O basquete do Brasil vive um bom momento, com a seleção masculina adulta às vésperas de mais uma participação Olímpica. “Um sonho de criança, uma grande oportunidade de representar o Brasil”, disse Gui Santos, que esteve no plantel que colaborou com obtenção da vaga em Paris 2024, no início de julho, na Letônia.
O time está no grupo B do torneio dos Jogos e estreia no próximo dia 27 de julho (sábado), contra a equipe da casa, a França, medalhista de prata em Tóquio 2020. “Uma equipe de talento e rapidez, além de contar com o fator ‘casa’”, assume Vítor Benite, que disputou a Rio 2016, última participação Olímpica do país na modalidade.
Para fazer uma análise sobre o caminho que a seleção tomou até assegurar a quota para Paris, o Olympics.com conversou em coletiva de imprensa com cinco atletas do plantel que está em período de treinos em Zagreb (Croácia): Gui Santos, Georginho, Vitor Benite, Léo Meindl, Bruno Caboclo e o treinador, Aleksandar Petrovic.
Uma caminhada de altos e baixos, reflexões e impressões que os levaram ao palco Olímpico.
A TRAJETÓRIA DA EQUIPE DURANTE CICLO PARA OS JOGOS
A jornada da seleção brasileira masculina até os Paris foi longa. Logo, não foi fácil. Passou pelas eliminatórias ao Mundial de 2023, cuja classificação aconteceu após vitória sobre os Estados Unidos; passou pelo próprio Mundial, quando os brasileiros deram adeus ao torneio depois de serem derrotados por 20 pontos para a Letônia, mas com um lugar assegurado no Pré-Olímpico.
“A seleção envolve muitas coisas, há muitos contextos de cada atleta e da comissão técnica, estamos todos passando por uma transição. Um ponto positivo é que a equipe sempre se manteve lá em cima. Sentimos que estamos em um processo que tem nos levado à evolução e projeção”, afirma Léo Meindl.
Em abril de 2024, a dois meses e meio antes da última chance de assegurar vaga, mudança no comando da equipe deixou a torcida apreensiva. Aleksandar Petrovic assumiu para a sua segunda passagem pela seleção. Depois de treinos no Brasil e alguns cortes, grupo partiu para a Croácia em preparação para o Pré-Olímpico cuja disputa havia sido confirmada para a Letônia.
Seleção brasileira de basquete masculino no Pré-Olímpico Riga 2024. Foto: Hendrik Osula/FIBAFoto por Hendrik Osula/FIBA
TREINOS NA CROÁCIA E AMISTOSOS QUE SE MOSTRARAM FUNDAMENTAIS
Durante a estadia na Croácia, o time fez três amistosos. Derrotas diante da Eslovênia (86 a 80) e Croácia (91 a 81), e vitória sobre a Polônia (91 a 75).
“Foi uma preparação muito boa, teve um choque inicial para entrarmos no clima do Pré-Olímpico, um torneio bem curto. Foi ótimo para a gente ter uma noção do que íamos encontrar”, analisa Gui Santos. “Ajudou a acostumarmos com a tensão de definir no momento decisivo”, acrescenta Benite.
O período em terras croatas não só foram proveitosos pelos confrontos, mas também contribuiu para unir, resgatar o espírito e identidade ao elenco que embarcou para Riga, na Letônia, para a última chance: disputar o Pré-Olímpico e tentar a vaga em Paris.
TÍTULO NO PRÉ-OLÍMPICO CONSTRUÍDO JOGO A JOGO
Depois de uma estreia nervosa contra Montenegro, em que a vitória aconteceu apenas no fim, a seleção buscou empate mas caiu diante de Camarões na partida seguinte.
Classificado para a semifinal, o Brasil venceu as Filipinas em uma excelente partida de Marcelinho Huertas. Uma vitória cuja origem esteve no trabalho da defesa. “Uma vez conectadas [defesa e ataque], jogamos bem e fomos construindo isso”, relembra Aleksandar Petrovic.
Uma vez mais o ambiente do grupo foi lembrado como um importante fator para o sucesso que estava sendo feito lá na Letônia: “O grupo estava muito preparado”, destaca Benite. “A confiança aumentou muito ali. Confiança e autoestima estavam lá em cima e assim fomos para a final”, relembra Georginho.
A final contra a Letônia: o jogo impecável
Na decisão contra a dona da casa, a Letônia, em ginásio lotado – que a menos de um ano havia tirado o Brasil do Mundial -, a seleção fez um primeiro período inesquecível. Talvez o momento mais delicado naqueles primeiros 10 minutos tenha sido posto abaixo por Georginho. Estava 17 a 11 para o Brasil no placar, com os letões pressionando, quando o armador dá um step-back no marcador, que escorrega e cai, deixando tempo e espaço para o brasileiro acertar chute de três. “A gente fica meio afobado, mas tive paciência para arremessar. Depois eu vi no vídeo e foi bonito mesmo”, confessa. Estava aberta uma impressionante sequência que terminou em 34 a 11 em cesta desde a metade defensiva da quadra, por Bruno Caboclo.
“Peguei o rebote com uma mão, consegui ver o cronômetro, tentei o passe mas não consegui. Tentei cavar uma falta, mas o árbitro não deu. Só pude arremessar. Minha reação não foi outra ao ver a cesta e comemorar com uma enterrada… mas aí já estava todo o nosso pessoal na quadra. Foi um momento marcante e de muita felicidade”, descreve Caboclo.
“As coisas foram acontecendo e só nos davam ainda mais confiança”, ressalta Léo Meindl. “Os deuses do basquete pareciam estar ao nosso lado”, brinca Georginho.
O Brasil manteve o ritmo e não teve dificuldades para fechar o jogo em 94 a 69 e assegurar a vaga para Paris 2024. O basquete do Brasil estava de volta aos Jogos Olímpicos após oito anos.
“Só de estarmos nos Jogos já é algo muito grande. É complicado se classificar”, afirma Benite.
“Só sentimos que seria possível [a classificação] no fim do primeiro período. A certeza mesmo foi só no fim”, relembra Meindl. “A energia foi diferente, temos que repetir isso”, completa. “Durante os seis dias do Pré-Olímpico e só vi a vontade de cada jogador aumentar”, coloca Petrovic.
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AS EXPECTATIVAS PARA OS JOGOS OLÍMPICOS
De volta ao certame Olímpico depois de oito anos, o Brasil vai encarar a França, de Victor Wembanyama, no sábado (27 de julho). Depois, dia 30 de julho (terça-feira) enfrentará a Alemanha, campeã mundial. “Um time muito acertado taticamente”, analisa Benite. No dia 2 de agosto (sexta-feira), terminará a fase de grupos contra o Japão.
“França e Alemanha serão difíceis, mas vamos com uma forte defesa. Nosso foco será o Japão, que tem um jogo parecido com o das Filipinas. Vencendo os japoneses, o Brasil pode avançar para as quartas. O Brasil tem muito a mostrar nesses Jogos Olímpicos”, analisa o treinador, Aleksandar Petrovic, medalhista de bronze como atleta em LA84. “Sim, tive a experiência Olímpica. Mas como treinador, é outra história. Tive que esquecer o que vivi dentro de quadra para começar uma carreira do lado de fora dela”, completa.
Sem a ansiedade dos torneios anteriores e a euforia do Pré-Olímpico, esta é uma linha que vai de acordo com a colocação de Meindl ao fim da coletiva: “Das referências do passado tomamos como lição. Nos concentramos mesmo no presente.”
BASQUETE MASCULINO EM PARIS 2024: JOGOS DO BRASIL
A seleção brasileira masculina de basquete está no grupo B, ao lado da anfitriã França (atual vice-campeã Olímpica), mais Alemanha (atual campeã mundial) e Japão.
Veja abaixo a agenda dos jogos da equipe na primeira fase.
Horários de Brasília.
Brasil x França – 27 de julho (sábado) – 12:15
- Brasil x Alemanha – 30 de julho (terça-feira) – 16:00
- Brasil x Japão – 2 de agosto (sexta-feira) – 6:00
O torneio masculino de basquete – assim como o feminino – reúne 12 equipes, divididas em três grupos com quatro. As duas primeiras de cada, mais os dois melhores terceiros avançam às quartas de final, e sucessivamente até a grande final.
Jornada dos brasileiros até Paris não foi fácil
A jornada da seleção brasileira masculina até os Jogos de Paris foi longa. Logo, não foi fácil. Passou pelas eliminatórias ao Mundial de 2023, cuja classificação aconteceu após vitória sobre os Estados Unidos; passou pelo próprio Mundial, quando os brasileiros deram adeus ao torneio depois de serem derrotados por 20 pontos para a Letônia, mas com um lugar assegurado no Pré-Olímpico.
“A seleção envolve muitas coisas, há muitos contextos de cada atleta e da comissão técnica, estamos todos passando por uma transição. Um ponto positivo é que a equipe sempre se manteve lá em cima. Sentimos que estamos em um processo que tem nos levado à evolução e projeção”, afirma Léo Meindl.
Em abril de 2024, a dois meses e meio antes da última chance de assegurar vaga, mudança no comando da equipe deixou a torcida apreensiva. Aleksandar Petrovic assumiu para a sua segunda passagem pela seleção. Depois de treinos no Brasil e alguns cortes, grupo partiu para a Croácia em preparação para o Pré-Olímpico cuja disputa havia sido confirmada para a Letônia.
TREINOS NA CROÁCIA E AMISTOSOS QUE SE MOSTRARAM FUNDAMENTAIS
Durante a estadia na Croácia, o time fez três amistosos. Derrotas diante da Eslovênia (86 a 80) e Croácia (91 a 81), e vitória sobre a Polônia (91 a 75).
“Foi uma preparação muito boa, teve um choque inicial para entrarmos no clima do Pré-Olímpico, um torneio bem curto. Foi ótimo para a gente ter uma noção do que íamos encontrar”, analisa Gui Santos. “Ajudou a acostumarmos com a tensão de definir no momento decisivo”, acrescenta Benite.
O período em terras croatas não só foram proveitosos pelos confrontos, mas também contribuiu para unir, resgatar o espírito e identidade ao elenco que embarcou para Riga, na Letônia, para a última chance: disputar o Pré-Olímpico e tentar a vaga em Paris.
*com informações do portal olimpics.com