o ex-presidente foi submetido a pelo menos seis cirurgias no local, de correções de hérnias a desobstruções intestinais.

A faca penetrou a parede abdominal, transfixou alças intestinais e vasos sanguíneos, e ficou alojada a poucos milímetros da artéria mesentérica superior, um dos principais ramos da aorta abdominal, responsável por irrigar grande parte do intestino delgado e porções do intestino grosso. A lesão atingiu a veia mesentérica, mas se a perfuração tivesse avançado apenas um centímetro a mais em direção ao lado esquerdo, poderia ter comprometido diretamente a artéria – o que, muito provavelmente, tornaria impossível uma intervenção cirúrgica eficaz. A região acometida tornou-se extremamente sensível.

Na primeira cirurgia de emergência, realizada ainda em Juiz de Fora, foi necessária uma incisão abdominal extensa, com cerca de 30 centímetros. Essa cicatriz tem limitações em termos de resistência, especialmente frente a alguns esforços ou hábitos, como atividades de impacto – por exemplo, montar a cavalo ou andar de moto.

A alimentação também desempenha um papel fundamental na manutenção da saúde abdominal do ex-presidente. É essencial que os alimentos sejam cuidadosamente mastigados, o que favorece o peristaltismo intestinal – os movimentos involuntários que promovem o trânsito e a digestão do conteúdo no trato gastrointestinal – e, assim, contribui para a redução do risco de obstruções.

Com informações do O Globo

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